BRASIL
Exposição promove diálogo entre Clarice Lispector e artistas plásticas
BRASIL
O Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro (IMS Rio) inaugura hoje (21) a exposição Constelação Clarice, que promove um diálogo entre a produção literária de Clarice Lispector e obras de 26 artistas plásticas que atuaram entre as décadas de 1940 e 1970 e foram contemporâneas da escritora.
Nascida na Ucrânia em 1920, Clarice viveu no Brasil até sua morte, em 1977. Com entrada gratuita, a mostra já passou pelo IMS de São Paulo e tem curadoria do poeta Eucanaã Ferraz, consultor de literatura do IMS, e da escritora e crítica de arte Veronica Stigger. O IMS Rio fica na Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea, zona sul.
A exposição reúne cerca de 300 itens, incluindo manuscritos, fotografias, cartas, discos e matérias de imprensa, entre outros documentos do acervo pessoal da autora. No conjunto, há trabalhos de Maria Martins, Mira Schendel, Fayga Ostrower, Lygia Clark, Letícia Parente, Djanira e Celeida Tostes, entre outras. O público poderá conhecer 18 pinturas de autoria da própria escritora, produzidas entre 1975 e 1976, sem pretensão profissional. Nos quadros, é possível identificar recorrências, como o tratamento gestual e a predileção pela circularidade, um traço definido como pertencente ao sexo feminino.
Eucanaã Ferraz deixou claro que não se trata de uma exposição sobre a biografia de Clarice, mas que passa por dentro da obra da escritora e sobre os temas de seus livros, com ênfase em suas crônicas, embora ela própria não se considerasse uma cronista.
Nome fundamental da literatura brasileira, a autora nutria grande interesse pelas artes visuais, expresso tanto em sua incursão pela pintura, na década de 1970, quanto pela presença de personagens artistas em seus livros.
Diante dessa proximidade, os curadores procuraram identificar quais conexões seriam possíveis de ser estabelecidas entre a produção textual de Clarice e as obras de mulheres que marcaram a história da arte brasileira no mesmo período para revelar como seus modos de criação estão relacionados.
Constelação
Com esse objetivo, a curadoria adotou o conceito de constelação, que está presente tanto no título, como na expografia da mostra. Os trabalhos são apresentados em 11 núcleos, mesclando vários suportes, como escultura, pintura, desenho, fotografia e vídeo. As obras das artistas estão sempre em diálogo com trechos de textos de Clarice, formando uma teia de novos significados, como indicam os curadores Ferraz e Stigger: “Por meio da aproximação propiciada por Clarice, ganha lugar uma compreensão renovada e mais complexa daquele momento da arte brasileira. Por outro lado, a partir dessa constelação entre os trabalhos plásticos e a escrita, também a literatura de Clarice aparece sob nova óptica”, explicam.
A exposição ficará em cartaz até 9 de outubro. Não é preciso agendamento prévio. As visitas podem ser realizadas de terça a sexta-feira, das 12h às 18h. Aos sábados, domingos e feriados (exceto às segundas), o funcionamento se estende das 10h às 18h. É recomendado o uso de máscara no interior do centro cultural.
O acervo de Clarice Lispector está sob a guarda do IMS desde 2004, sendo formado por uma biblioteca com cerca de mil itens, entre livros e periódicos, e um arquivo com documentos, entre os quais manuscritos com versões inacabadas dos romances A hora da estrela e Um sopro de vida, correspondências, fotos e um caderno de notas, entre outros itens. Também fazem parte do acervo do IMS diversos títulos da autora traduzidos em mais de dez idiomas.
Destaques
Um destaque é a seção “Tudo no mundo começou com um sim”, utilizando frase do romance A hora da estrela (1977) e abordando o tema da origem, que é recorrente na obra da autora, traduzido por imagens como a do ovo e da caverna. Nesse núcleo, há obras de Maria Polo, Anna Maria Maiolino, Celeida Tostes e Wega Nery, por exemplo.
Já o núcleo “Eu não cabia” investiga o cenário da casa. Os curadores lembram que, em muitos romances de Clarice, a banalidade do ambiente doméstico é interrompida por momentos de estranhamento e desconcerto.
“Esse questionamento do espaço do lar, transitando entre a segurança e o sufocamento, aparece também em obras como Caixa de fósforos, de Lygia Clark, no vídeo Eu armário de mim, de Letícia Parente, ou ainda nas pinturas coloridas de Wanda Pimentel e Eleonore Koch, que apresentam uma casa estranhamente vazia, por vezes vista pelas frestas”.
Em outra seção, denominada “Adoração pelo que existe”, o destaque é a natureza, em especial, os animais e vegetais encontrados na obra da autora. Galinhas, cachorros, baratas, árvores e flores aparecem com frequência nos textos de Clarice. As formas e enigmas dos seres vivos são investigados ainda nas esculturas Pegada de onça brava, de Amelia Toledo, e Flores e troncos, de Wilma Martins, entre outras.
Mística
Outra característica central da produção de Clarice é a mística. Seus textos fazem referência a elementos das culturas judaica e cristã e também à astrologia e prática da cartomancia. Nesse núcleo, intitulado “A vida é sobrenatural”, destacam-se a escultura em bronze Anunciação, de Maria Martins, e um áudio da escritora Hilda Hilst, no qual, em sua residência na Casa do Sol, ela tenta estabelecer contato com o espírito de Clarice.
A última seção aborda o tema do inacabado. Os curadores observam que, na produção de Clarice, “os questionamentos em relação ao começo da vida, do mundo e da escrita confundem-se com a permanente dúvida em relação ao momento em que as coisas se acabam: a conclusão dos textos ou o fim da própria vida”. Obras como a xilogravura Retorno, de Wilma Martins, e os registros da ação Caminhando, de Lygia Clark, foram incluídos nesse núcleo.
A mostra traz também um núcleo documental, que reúne itens que pertenceram à escritora, como cartas, máquinas de escrever e fotografias dos álbuns de família. Destacam-se os quadros de sua coleção, entre os quais, o famoso retrato da autora assinado pelo artista Giorgio de Chirico, e as primeiras edições de seus livros, além da entrevista concedida por Clarice à TV Cultura, meses antes de sua morte, em 1977. A maioria dos itens exibidos provém dos arquivos do IMS e da Fundação Casa de Rui Barbosa e, também, da coleção pessoal de seu filho, Paulo Gurgel Valente.
Um catálogo, com textos críticos de especialistas na obra de Clarice, como Alexandre Nodari, Carlos Mendes de Sousa, Evandro Nascimento, João Camillo Penna, José Miguel Wisnik, Nádia Battella Gotlib, Paulo Gurgel Valente, Yudith Rosenbaum e Vilma Arêas, estará à venda na loja do IMS e na loja online. Em 2020, o IMS lançou um site bilíngue sobre a escritora.
Edição: Kleber Sampaio


BRASIL
Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
-
AGRONEGÓCIO4 dias atrás
Contagem regressiva para a “noite das patroas” na 57ª Expoagro de Cuiabá: Ana Castela e Maiara & Maraísa prometem show inesquecível
-
MATO GROSSO4 dias atrás
Visitantes e trabalhadores da Expoagro contarão com estrutura de atendimento médico avançada do Hospital H.Bento
-
MATO GROSSO4 dias atrás
DIA MUNDIAL DA PELE: SUA PELE FALA, E MERECE SER OUVIDA
-
MATO GROSSO4 dias atrás
Fórum Agro MT solicita suspensão do sistema CAR 2.0
-
MATO GROSSO3 dias atrás
Inteligência Artificial avança entre os pequenos negócios em MT, mas ainda enfrenta barreiras
-
MATO GROSSO2 dias atrás
Essence Urbanismo apresenta o empreendimento Bella Vita durante a 57ª Expoagro, em Cuiabá
-
EDUCAÇÃO1 dia atrás
Literatura para crianças ganha novos voos com Cintia Barreto: escola, arte e representatividade negra
-
MATO GROSSO1 dia atrás
Conselheiros do Conceel-EMT recebem capacitação sobre a nova Tarifa Social de energia elétrica