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Rocinha ganha centro de coleta seletiva com metodologia inovadora

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A comunidade da Rocinha, na zona sul do Rio, considerada uma das maiores da América Latina, inaugura hoje (8), às 10h, o centro de coleta seletiva Rocinha Recicla, que vai usar metodologia internacional inovadora para garantir a despoluição ambiental na região. A principal meta do novo centro é a coleta de plástico flutuante, impedindo o material de acabar no mar de São Conrado, poluindo o oceano. O centro vai funcionar no Complexo Esportivo da Rocinha.

O presidente da Associação de Recicladores do Estado do Rio (Arerj), Edson Freitas, comemorou o objetivo do novo centro de coleta, que é a geração de trabalho e renda “para milhares de pessoas”. Segundo Freitas, com a pandemia do novo coronavírus e o desemprego, muitas pessoas passaram a coletar esse tipo de material. De 2017 a 2019, eram mais de 300 mil pessoas catando materiais na rua, no Rio. “Com a pandemia, passou de 650 mil. As pessoas viram na coleta uma alternativa de gerar renda. Para muitas, a coleta deu o único alimento do dia. Por isso, a importância da reciclagem para milhares de pessoas”.

O presidente da Arerj não trata materiais recicláveis como lixo. “Eu trato de matéria-prima”. E vai mais longe: “Eu trato isso como se fosse dólar. E dólar eu não jogo fora porque tem valor”.Ele explicou que da mesma forma que a pessoa procura uma casa de câmbio para trocar por reais, “você pode pegar qualquer material reciclável e, na casa de câmbio da reciclagem, que é essa agência de coleta seletiva, trocar pelos mesmos reais que troca o dólar. Só que tem um diferencial nessa atitude inicial. Ela vai gerar mais trabalho, mais renda e vai preservar o meio ambiente. O dólar, que é a nossa matéria-prima, vaie mais que o dólar norte-americano, porque cuida do planeta e de milhares de pessoas. Porque para cada tonelada de plástico reciclado, são gerados dez empregos”.

A Arerj cuida da cadeia produtiva da reciclagem. Edson Freitas começou sua história como catador não pela questão ambiental, mas por necessidade. “Ninguém estuda para ser catador. Eu consegui sanear a minha necessidade catando material na rua. O mesmo acontece hoje com 650 mil pessoas”. Diante do elevado desemprego no país, Freitas destacou a necessidade de investir mais na atividade. Lembrou que também hoje (8), a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) vota a Lei 5.923 que visa a reconhecer a atividade do catador no estado.

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Bônus

Para cada quilo de material coletado, o catador receberá um bônus para promover a sustentabilidade, e esse bônus será acrescido ao seu ganho normal. A gerente de Marketing da empresa canadense Plastic Bank, que trouxe a metodologia para o Brasil, Nancy Geringer, informou que a companhia é pioneira na utilização da tecnologia blockchain para rastrear toda a cadeia de reciclagem. As trocas são registradas por meio de plataforma protegida por blockchain, que permite que a coleta seja rastreável, garante a receita e verifica os relatórios. “Quando o coletor entrega o material no ponto de coleta, até o momento em que o material vai para o processador, para ser reinserido na cadeia de produção global, é rastreado pela tecnologia blockchain, disse Nancy.

Ela explicou que a empresa bonifica os coletores acima do valor de mercado, para que cada quilo de material obtido incentive a coleta do plástico. “Para eles enxergarem valor também nesse resíduo”. O bônus tem valor de R$ 0,35 por quilo de material, o que representa pelo menos 40% do valor angariado com a coleta. “É ao menos 40% de aumento na renda”. A iniciativa tem patrocínio da SC Johnson. Na etapa inicial do Rocinha Recicla, a meta é retirar cerca de 30 toneladas por mês de plástico na área, “pelo potencial de resíduo que é descartado irregularmente na comunidade”.

A diretora da Plastic Bank Brasil, Helena Pavese, destacou a oportunidade de trabalhar na Rocinha, considerando o simbolismo associado à poluição de plásticos na região. “Imagens da onda de plástico chegando à Praia de São Conrado, após tempestades no Rio de Janeiro, são comuns e, ano após ano, reforçam a questão do descarte incorreto do resíduo na região. Isso torna essencial nossa atuação nesse local”. Helena acredita que a reciclagem na comunidade vai gerar impacto ambiental positivo e aumentará a renda dos coletores.

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Balanço

Para voltar ao setor produtivo, o material coletado é encaminhado aos processadores parceiros, a fim de retornar como plástico social, para reutilização em produtos e embalagens.

A Plastick Bank chegou ao Brasil no fim de 2019, em 2020 promoveu o alinhamento da estrutura do ecossistema e agora inaugura o sexto centro de coleta de materiais no Rio. “O ecossistema principal é no Rio”. A companhia já tem pontos de coleta em Bertioga e São Vicente, em São Paulo, e em Vila Velha, no Espírito Santo. Nancy Geringer afirmou que a Plastic Bank parte do princípio de que é preciso bloquear o plástico antes que ele chegue ao oceano. Por isso, a empresa atua em áreas costeiras, até 50 quilômetros de mar, valões, bacias, para conseguir retirar o plástico antes que ele atinja os efluentes e vá parar no oceano. No caso da Rocinha, reafirmou que o objetivo é estratégico – impedir a ida de resíduos para as águas de São Conrado.

Com essa tecnologia, a empresa já recolheu 137 milhões de garrafas plásticas no Brasil, com mais de 4 mil coletores cadastrados em comunidades. A companhia foi fundada em 2013 no Canadá e atua, além do Brasil, na Indonésia, nas Filipinas, no Egito, na Tailândia e em Camarões. Em todo o mundo, a Plastic Bank evitou que mais de 2,5 bilhões de garrafas Pet, ou o equivalente a 50 milhões de quilos de plástico, chegassem aos oceanos.

Edição: Graça Adjuto

Fonte: EBC Geral

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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas

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A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.

Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.

Críticas e denúncias

No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.

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“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.

A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.

Impacto na cidade

Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.

Custos e processo de construção

O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.

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Notas da Prefeitura

Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.

A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.

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