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Acadêmicos do Salgueiro apresenta enredista para o carnaval de 2024
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O tipo de trabalho não é novo, mas a função ganhou um status maior na preparação dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, durante o carnaval. A pesquisa de base para o desenvolvimento do enredo, que costuma ser feita por comissão ou por departamento cultual das agremiações, tem agora um profissional específico para a função: o enredista. Ele é o responsável por fazer a sinopse que conta a história do enredo.
Pelo menos é assim no Acadêmicos do Salgueiro, primeira escola a divulgar o tema que levará para o Sambódromo da Marques de Sapucaí em 2024. Junto com o anúncio, a escola vermelha e branco da Tijuca apresentou o jornalista Igor Ricardo como seu enredista. Ele terá a responsabilidade de fazer uma extensa pesquisa que vai ajudar o carnavalesco Edson Pereira a desenvolver o enredo Hutukara, que, por meio das tradições da etnia Yanomami, vai fazer uma defesa da Amazônia.
“Veio do presidente da escola. Ele já tinha esse desejo. Perguntou o que a gente, eu e o Edson achávamos, ficamos fascinados, porque é uma história muito atual e rica, rica até demais. Aí ele falou ‘se vocês gostaram vamos nessa’, revelou, em entrevista à Agência Brasil.
O jornalista disse que, embora não com este nome, a função realmente já existe e não é uma novidade. O próprio Salgueiro tem um departamento cultural que fazia muita dobradinha com os carnavalescos, como foi com Renato Lage, quando ele estava na escola entre 2003 e 2017.
Segundo Igor Ricardo, o departamento cultural desenvolvia a pesquisa e escrevia a sinopse, o que coincide com a função do atual enredista, que trabalha junto com o carnavalesco, faz a defesa dos setores e carros alegóricos e escreve o livro abre-alas, que é distribuído aos jurados para facilitar a análise deles para os quesitos que darão as notas durante os desfiles.
“Não é teoricamente uma novidade. A novidade é que virou glamour. Um status pelo peso que o quesito enredo tem tido nos últimos anos. Aí se elevou à categoria de enredista. Coisa nova entre aspas que está acontecendo, principalmente para o carnaval de 2024”, afirmou.
O currículo do agora enredista já vem desde 2017, quando começou a pesquisar para o enredo da Unidos da Tijuca de 2018, na homenagem ao ator Miguel Falabella. Continuou na azul e amarelo da zona norte no carnaval de 2019. Lá, o trabalho era feito junto com uma comissão..
Em 2020, o enredo Viradouro de Alma Lavada, que levou a escola ao campeonato, teve sua participação, junto com os carnavalescos Marcus Ferreira e Tarcísio Zanon, na história do Grupo Ganhadeiras de Itapoã, resgatando a bravura das escravas de ganho do Abaeté, na Bahia, que trabalhavam para comprar a alforria de parentes e amigos.
No ano seguinte, por causa da pandemia de covid-19, não houve desfile, mas Igor permaneceu na agremiação de Niterói para o carnaval que, por causa da pandemia, ocorreu fora de época, em abril de 2022, com o enredo Não há tristeza que possa suportar tanta alegria.
Em 2023, o jornalista ajudou os carnavalescos Rosa Magalhães e João Vitor Araújo na elaboração do livro abre-alas do Paraíso do Tuiuti, onde ainda acumula a função de assessor de imprensa.
A responsabilidade de pesquisar o enredo também se estendeu às Séries Ouro e Prata, onde contribuiu para o ganho de várias notas 10 no quesito. Entre as escolas, estava a Unidos do Porto da Pedra, no desfile de 2020, e a União do Parque Curicica, em 2022.
Para o Igor, o fato do Salgueiro ter anunciado o enredo no dia 5 de março, pouco tempo depois do carnaval de 2023, favorece o trabalho, porque terá mais tempo para fazer a pesquisa.
“Nesse ponto é uma vantagem. Há mais tempo para pesquisar, ler livros. As pessoas acham que carnaval é dezembro, janeiro e fevereiro, mas não é. É o ano inteiro. Para ter uma boa pesquisa e um enredo bem desenvolvido demanda tempo. Eu estou lendo três livros ao mesmo tempo. Vejo como um desafio, por ser a primeira escola a lançar o enredo, mas vejo como um desafio gostoso ter mais tempo para fazer um trabalho mais bem-feito.
O jornalista disse que lê também teses de mestrado e doutorado, vê documentários, novelas, vídeos. “Tudo que for de material, vai acumulando a informação”. Ele informou que em maio vai entregar a sinopse com o texto elaborado em cima da pesquisa. É com base nesse trabalho que os compositores vão fazer os sambas da disputa, que começa a partir do fim de agosto ou no mês de setembro.
Comunicação
Igor destacou que é importante a boa comunicação com o carnavalesco ou carnavalescos. Dependendo da escola, pode ser apenas uma pessoa ou uma dupla ou uma comissão de carnaval composta por mais profissionais. “Às vezes, você tem uma informação que é maravilhosa, mas como vai traduzir isso em uma fantasia, um carro alegórico ou transformar em imagem? É importante ter essa integração com o carnavalesco, porque, às vezes, uma coisa é muito linda no papel, na escrita, no texto, mas transformar isso em carro, fantasia, é difícil”, disse.
O tema escolhido, segundo o enredista, tem fatos atuais que podem ser representados na avenida. Ele lembrou que 20 indicados nas principais categorias do Oscar receberam uma estatueta de madeira da divindade Yanomami Omama, semelhante à premiação da academia, como forma de divulgação de uma campanha contra a extração ilegal do ouro na região Amazônica. Não será surpresa se ela estiver representada no desfile de 2024.
Edição: Maria Claudia
Fonte: EBC Geral


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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