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Deputados vistoriam centros voltados à população em situação de rua
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A Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados realizou nesta sexta-feira (5) uma inspeção em equipamentos públicos da Prefeitura de São Paulo voltados à população em situação de rua. A vistoria foi feita pelo vice-presidente do colegiado, deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), deputados federais eleitos por São Paulo, como Erika Hilton (PSOL), Juliana Cardoso (PT), Orlando Silva (PCdoB) e Alfredinho (PT), e vereadores paulistanos.
A intenção dos deputados e vereadores foi a de averiguar a situação dos centros de acolhida da capital paulista, principalmente após matérias veiculadas pelo jornal Folha de S.Paulo, que tem denunciado as péssimas condições de higiene e de infraestrutura em alguns equipamentos da prefeitura, com falta de privadas e chuveiros, colchões infestados de percevejos e banheiros entupidos.
A inspeção também ocorre após a prefeitura paulistana ter intensificado ações de recolhimento de barracas de pessoas em situação de rua, mesmo tendo conhecimento de que não há vagas suficientes em abrigos públicos para atendimento de toda essa população, estimada em 52 mil pessoas.
Em entrevista à Agência Brasil após ter verificado a situação em dois espaços no centro da capital e de ter participado de uma roda de conversa com o padre Julio Lancellotti, que tem uma atuação destacada em apoio a essa população, Boulos disse ter recebido diversas denúncias de pessoas em situação de rua que vivem em São Paulo.
“Fomos inicialmente para a Casa de Oração, que é um centro de acolhida organizado pelo padre Julio Lancellotti, onde fizemos uma roda de conversa com pessoas em situação de rua. Ouvimos várias denúncias sobre violações de direitos humanos, condições insalubres nos centros de acolhida, problemas com alimentação, com percevejo, com higiene. Depois fomos a um depósito da subprefeitura da Sé onde há apreensão de barracas de pessoas em situação de rua e os pertences estão sendo levados para lá. Fomos inclusive surpreendidos com a informação de que menos de 15% de todo o material que é recolhido é devolvido até pela burocracia que tem para as pessoas em situação de rua retomarem depois o seu equipamento. E viemos também ao centro de acolhimento para mulheres e crianças [na Rua Brigadeiro Luiz Antônio]”, disse o deputado.
No centro de acolhimento para as mulheres, segundo Boulos, foram encontradas estruturas elétricas que colocam em risco a vida das pessoas que vivem ali. “O mais grave de tudo é que há uma falta de espaço para que as crianças fiquem para que as mulheres possam ir trabalhar. Inclusive, algumas mães nos relataram que chegaram a perder emprego porque não tinham com quem deixar os filhos”.
Esse problema, inclusive, foi relatado à Agência Brasil por uma das moradoras do abrigo. Segundo ela, o centro até oferece boas condições para ela, que é solteira. Mas para as mulheres com filhos, a situação é um pouco mais complicada porque falta estrutura para atendimento às crianças.
Uma outra moradora do espaço, que está no local há cerca de dois meses, disse à reportagem que a situação no local já “foi melhor”. “Acho que a estrutura do imóvel e a alimentação poderiam melhorar muito para a gente que vive ali. Eu trabalho e preciso de um conforto a mais e não estou tendo”, disse a moradora, que vive no abrigo para mulheres com uma criança pequena, dividindo o quarto com outras mães. “Tem dias que a gente nem come carne. Ninguém está aqui porque quer. Eu mesma trabalho, estudo, tenho meu filho”, disse, acrescentando que vive ali por não conseguir pagar aluguel.
Segundo a deputada Erika Hilton, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados, essas inspeções em abrigos já vinham sendo realizadas pela Câmara dos Vereadores de São Paulo e a prefeitura já foi anteriormente noticiada por esses problemas. “Inclusive, algumas mudanças já foram observadas como, por exemplo, percevejos e piolhos, que não encontramos aqui [no centro de acolhida para mulheres]. Os colchões estavam até em condições melhores”, disse.
A deputada disse à reportagem da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) que, após essas inspeções, um relatório será elaborado pela Comissão de Desenvolvimento Urbano. “O que a gente espera é que a prefeitura, de fato, possa ter um planejamento para atender a essa população. A gente vem denunciando a quantidade de recursos que o prefeito [Ricardo Nunes] tem guardado. São R$ 35 bilhões guardados no caixa. O que a gente espera é pressionar as secretarias e a prefeitura para que esse recurso possa ser investido na melhoria de serviços e no atendimento dos problemas que já foram apresentados. Também apresentaremos um relatório das nossas visitas para que a prefeitura possa ter ciência daquilo que vem ocorrendo e acompanharemos os inúmeros processos que estão em curso”, disse.
Para os dois deputados, o que está em curso atualmente na cidade de São Paulo é uma política higienista, de segregação da população mais vulnerável. “É uma política higienista, que não olha com dignidade, humanidade e respeito para a população de rua. É uma política da esfera municipal, mas também da esfera estadual, e é isso que estamos tentando combater. Estamos tentando fazer com que as gestões olhem para essa população como pessoas dignas de direito e que merecem ser respeitadas e atendidas. Quando elas saem das ruas, elas merecem ter abrigos com qualidade e que as recebam com cama, com comida e com banho”, disse Erika Hilton.
“A prefeitura tem adotado uma postura higienista, preconceituosa e de estigmatização contra essa população e aí a gente vê o aumento da violência e a gravidade com que essas pessoas são tratadas nos atendimentos e nas ruas”, acrescentou.
Procurada pela Agência Brasil, a Prefeitura de São Paulo ainda não se manifestou sobre as inspeções feitas pelos deputados.
Fonte: EBC GERAL


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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