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Festival Sample comemora os 50 anos do hip hop e carreira do DJ KL Jay
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A capital paulista é palco, a partir deste sábado (12), de um dos eventos que festejam os 50 anos do movimento hip hop, com uma programação que inclui oficinas, mostra de vinis e shows. O Centro Cultural São Paulo (CCSP) irá hospedar, até o dia 30, artistas do Festival Sample – do Clássico ao Original, idealizado pelo DJ KL Jay e que agora retoma a modalidade presencial, após realizar uma edição online durante o auge da pandemia de covid-19.
O evento também celebra os 35 anos de carreira de KL Jay, integrante do grupo de rap Racionais MC’s. A mágica da cultura hip hop acrescenta, em um mesmo caldeirão, as rimas do rap, concebidas pelo MC (mestre de cerimônias), o grafitti, a dança break e as criações e intervenções dos DJs. Por isso, nesse universo, a figura do produtor musical e DJ é fundamental, uma vez que é quem escolhe os chamados samples, amostras de músicas já existentes para tocar na forma de breakbeats, também chamados de beats.
Para a cocuradora do festival, a jornalista Leandra Silva, o evento é uma “oportunidade de reverenciar pessoas que estão vivas”, em um mundo que coloca alvos sobre os corpos negros. “Chegar agora ao CCSP é um momento profundo de reafirmação da vida, da vida de pessoas, homens pretos. É extraordinário ver toda essa trajetória. Eles [os artistas que participam do evento] poderiam facilmente ter sido mortos, como Notorius [The Notorius B.I.G.] foi, como Sabotage foi”, pontua.
Origem
O movimento hip hop tem como marco zero uma festa de aniversário organizada pelo DJ Kool Herc para sua irmã, no bairro do Bronx, na cidade de Nova York, nos Estados Unidos. O Bronx dos anos 1970 e 1980 tinha uma população formada, majoritariamente, por negros e porto-riquenhos. A região vivia um contexto de pobreza, marginalização social, estigma e omissão do poder público.
Antes de sintonizar o hip hop e fundar o Racionais MC’s, ao lado de Edi Rock, Mano Brown e Ice Blue, o DJ KL Jay, que tem como nome de batismo Kleber Simões, teve contato com o funk dos Estados Unidos, sobretudo na década de 1980. KL Jay iniciou sua carreira em 1987.
O funk estadunidense, como o hip hop, tem assinatura negra. KL Jay descobriu o funk, que tem expoentes como James Brown, e correu atrás de outros cantores e outras bandas, de décadas anteriores, como a de 1960 e 1970, quando o gênero musical influenciou vertentes como a música disco.
“Eu já estava ali. A cultura veio, já estava no barco e cruzei a fronteira. Me identifiquei com a dança, com o DJ, a cultura em si. Comecei a vir a São Bento, onde o pessoal que também se identificava se encontrava todos os sábados “, diz DJ KL Jay, que, antes da formação dos Racionais MC’s, já tocava com Edi Rock em bailes.
O artista compara o surgimento do hip hop com uma luz de poste que deu um norte à população negra e comenta que, para ele, se trata mais de uma cultura do que de um movimento, apesar de reconhecer seu potencial emancipador e mobilizador. “Penso que hip hop é uma cultura, cultura que liberta. Movimento eu penso que é outra coisa. Penso que o hip hop, com a trilha sonora do rap, mudou a realidade de muita gente, influenciou muita gente. As pessoas se identificam mais com a música, é uma coisa natural. A maioria se identifica mais com a música do que os outros elementos da cultura, mesmo que eles não sejam menos importantes. Mas a gente é mais pego pela música, naturalmente. A música rap, que faz parte da cultura hip hop, ajudou a influenciar muita gente”, afirma.
O mundo outrora secreto dos beats
Uma exposição de discos importantes para a cultura hip hop faz parte da programação do festival. O público terá a chance de conhecer tanto LPs que têm relevância por conta de faixas como pela arte gráfica das capas.
Décadas atrás, ainda não existiam os smartphones, nem os aplicativos capazes de reconhecer uma música, acionados com um único comando dos dedos sobre o teclado do aparelho, como o Shazam, o SoundHound, o Musixmatch e o Genius. Quando se escutava algum sample usado pelos rappers, dependia-se da boa vontade de quem o tocava revelar qual música era. Hoje, mesmo em meio à muvuca da plateia de duelos e batalhas de MCs, a descoberta se tornou muito mais fácil. Conforme lembra a jornalista e cocuradora do festival Leandra Silva, alguns DJs e MCs chegavam a riscar a capa dos discos, para evitar que soubessem qual era a canção.
No domingo, o público poderá conferir a entrevista com DJ KL Jay e DJ Hum, conduzida pela jornalista Leandra Silva. Em 22 de agosto, o festival oferece a oficina Sample na Base – A arte de mixar e masterizar. A atividade será ministrada por BaseMC Beat e DJ Comum. No dia 23, quem quiser aprofundar os conhecimentos sobre sample encontra mais uma alternativa na master class Fazendo Sample, com DJ KL Jay, DJ Will e Kamau.
Durante o festival, DJ KL Jay também fará o lançamento oficial do compacto que contém Estamos Vivos, de ZL Killa, Fhato, Emmy Jota e Jota Ghetto, e Território Inimigo, de Anarka, Amiri e Jota Ghetto. Produzidas por DJ KL Jay, as duas faixas foram especialmente editadas em vinil de 7 polegadas para celebrar os 50 anos do movimento hip hop e reúnem artistas da gravadora KL Música, selo criado pelo DJ no começo dos anos 2000, para dar projeção a jovens artistas do rap nacional.
SERVIÇO
Festival Sample
De 12 a 30 de agosto de 2023
Centro Cultural São Paulo*
Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso, São Paulo
*Ingressos para as atividades especiais serão disponibilizados para reserva na bilheteria online e presencial, uma semana antes da abertura do festival.
Confira a programação e o horário dos eventos:
Exposição:
De 12 a 30 de agosto
De Terças a sextas, das 10h às 20h.
Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h
Fechada às segundas-feiras
Praça das Bibliotecas
Abertura:
Show e performance:
Dia 12 de agosto, das 19h às 21h, na Sala Adoniran Barbosa
Materclasses:
Sample na Base – A arte de mixar e masterizar, com BaseMC Beat e DJ Comum
Dia 22 de agosto, das 19h às 21h, na Sala de Ensaio II
Fazendo Sample, com DJ KL Jay, DJ Will e Kamau
Dia 23 de agosto, das 19h às 21h, na Sala de Ensaio II
Show de Encerramento
Dia 30 de agosto, das 19h às 21h, na Sala Adoniran Barbosa
*Colaboraram Guilherme Jeronymo, da TV Brasil, e Victor Ribeiro, da Rádio Nacional.
Fonte: EBC GERAL


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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