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Marina Colasanti vence Prêmio Machado de Assis, da ABL
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A Academia Brasileira de Letras (ABL) anunciou na tarde desta quinta-feira (22) que a escritora Marina Colasanti venceu o Prêmio Machado de Assis, considerado um dos mais importantes prêmios literários do país. O último prêmio entregue a uma mulher na ABL faz mais de 20 anos, em 2001, a Ana Maria Machado.
A entrega será no dia 21 de julho, no evento de aniversário da ABL. A escritora receberá R$ 100 mil, um diploma e um troféu, que é um pequeno busto de Machado de Assis criado pelo escultor Mário Agostinelli.
“Estou muito emocionada, não esperava. Mas acho que sou merecedora porque tenho uma obra extensa. Nunca escrevi romance, mas muitos contos, minicontos, contos infantis, contos estranhos”, disse a escritora, segundo texto publicado na página da ABL na internet. A autora recebeu a notícia do prêmio em casa, quando fazia massa de pizza para sua filha.
O presidente da ABL, Merval Pereira comentou que Marina Colasanti é uma grande escritora, com vasta gama de livros, de tipos de literatura. O prêmio, segundo ele, não é por uma obra específica, mas pelo conjunto da obra.
Marina Colasanti é cronista, ensaísta, poeta e contista, além de escrever livros de sucesso para o público infantojuvenil. Suas obras são caracterizadas pela presença de protagonistas femininas, realismo fantástico, crítica social e elementos referentes aos contos de fadas.
Seu primeiro livro, Eu Sozinha, foi publicado em 1968. Outras obras de sua autoria são O homem que não parava de crescer (2005), A moça tecelã (2004), Ana Z., aonde vai você? (1999), Longe como o meu querer (1997), O menino que achou uma estrela (1988). O último livro que lançou foi Tudo Tem Princípio e Fim, em 2017, lançado pela editora Escarlate.
Com suas obras, Marina conquistou vários prêmios, como Jabuti, Grande Prêmio da Crítica da APCA, Melhor Livro do Ano da Câmara Brasileira do Livro, Prêmio da Biblioteca Nacional para poesia e Prêmio Portugal Telecom de Literatura 2011.
Colasanti nasceu na cidade de Asmara, capital da Eritréia, região norte do continente africano. Morou em Trípoli, na Líbia e depois na Itália. Em 1948, veio para o Rio de Janeiro, onde estudou na Escola Nacional de Belas Artes.
Além da literatura
Marina escreveu para o Jornal do Brasil, em que foi redatora, cronista, colunista, ilustradora e subeditora. Também trabalhou para revistas como Fatos e Fotos, Ele e Ela, Fair-play, Cláudia, Joia, Manchete e Nova, e recebeu o Prêmio Abril de Jornalismo em 1978, 1980 e 1982
Na TV, trabalhou como entrevistadora e apresentadora de programas televisivos. Na TVE, foi apresentadora e redatora do programa cultural Os Mágicos e âncora do programa Sábado Forte e Imagens da Itália, este último patrocinado pelo Instituto Italiano de Cultura.
Como tradutora, assina importantes obras de autores da literatura universal, entre eles: As aventuras de Pinóquio, de Carlo Collodi, 2002; A pequena Alice no país das maravilhas, de Lewis Caroll, 2015 e Imagine, de John Lennon, 2017.
Prêmio Machado de Assis
O prêmio Machado de Assis é o mais antigo do país e homenageia nomes que se destacam pelo conjunto da obra.
Desde que foi criado, em 1941, em seus 82 anos de existência, já premiou 76 escritores, destes, dez foram para mulheres, incluindo a primeira homenageada: Tetrá de Teffé (1941). Também receberam o título Dinah Silveira de Queiroz (1954), Rachel de Queiroz (1958), Cecília Meireles (1965), Carolina Nabuco (1978), Gilka Machado (1979), Henriqueta Lisboa (1984), Maria Clara Machado (1991) e Ana Maria Machado (2001).
O prêmio só não foi entregue nos anos de 1944,1949 e 1960, e em 2018 a premiação foi suspensa em razão da crise econômica, tendo sido retomada em 2021.
*Estagiário sob supervisão de Vinícius Lisboa
Fonte: EBC GERAL


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.