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Amigos e fãs despedem-se de João Donato

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Parentes, amigos e fãs prestam homenagem ao cantor, compositor, multi-instrumentista e arranjador João Donato, que morreu na madrugada desta segunda-feira (17), aos 88 anos, de infecção pulmonar. Ele foi internado na semana passada na Casa de Saúde São José, no Humaitá, zona sul do Rio.

O velório no Theatro Municipal começou às 11h e seguirá até as 15h. Depois, o corpo do artista será levado para o Memorial do Carmo, no Caju, região portuária da cidade, onde será cremado em cerimônia restrita a parentes e amigos.

Donatinho, filho do artista , disse que não tinha como seguir uma carreira diferente do pai diante da intensa convivência musical desde menino. Não deu tempo de escolher outra coisa. Quando eu vi, já estava dentro. Foi natural para mim. Quando eu vi, já estava fazendo.”

A diversidade musical de Donato também era marcante. “A gente ouvia de tudo, e ele sempre me mostrou música boa. Ouvia música latina, jazz, bossa-nova. Era divertido.”

Donatinho guarda boas lembranças da convivência com o pai: “Uma alegria. Donato era uma eterna criança, um cara que estava sempre alto astral, contando piada e dando risada.” 

Para ele, o legado deixado pelo pai não tem tamanho. “Uma das coisas do Donato é que ele é totalmente singular. É um cara que tem uma música única, não tem ninguém que se pareça com ele. As vezes, você pensa em um artista e lembra de outro da mesma geração ou do mesmo som. O Donato tem uma coisa que é só dele. Você ouve as primeiras notas e diz: ‘é João Donato’. A coisa mais marcante dele é essa assinatura”, enfatizou.

Sinfônica

E, seguindo o comportamento de Donato, em velório de músico, mais uma homenagem em grande estilo: integrantes da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal fizeram uma pequena apresentação às 11h45, com os músicos William Doyle (violino); Jocelynne Cardenas (viola); Pablo de Sá (violoncelo) e Tony Botelho (contrabaixo). Eles tocaram músicas de Mozart (Segundo movimento da Eine Kleine Nachtmusik e Ave Verum) e as parcerias do próprio João Donato, A Rã, Lugar Comum e A Paz.

Donato é um dos maiores músicos brasileiros e desenvolveu trabalhos admirados e reconhecidos dentro e fora do Brasil. A sua criatividade era tanta que estendeu suas composições e participações com outros artistas a diversos gêneros musicais entre os quais, o jazz, samba e ritmos caribenhos. É considerado também como um dos mais importantes representantes da bossa nova junto com João Gilberto, Tom Jobim e Vinícius de Moraes.

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“O João Gilberto pegou aquela batida do Geraldo Pereira. João Gilberto dizia isso. Agora a harmonia, eles se reuniam – Johnny Alf, João Donato e João Gilberto. Johnny Alf passava para ele a harmonia, e ele passava para o João Gilberto que transportava para o violão”, disse o sambista e radialista Rubem Confete, parceiro de Donato à Agência Brasil.

Inquieto na criação, em plena pandemia de covid-19, Donato desenvolveu um disco com o parceiro Jards Macalé. Em princípio, quem deu o nome do disco foi Donato, e seria Síntese do Lance. “Nesse momento cheguei à conclusão de que Síntese do Lance na música é o próprio João Donato. Fizemos um disco que seria um encontro. Ele botava alguma coisa de música e eu tentava botar uma letra ou completar a música dele e vice e versa”, contou Macalé. 

“O João tinha um humor especial. As vezes ele ficava quieto só observando e de repente dava uma tirada de humor com a cara mais séria do mundo, que era inacreditável. Enfim, gostoso de estar com ele. Aprendi muita coisa. Aquele balanço da mão esquerda e aquela sutileza da mão direita. Joao é músico o tempo inteiro e fortaleceu em mim a vontade de ser músico e fazer música o tempo inteiro”, disse Macalé. 

Autor de composições de sucesso como Amazonas e A Rã, Lugar Comum, Simples Carinho e Nasci para Bailar foi arranjador em discos de Gilberto Gil e Gal Costa.

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“Ele nunca teve amarras, limites. Sempre foi um cara que se dá bem em qualquer onda. Sabia tirar proveito de qualquer situação musical”, disse Donatinho.

Já tendo experimentado diversos gêneros musicais, João Donato fez com o filho um disco com pegada eletrônica que é o Sintetizamor. Agora, Donatinho termina o projeto de mais um trabalho que não deu tempo de ser concluído com o pai em vida. “Este agora é o Sinteriza Dois, que é um pouco mais do universo dele, um pouco mais latino. Estou terminando e deve sair no ano que vem”, revelou. 

“Tenho uma alegria de poder ter também vivido uma vida musical com ele. A gente fez um disco junto que inclusive foi premiado aqui no Theatro Municipal mesmo”, completou.

Biografia

O artista nasceu no dia 17 de agosto de 1934, em Rio Branco. Aos 11 anos, mudou-se com a família do Acre para o Rio de Janeiro, onde começou a desenvolver a sua carreira. Talvez por influência do pai, que tocava bandolim, e da mãe, que cantava, a música surgiu cedo na vida de João Donato, que, aos 5 anos, já tocava acordeon.

Jovem no Rio, participava de festas musicais em colégios da Tijuca, na zona norte da cidade, e aos 15 anos começou a frequentar as chamadas jam sessions realizadas na casa do cantor Dick Farney e no Sinatra Farney Fã Club.

A primeira gravação em disco foi como músico da banda do flautista Altamiro Carrilho. Foi nessa época também que começaram os contatos com outros artistas importantes como o cantor Lúcio Alves e passou a ser conhecido além do Brasil, inclusive pelo trompetista e cantor de jazz norte-americano Chet Baker.

Nos anos 50, participou do programa de música nordestina Manhãs da Roça, comandado pelo cantor e compositor paraibano Zé do Norte, na Rádio Guanabara. Donato chegou a dizer que a carreira dele no rádio tinha começado com Zé do Norte.

Fonte: EBC GERAL

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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas

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A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.

Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.

Críticas e denúncias

No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.

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“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.

A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.

Impacto na cidade

Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.

Custos e processo de construção

O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.

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Notas da Prefeitura

Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.

A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.

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