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Justiça britânica volta a analisar tragédia de Mariana
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O rompimento da barragem da mineradora Samarco em Mariana (MG) está mais uma vez em pauta nos tribunais britânicos. Um julgamento que começou hoje (4) e continua até sexta-feira (8) analisa recurso apresentado pelos atingidos na tragédia. Eles pedem que os juízes reconheçam a competência da Justiça do Reino Unido para tratar do caso.
Em novembro do ano passado, o rompimento da barragem completou seis anos. Na tragédia, foram liberados 39 milhões de metros cúbicos de lama. A onda de rejeitos causou 19 mortes, destruiu comunidades e levou poluição a dezenas de cidades da bacia do Rio Doce até a foz no Espírito Santo.
A ação do Reino Unido foi movida em 2018 por pouco mais de 200 mil atingidos, três comunidades indígenas, aproximadamente 600 empresas e 25 municípios, além da Arquidiocese de Mariana. Eles buscam uma indenização da BHP Billiton, mineradora anglo-australiana com sede em Londres que é, ao lado da Vale, acionista da Samarco.
Representados pelo escritório inglês PGMBM, os atingidos sustentam que o sistema jurídico brasileiro não tem sido capaz de assegurar a devida reparação. Esse argumento, refutado pela BHP Billiton, também não foi aceito no julgamento de primeira instância. O pleito foi considerado “abuso de processo” pelo juiz Mark Turner, do Tribunal Cível de Manchester, onde o caso tramita. Em novembro de 2020, ele entendeu haver risco de sentenças inconciliáveis, com julgamentos simultâneos no Brasil e no Reino Unido.
“Pode-se prever com segurança que essa contaminação cruzada incessante dos procedimentos levaria ao caos absoluto na condução dos litígios em ambas as jurisdições, sendo que a posição processual de cada uma delas estaria em um estado de fluxo quase constante”, escreveu Turner na ocasião. Essa decisão foi novamente confirmada em março do ano passado, arquivando assim o processo.
Diante do duplo revés, o escritório PGMBM apresentou um recurso extraordinário e conseguiu uma vitória em julho do ano passado. O Tribunal de Apelação de Londres aceitou um pedido de reabertura do processo e a questão da competência voltou novamente à pauta. É esse o assunto no centro do julgamento dessa semana: até sexta-feira (8), os atingidos e a mineradora, por meio de seus advogados, deverão apresentar seus pontos de vista. As sessões são transmitidas ao vivo nas redes sociais.
Os advogados do PGMBM estimam que os juízes devem dar um veredicto em junho ou em julho. Caso eles entendam que a Justiça do Reino Unido tem competência legal para se debruçar sobre o caso, o julgamento passará finalmente para a análise de mérito.
Reparação no Brasil
Para reiterar seus argumentos em favor dos atingidos, o escritório PGMBM anexou ao processo relatório divulgado em 2020 pelo relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU), Baskut Tuncak.
Ao analisar o caso, ele concluiu, na ocasião, que, passados cerca de cinco anos, os responsáveis pelo rompimento da barragem não haviam conseguido amparar ou indenizar efetivamente as vítimas. Ele também destacou a ineficiência da Fundação Renova, observando que seu verdadeiro propósito parece ser “limitar a responsabilidade da BHP e da Vale, ao invés de fornecer qualquer aparência de um remédio eficaz”.
Para reparar os danos da tragédia, um Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC) foi firmado em março de 2016. As três mineradoras concordaram em arcar com os custos e pactuaram com o governo federal e com os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo a governança do processo. A Fundação Renova foi criada com base no acordo e assumiu a responsabilidade pela gestão de todas as medidas necessárias.
Dados da entidade apontam que mais de R$ 20 bilhões já foram gastos no processo reparatório, sendo R$ 8,74 bilhões destinados a indenizações e auxílios financeiros emergenciais. Sua atuação, no entanto, sofre questionamentos do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Eles apontam falta de autonomia e alegam que, em última instância, as mineradoras controlam o processo reparatório. MPF e MPMG também questionam decisões judiciais que levaram à implantação do sistema indenizatório simplificado a partir do final de 2020, bem como valores e procedimentos adotados. Por meio deles, cerca de 52 mil atingidos tiveram acesso às indenizações.
No ano passado, teve início uma mediação conduzida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que poderá resultar em um novo acordo para a tragédia em Mariana e dar uma solução para mais de 80 mil demandas judiciais que estão na fila aguardando apreciação. No final de 2021 e nos primeiros meses deste ano, atingidos foram ouvidos em audiências públicas online e puderam falar sobre suas realidades.
Edição: Lílian Beraldo


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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