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Congelamento de reservas externas ameaça economia russa

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O congelamento de parte das reservas internacionais da Rússia acrescentou uma nova camada na guerra entre o país e a Ucrânia. Um conflito militar e político ganhou dimensões financeiras, ao criar os maiores obstáculos para o governo, os bancos e as empresas russas movimentarem recursos desde o fim da União Soviética, em 1991.

Anunciada no sábado (26), a medida congela os depósitos russos nos seguintes países e territórios: Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e Canadá. Segundo o jornal Financial Times, cerca de US$ 300 bilhões dos US$ 630 bilhões de reservas internacionais mantidas pela Rússia foram bloqueadas da noite para o dia. Nos anos recentes, medidas semelhantes foram aplicadas contra o Irã e a Venezuela, mas não na escala atual, com praticamente todas as economias avançadas proibindo a transação de ativos russos.

Além do congelamento das reservas, os países ocidentais estão excluindo bancos russos do sistema de pagamentos Swift, sistema de pagamentos entre instituições financeiras de mais de 200 países, coordenados pelos bancos centrais das dez maiores economias do mundo. Essa medida complica ainda mais o funcionamento do sistema financeiro russo, ao atrasar o pagamento de transações comerciais e financeiras.

No início da semana, a guerra financeira resvalou para a economia real. O rublo desvalorizou-se 20% na segunda-feira (28) e 10% hoje (1º) e atualmente vale menos que um centavo de dólar. O Banco Central russo aumentou os juros básicos de 9,5% para 20% ao ano e ordenou que os exportadores convertam em moeda doméstica 80% das moedas estrangeiras que receberam pelas vendas de mercadorias ao exterior. A bolsa de Moscou ainda não abriu nesta semana.

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Paralelamente, o governo russo decidiu aumentar as compras de ouro das reservas internacionais, para reduzir a dependência de divisas ocidentais. Nos últimos anos, o país diversificou as reservas externas, desfazendo-se de títulos norte-americanos, reduzindo a compra de dólares e de euros e investindo em metais preciosos e no yuan, a moeda da China. Atualmente, cerca de 25% das reservas internacionais russas estão em ouro armazenado dentro do país e 15% estão aplicados em moeda chinesa.

Impactos

A desvalorização abrupta da moeda provocou corrida aos bancos. A população russa quer sacar rublos para trocá-los por divisas mais fortes, como o dólar e o euro. As reservas internacionais não fazem parte do capital que os bancos são obrigados a manter imobilizados para garantir o saque dos clientes, mas indiretamente servem para dar sustentação ao sistema financeiro.

Os US$ 630 bilhões das reservas russas não estão em dinheiro vivo, nem estão armazenados em cofres subterrâneos, mas estão investidos em ativos líquidos, que podem ser trocados facilmente no mercado internacional. Muitas vezes, depositados em outros países.

No médio prazo, os bloqueios financeiros criam outras dificuldades para a economia real. As exportações russas são prejudicadas simplesmente porque os compradores não conseguem pagar pelas mercadorias, com o sistema Swift bloqueado. Além disso, a desvalorização cambial provocada pelo congelamento das reservas aumenta a inflação dentro da Rússia, prejudicando a população, principalmente a mais pobre.

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Alternativas

Em tese, a Rússia poderá contornar parcialmente as novas restrições, mas isso exige tempo. Em relação ao sistema Swift, a Rússia dispõe de um sistema próprio de pagamentos internacionais e pode usar bancos não afetados pelo bloqueio. De qualquer forma, as transações comerciais com o resto do mundo serão pagas mais lentamente.

O país também pode fechar acordos para que as compras e vendas de mercadorias não tenham de ser pagas em dólares ou em euros, mas nas moedas dos próprios países. No caso em que o Brasil compra uma mercadoria russa, esta poderia ser paga em reais e convertida para rublos dentro de uma câmara própria de compensação. Isso, no entanto, depende de acordos comerciais a serem fechados entre os países, o que é improvável num momento de guerra.

Em relação às dificuldades em movimentar as reservas internacionais, a Rússia poderia contar com a ajuda da China. O país asiático hoje detém a maior reserva do planeta, no total de US$ 3,4 trilhões. O problema, no entanto, será a progressiva dependência da economia da Rússia em relação ao vizinho asiático e a posição do governo chinês diante do conflito. Hoje, o Ministério das Relações Exteriores ucraniano anunciou que o governo chinês pôs-se à disposição em mediar as negociações entre os dois países do leste europeu.

Edição: Valéria Aguiar

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GERAL

Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.

A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.

O que é essa tarifa e como funciona?

A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.

Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.

Exemplo simples: 

Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:

  • Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.

  • Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.

  • Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.

  • Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.

  • Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.

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Como isso afeta o Brasil?

A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:

  • Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.

  • Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.

  • Perda de mercado para concorrentes de outros países.

  • Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).

  • Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.

 

Quais produtos serão mais afetados?

A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:

  • Carnes bovina, suína e de frango

  • Café

  • Suco de laranja

  • Soja e derivados

  • Minério de ferro e aço

  • Aeronaves e peças da Embraer

  • Cosméticos e produtos farmacêuticos

  • Celulose, madeira e papel

Brasil pode retaliar?

O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.

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E o consumidor brasileiro, será afetado?

Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.

O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).

A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.

O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.

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