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Laboratório desenvolve projetos para monitorar mudança climática em PE
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As chuvas que atingiram Recife e São Paulo este ano tem colocado a vida de milhares de pessoas que vivem em áreas vulneráveis ainda mais em risco e acendido o alerta da sociedade em busca de soluções possíveis. Com isso, a Casa Criatura, de Olinda (PE) e o Instituto Procomum, de Santos (SP), organizações de inovação social, se uniram para conectar pessoas, com diferentes saberes e experiências, para colaborarem e criarem soluções para os desafios climáticos locais, por meio do projeto Lab Tempestade.
O Lab Tempestade Olinda é um laboratório de inovação cidadã que visa prototipar soluções pautadas na temática das mudanças climáticas. No local, pessoas de diferentes áreas e contextos sociais trabalham no desenvolvimento de soluções climáticas criativas, uma oportunidade para discutirem sobre os desafios enfrentados com a mudança climática e colaborarem para um futuro mais sustentável em Pernambuco. O projeto tem apoio da rede internacional Global Innovation Gathering e conta com o apoio da fundação alemã Nord-Süd-Brücken e do Ministério para Cooperação e Desenvolvimento da Alemanha.
Cada participante recebe uma bolsa de R$ 400 e ajuda de custo para transporte e alimentação em todas as atividades presenciais. As equipes têm acompanhamento técnico e apoio financeiro para compra de materiais, visando o desenvolvimento de seus protótipos. A participação no laboratório acontece em três encontros presenciais na Casa Criatura, localizada no sítio histórico de Olinda.
Os encontros para imersão e prototipação já aconteceram no final de semana passado. “Esse projeto tem como meta desenvolver cinco protótipos, então não são produtos finais, são protótipos de uma ideia, de um método e de um processo que possa ser desenvolvido numa escala menor, de forma a atestar a ideia para ver se tem efetividade, se pode ser implementada, se é exequível”, explicou a coordenadora do Lab Tempestade em Olinda, Rayane Aguiar, consultora e pesquisadora que trabalho com análise de políticas públicas e construção de metodologias para investigação e construção de soluções para desafios socioambientais complexos.
“Ao final dessas três semanas de mentoria, os participantes vão apresentar esses protótipos. Temos a expectativa de renovar esse investimento que foi feito pela instituição financiadora para que a gente dê continuidade ao Lab Tempestade e implementar algumas ou até todas essas ideias que estão sendo desenvolvidas”, completou Rayane.
Os resultados e processo criativo do Lab Tempestade serão apresentados em um encontro de encerramento no dia 6 de maio. O processo criativo não é competitivo e todos os participantes terão a oportunidade de contribuir com os resultados gerados para enfrentar os desafios climáticos em nível local e servir de exemplo para outras localidades com ideias e saberes vindos da comunidade.
Grupos
Os grupos focais se encontraram nos dias 14 e 15 de abril para desenvolverem os projetos. Durante os encontros, os participantes trabalharam no desenvolvimento de soluções inovadoras para os desafios climáticos locais.
O gestor de projetos Renato Zerbinato, de 46 anos, é um dos participantes do Grupo 4: Observatório Tempestade, em que participam também Havana Andrade, Tulio Seabra, Estevão Souza, Cleo Nascimento e Flacinete Duarte. Ele explica qual o foco do grupo. “A ativação de um observatório ambiental em Pernambuco, iniciando por Olinda, Recife e Região Metropolitana de Recife vai nos ajudar a mapear pontos críticos para o meio ambiente em diversas regiões, assim como divulgar boas práticas no enfrentamento à crise climática e ao racismo ambiental [termo utilizado para se referir ao processo de discriminação que populações periferizadas ou compostas de minorias étnicas sofrem através da degradação ambiental]”.
Renato afirma que os mapeamentos, pesquisas e demais ações oferecidas pelo observatório poderão subsidiar diversas instituições ambientalistas na facilitação de parte de seus objetivos.
Dispositivo de proteção
A estudante de Serviço Social e ativista socioambiental Dálethe Melissa, de 20 anos, que faz parte do Grupo 2: Dispositivo para proteger bens materiais durante enchentes, conta que a ideia do grupo, composto ainda pelo Rafael Rangel, Ciro Silva, Dyego Digiandomenico, Julia Santana, Ture e Vera Maria, consiste na criação de um dispositivo impermeável para proteger bens em áreas de inundação.
“Alguns dos principais efeitos da crise climática é a maior frequência dos alagamentos e cheias em comunidades vulneráveis, resultando na insegurança de vidas e na perda de bens. Sendo assim, a proposta surge a partir da necessidade de garantir a dignidade das pessoas a partir da minimização das perdas materiais, que foram conquistadas através de muito esforço por parte das famílias afetadas”.
A ativista, que ainda é gestora de Comunicação do Fórum Popular do Rio Tejipió, completa que o objetivo é que o dispositivo seja prático e aplicável em diferentes escalas de tamanho, possibilitando que as pessoas possam salvar os seus bens e saírem com segurança o mais rápido possível de suas casas. “Somado a isso, a meta é que ele seja de baixo custo, oportunizando que as famílias possam confeccionar futuramente, transformando suas casas mais resilientes às inundações”.
Cuidado
A pedagoga Débora Paixão, de 25 anos, está no Grupo 3: Clima de Cuidado, com os colegas Gabi Feitosa, João Paulo Oliveira, Nathália Araújo e Rayana Burgos. O foco do grupo é acolher e proporcionar um momento de cuidado para as pessoas ativistas que estão à frente das soluções climáticas no dia a dia, e que por falta de recursos e acessos, não conseguem cuidar de si.
“Entendemos que, as soluções são feitas por pessoas que estão diretamente nos territórios, e que por muitas vezes, por olhar tanto para os outros e para as problemáticas, esquecem de cuidar de si próprio”, explicou Débora.
O objetivo, completa a pedagoga, é oferecer cuidado para aqueles que estão na linha de frente do combate da mudança do clima. “E fortalecer o senso de comunidade através da cultura do bem viver e encorajar os ativistas a continuarem na luta, para que possamos, além de cuidar do clima, atuar nas soluções diárias das problemáticas que enfrentamos em diversos territórios, e assim propor que as pessoas ativistas através desta vivência, possam se sentir acolhidas e cuidadas”.
Comunicação
Educadora e cientista social, Joice Paixão, de 38 anos, está no Grupo 5: Plano de Comunicação, Adaptação e Mitigação das Chuvas na Região Metropolitana do Recife, que conta ainda com a participação de Joyce Arai, Maria Clara Araújo, Esdras Silva, Winston Spencer e Vitoria Passos. No plano, Joice explica, tem ações informativas, treinamentos até a preparação de brigadas para atuar em casos de incêndios ou de desastres.
“Dentro dessas brigadas teremos a brigada de saúde física, de saúde mental, de cuidado com as crianças, de gestão de crise, de logística – que é responsável receber as doações, triagem e fazer a entrega – e brigada de social media”.
Segundo a educadora, o grupo está realizando um mapeamento georreferenciado na comunidade junto com o departamento de geografia da Universidade Federal de Pernambuco. “É um mapeamento dos locais mais afetados na enchente do ano passado, para criar não só um perfil socioeconômico, mas também um perfil estrutural das famílias atingidas.”
O objetivo, ela completa, é ‘salvar vidas’. “Nosso objetivo com esse plano é fazer com que o máximo de pessoas estejam preparadas fisicamente, estruturalmente, emocionalmente para lidar com as fortes chuvas em Recife e com a possibilidade de alagamentos, enchentes ou deslizamento de barreiras”.
Casa Guardiã
A realizadora audiovisual Carol Canuto, de 26 anos, participante do Grupo 1: Casa Guardiã, em que faz partes ainda os integrantes Kadu Tapuya, Raama Santana, Daniel Guedes, Gil Acauã e Jhenifer , contou que o projeto do grupo aborda os desafios climáticos sob dois eixos: “primeiramente, visa propor uma reparação direta, a curto prazo para a má alimentação consequente do racismo ambiental, com a utlização de uma farmácia com ervas, cura espiritual e ancestral e uma horta. E no segundo tempo, o projeto atua a longo prazo, com os desafios climáticos, por incorporar uma construção de uma arquitetura sustentável, que poderá ser um exemplo ou inspiração para futuras construções na Comunidade do Coque [em Recife], onde será implantada”.
Carol, que também é pesquisadora de práticas de rezas e curas ancestral e articuladora social, o objetivo do grupo é fazer um espaço de conservação de manutenção de saberes ancestrais, “para sensibilizar a comunidade, crianças e adolescentes a aprender com esses saberes locais de mulheres, já que elas são, em maioria, indígenas que compartilham suas ideias e sua ancestralidade”.
Fonte: EBC GERAL


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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