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Juiz concede liberdade condicional a filho de Flordelis
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O juiz Leonardo Rodrigues da Silva Picanço, da Vara de Execuções Penais (VEP), do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) concedeu liberdade condicional a Adriano dos Santos Rodrigues.
O filho biológico da ex-deputada federal Flordelis recebeu pena de quatro anos, seis meses e 20 dias de reclusão em regime inicialmente semiaberto, em julgamento no Tribunal do Juri de Niterói, que começou em 12 de abril e terminou na manhã do dia seguinte.
A condenação foi por uso de documento falso e associação criminosa armada. Junto com o ex-PM Marcos Siqueira da Costa e a esposa do militar Andrea Santos Maia, Adriano foi condenado pelo envolvimento na produção de uma carta em que Lucas Cezar dos Santos de Souza, filho adotivo de Flordelis, assumiria a culpa pelo assassinato do pastor Anderson Ramos, marido da ex-parlamentar, no dia 16 de junho de 2019.
O filho de Flordelis não respondia por crimes diretamente relacionados ao assassinato do padrasto. Na decisão, o juiz considerou que Adriano preenche os requisitos subjetivos para a concessão do benefício sem registro de faltas disciplinares nos últimos 12 meses e ainda como é réu primário condenado por crime comum o pedido de liberdade, feito pela defesa. poderia ser aceito.
Também na decisão, o magistrado determinou algumas condições que Adriano precisa seguir. Tem que obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável, se for apto para o trabalho; comunicar eventual mudança de endereço no estado do Rio; não se ausentar do estado sem autorização judicial ou transferir sua residência para outra unidade da federação sem prévia autorização do Juízo.
Adriano está proibido ainda de ausentar-se da comarca, por prazo superior a cinco dias, sem prévia autorização do Juízo; e tem que comparecer à unidade prisional Patronato Magarinos Torres em 60 dias a partir da sua soltura, e depois disso, trimestralmente, para assinar boletim de frequência e manter informados e atualizados endereço e atividades.
Até o fechamento desta matéria, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) não respondeu se Adriano já tinha deixado o presídio Romeiro Neto, no município de Magé, na Baixada Fluminense, onde cumpria pena há um ano e oito meses.
Outras condenações
No dia 24 de novembro de 2021, Flávio dos Santos Rodrigues, outro filho biológico de Flordelis, foi condenado pelo Tribunal do Júri de Niterói a 33 anos, dois meses e 20 dias de reclusão em regime inicialmente fechado por homicídio triplamente qualificado consumado, porte ilegal de arma de fogo, uso de documento ideologicamente falso e associação criminosa armada.
Flávio foi denunciado como autor dos disparos de arma de fogo que provocaram a morte do pastor Anderson do Carmo. No mesmo julgamento, Lucas Cezar dos Santos de Souza, filho adotivo de Flordelis, foi condenado por homicídio triplamente qualificado a nove anos de prisão em regime inicialmente fechado. Lucas Cezar foi acusado de ter sido o responsável por adquirir a arma usada no assassinato do pastor.
Edição: Maria Claudia


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.