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Ouro Preto ganha Museu Boulieu com acervo do barroco internacional
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Quem visitar Ouro Preto, a partir de agora, vai encontrar na entrada da cidade mineira o novo Museu Boulieu, que ocupa as instalações do antigo Asilo São Vicente de Paulo e acolhe a coleção do casal que dá nome à instituição.

A recuperação do imóvel levou quatro anos para ser concluída, em função da pandemia de covid-19, e foi realizada pelo Instituto Pedra, organização da sociedade civil sem fins lucrativos que desenvolve ações na área do patrimônio cultural.
O patrocínio foi do Instituto Cultural Vale, que investiu no projeto cerca de R$ 8 milhões por meio da Lei de Incentivo à Cultura, conhecida como Lei Rouanet. O novo equipamento será inaugurado hoje (13) e ficará aberto ao público a partir de amanhã (14), às 10h.
O diretor-presidente do Instituto Pedra, Luiz Fernando Almeida (Nando), informou que além da restauração, coube à instituição realizar a museografia, estudo das peças e montagem do projeto expográfico, entre outras ações. “Foi um projeto integral”.
A edificação tem área de quase 400m² para exposição no pavimento superior, compreendendo seis salas. No térreo, abriga saguão de entrada, bilheteria, café/loja, sala multiuso, sala do Educativo, espaços administrativos e reserva técnica.
A coleção, doada pelo casal Jacques e Maria Helena Boulieu, reúne, em sua maioria, obras de origem asiática e latino-americana, com destaque para o período barroco. “Principalmente o que a gente pode chamar de diáspora do barroco ibérico para a Ásia e para a América Latina. É um museu raro no Brasil, porque o acervo dele é mais internacional do que brasileiro. É importante, porque está em Ouro Preto e contextualiza o que a gente tem como fenômeno universal”, afirmou Nando Almeida.
Dinâmica
O curador da exposição foi Angelo Oswaldo, antes de se tornar prefeito de Ouro Preto. Estarão em exibição 1.050 peças do total de 2.500 da Coleção Boulieu. As peças restantes vão possibilitar exposições temporárias e uma dinâmica do próprio acervo. “Você vai substituindo as peças em exposição. É essa a ideia. Há sempre um atrativo novo para o público”, disse ele.
O museu é gerido pelo Instituto Boulieu, criado com essa finalidade em 2008, sob o nome de Instituto Cultural Brasileiro do Divino Espírito Santo (ICBDES).
No saguão, o visitante conhece a história do casal Boulieu e a origem da coleção. No piso superior, ele é recebido, na entrada, por poemas de Fernando Pessoa e Luiz de Camões, na voz da cantora Maria Bethânia.
O diretor-presidente do Instituto Pedra disse que uma narrativa leva o público a uma viagem pelo novo caminho para as Índias, pelo Oriente, e depois chega à América e ao Brasil. “Chega à alma das pessoas e encontra civilizações que interagem com o barroco europeu, criando outra coisa”. Ali, com novos materiais e nova iconografia, o mundo ocidental se encontra e dialoga culturalmente com as tradições milenares locais. “As grandes navegações europeias contribuíram para propagar a fé e os impérios”, destacou.
Para Nando Almeida, o mais interessante que o Museu Boulieu oferece ao público é essa narrativa do olhar para fora do Brasil, para entender o processo todo como algo que ocorreu no mundo. “Essa é uma dimensão. Outra é que havia civilizações e que isso gerou uma coisa nova. O barroco brasileiro, por exemplo, não é igual ao barroco português. O barroco do altiplano andino não tem nada a ver com o barroco espanhol. Ele tem dimensão própria, que se deu exatamente a partir do encontro de várias culturas”.
Segundo Almeida, o sincretismo religioso, sob o ponto de vista dogmático, também ocorreu no campo da representação das artes. “O museu está mostrando muito essas continuidades. Determinados elementos indianos estão na tipologia imaginária cristã da Ásia, determinados elementos incas estão na tipologia da pintura andina. Tudo isso permite que a gente tenha uma leitura mais complexa desse processo de extensão dos impérios e da fé dos europeus”.
Exposição
Fazem parte também da exposição duas obras cedidas temporariamente pela Coleção Ivani e Jorge Yunes, inaugurando o Programa Acervos em Diálogo. Ao percorrer as salas, é possível conhecer alguns dos desdobramentos do barroco pelo trajeto histórico poético proposto pelo curador: A fé e o império conquistam o mar; O mundo encantado das Índias; Americanos de Norte a Sul sob o sinal da cruz; O brilho dos metais e a luz da religião; A América hispânica e o esplendor do culto; Os engenhos da arte no Brasil açucareiro; A palma barroca na mão do povo; O eldorado no coração da grande floresta; Esfera da opulência e teatro da religião.
Completa a programação de abertura do novo espaço a mostra temporária Aleijadinho – fotografias de Horacio Coppola, feita em parceria com o Instituto Moreira Salles. O conjunto de fotografias retrata as obras do escultor brasileiro Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, a partir da viagem feita por Coppola a Minas Gerais, em 1945.
Coleção
Ao longo de mais de 50 anos, o casal de colecionadores Jacques e Maria Helena Boulieu acumulou cerca de 2.500 peças, sendo a maior parte de arte sacra. Parte da coleção foi doada, em 2011, à Arquidiocese de Mariana, atual donatária e proprietária do acervo. Segundo a Escritura Pública de Doação, “os bens doados são fora de comércio e devem ser permanentemente expostos no Museu Boulieu”.
Em 2021, o casal entregou mais um lote de peças, desta vez ao Instituto Boulieu. Nesse novo lote foram doadas, além de esculturas e pinturas de temática religiosa, peças utilitárias, como mobiliário, utensílios domésticos de prataria inglesa e latino-americana, vasos de cerâmica, tecidos andinos, gravuras e fragmentos de entalhes. Há também um pequeno conjunto de peças arqueológicas pré-colombianas.
Tendo vivido boa parte da vida entre o Brasil e a França, o casal decidiu doar a coleção para a criação do museu em Ouro Preto, devido ao apreço pela cidade, além da intenção de deixar o legado como parte do patrimônio local que, com o acervo, ganhará visão internacional do barroco.
Serviço
O Museu Boulieu fica na Rua Padre Rolim, 412. A instituição vai funcionar às segundas, quintas e sextas-feiras e aos sábados e domingos, das 10h às 18h, com entrada a preços populares de R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Às terças-feiras, o museu não abre e, às quartas, a entrada é gratuita das 13h às 22h.
Visitas monitoradas podem ser agendadas pelo e-mail educativo@museuboulieu.org.br. Maiores informações podem ser obtidas no site do museu.
Edição: Graça Adjuto
BRASIL
Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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