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CineOP homenageia Tony Tornado e destaca “música preta” em filmes
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A Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP) homenageou em sua abertura o ator e músico Tony Tornado. A cerimônia ocorreu na noite desta quinta-feira (22) na Praça Tiradentes, no centro da cidade histórica mineira. Após chamar atenção para a produção cinematográfica indígena no ano passado, o evento traz entre os destaques dessa edição um olhar para a presença da black music brasileira no audiovisual.
“Cinema é minha paixão. Não sei contar quantos filmes eu fiz. Sei que fiz muitos filmes interessantes e alguns mais ou menos. Também fiz alguns muito horríveis”, disse proporcionando risadas entre os presentes. Ele citou Quilombo e Pixote como trabalhos que o deixa orgulhoso. “Viva o cinema nacional! Que honra, que honra”, completou após receber o Troféu Vila Rica.
“Eu sou ruim de discurso por falta de costume. Não sou muito homenageado, então fico meio sem jeito”, disse emocionado, acompanhado do filho Lincoln Tornado. Entre os destaques da mostra, está a exibição Quilombo, clássico dirigido por Cacá Diegues e lançado em 1984. O filme traz Tony Tornado interpretando a figura histórica de Ganga Zumba, líder de Palmares.
Aos 93 anos, Tony Tornado é um dos rostos negros mais conhecidos da televisão e do cinema brasileiro. Paulista de Presidente Prudente (SP), ele é considerado o mais longevo ator em atividade no país, estando atualmente no ar na novela Amor Perfeito, da Rede Globo. Ele celebra a presença de bons atores negros envolvidos em novas produções. “São pessoas que vão fazer um trabalho muito bom e vão garantir essa representatividade. Porque são bons atores. E eles têm as chances que não tive”.
Tony Tornado estabeleceu-se também, a partir dos anos 1960, como um dos precursores do movimento da black music brasileira, inspirada na luta pelos direitos civis. “Sou um negro em movimento. Eu peguei esse nome por isso. Eu era igual um tornado, eu dançava igual um tornado, eu agia igual um tornado”. Segundo ele, sua principal referência na música foi o norte-americano James Brown. O homenageado também fará um show para os presentes em Ouro Preto na noite desta sexta-feira (23).
Em sua 18ª edição, a CineOP possui uma intensa programação, totalmente gratuita, até segunda-feira (26). Serão exibidos ao todo 125 filmes (30 longas-metragens, nove médias e 86 curtas), produzidos em 14 estados brasileiros e em outros quatro países (Argentina, Colômbia, Equador e Estados Unidos). Também são realizados debates, rodas de conversas, oficinas, apresentações musicais, atrações infantis e outras atividades.
Referência no calendário cinematográfico nacional, a CineOP é organizada pela Universo Produção, que também responde pela tradicional Mostra de Cinema de Tiradentes. O evento surgiu em 2006 com o intuito de suprir uma demanda do setor audiovisual por um festival estruturado em três eixos: patrimônio, educação e história. Para cada um deles, há uma vasta programação que mobiliza cineastas, pesquisadores, restauradores, professores, críticos, estudantes e cinéfilos em geral. A temática da edição deste ano é Memória e Criação para Futuro.
Música Preta
O eixo História preparou uma programação com base no subtema Imagens da MPB (Música Preta no Brasil), com o objetivo de dar destaque à presença da black music brasileira na trilha sonora de produções audiovisuais. A escolha integra o contexto do tributo à Tony Tornado e permeia não apenas a seleção de filmes como também os debates e demais atividades.
O pontapé inicial dessa programação ocorreu já na cerimônia de abertura, que foi sucedida da exibição do documentário Baile Soul, dirigido por Cavi Borges, que trata dos bailes black cariocas entre o fim dos anos 1960 e o fim dos anos 1970. Houve ainda uma performance com os artistas Lira Ribas, Maurício Tizumba, Silvia Gomes e DJ Black Josie, entre outros. A apresentação incluiu músicas escolhidas em sintonia com o subtema do eixo História.
Ao longo do evento, o público pode acompanhar com sessões cinematográficas que transitam dos clássicos como Rio Zona Norte, dirigido por Nelson Pereira dos Santos e lançado em 1957, até títulos contemporâneos como Lupicínio Rodrigues: Confissões de um Sofredor (2022), Paulinho da Viola: Meu Tempo é Hoje (2003) e Simonal: Ninguém Sabe o Duro que Dei (2008). Também integra a programação a comédia Uma Nêga Chamada Tereza, lançado em 1973 sob direção de Fernando Coni Campos e protagonizado por Jorge Ben Jor, filme que teve pouco sucesso na época em que foi lançado.
Em nota divulgada pela CineOP, o curador Cleber Eduardo avalia que a música preta sempre esteve presente no ambiente cultural brasileiro e propõe uma reflexão sobre o caminho que ela percorreu desde o século passado até o momento, desenvolvendo-se em um ambiente com proeminência de artistas brancos, desde os astros de rádio e da chanchada. Ele observa ainda que há trilhas sonoras gravadas por brancos a partir de composições de autores negros.
“Historicamente, a relação da música preta em ficções e documentários teve uma presença tímida no cinema brasileiro e só se ampliou de modo considerável nos últimos 25 anos, com a profusão de filmes e séries sobre diversos artistas, brancos e pretos, na grande maioria dirigidos por pessoas brancas e com o tom de biografia legitimadora como norte”, analisa. Segundo ele, Tony Tornado apresenta uma rara longevidade que aponta para a complexidade e os paradoxos da presença negra nas telas de cinema.
Políticas Públicas
Nos outros dois eixos, a programação conta com espaços para discussão de políticas públicas, além da exibição de filmes. No eixo Patrimônio, as discussões se desenvolvem em torno do subtema Patrimônio Audiovisual Brasileiro em Rede e dão continuidade a assuntos já tratados pelo setor no Fórum de Tiradentes, realizado na Mostra de Cinema de Tiradentes em janeiro desse ano.
Na manhã desta sexta-feira (23), houve inclusive medidas anunciadas pela secretária do Audiovisual do Ministério da Cultura, Joelma Gonzaga. Ela indicou que a pasta irá atender algumas reivindicações do setor como a suplementação de 70% do valor do contrato de gestão da Cinemateca Brasileira, a regulamentação do Plano Nacional de Preservação Audiovisual, a instituição da Rede Nacional de Acervos e Arquivos Audiovisuais e a inserção dos trabalhos de preservação na Lei Federal Paulo Gustavo, aprovada no ano passado durante a pandemia de covid-19 para incentivar a cultura e garantir ações emergenciais.
A programação do eixo Patrimônio inclui o 18º Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros. Realizado anualmente durante a CineOP, trata-se de um dos principais fóruns onde se discutem políticas públicas voltadas para preservação dos filmes nacionais. A pauta envolve temas como prioridades para a restauração, processos de digitalização, acesso da população aos filmes e organização de bancos de dados.
Já no eixo Educação, ocorre o XV Fórum da Rede Kino, que congrega pessoas e instituições da América Latina interessadas em ações e em políticas públicas que envolvam cinema e educação. Neste ano, as discussões são orientadas pelo subtema Cinema e Educação Digital: Deslocamentos. Buscando beneficiar a comunidade local, a CineOP realiza ainda sessões cine-escola, cine-debates e oficinas para atender a demanda de mais de 2 mil estudantes e educadores da rede pública de ensino em Ouro Preto.
Fonte: EBC GERAL


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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