BRASIL
No Rio, projeto ensina crianças a pintar grafismos indígenas no corpo
BRASIL
A Casa Museu Eva Klabin, situada na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, está promovendo, nos fins de semana, atividades educativas especiais de pintura corporal indígena para crianças maiores de cinco anos de idade.
A inspiração veio da 25ª edição da exposição Respiração Devir Indígena, atual intervenção artística de grafismos indígenas dos artistas Denilson Baniwa (da etnia Baniwa) e Gustavo Caboco (da etnia Wapichana), que fica em cartaz no local até o próximo dia 20 no local. A informação foi dada à Agência Brasil pelo coordenador do programa, Carlos Miguez.
“Durante as atividades, vamos apresentar uma série de grafismos de diferentes grupos culturais, de etnias diferentes. Vamos apresentar grafismos de culturas indígenas para que as crianças tenham acesso a culturas importantes que, neste momento, precisam ser cada vez mais faladas e apresentadas, para que entendam que os grafismos não são apenas pinturas ou decorações, mas que aquelas imagens são repletas de sentidos e significados de importância”, afirmou Miguez.
Traços geométricos fazem parte das pinturas corporais indígenas e revelam simbologias, ao mesmo tempo em que evidenciam identidades das etnias, famílias, status social, além de serem essenciais durante festas e rituais. O conjunto de traços e cores traduz a forma de pensar e viver de cada um dos povos que habitam o Brasil.
Cada grafismo impresso no corpo tem um significado. A junção dos grafismos pode representar mensagem, história, mitologia ou posição social dentro das comunidades.
Programa
A partir da aproximação com os grafismos indígenas, as crianças e seus responsáveis serão convidados a escolher ou criar suas próprias pinturas, a partir das suas experiências pessoais, para que as imagens sejam desenhadas e pintadas no próprio corpo.
O Programa de Educação da Casa Museu Eva Klabin cuida da parte de criação e realização do evento. Educadores e mediadores do equipamento vão orientar as atividades. No momento da produção, será incentivado o protagonismo das crianças e a participação dos pais ou responsáveis na produção. “São eles que vão criar as imagens e vão pintar as imagens no próprio corpo”, reiterou Carlos Miguez.
A proposta é que as pessoas que se deixem fotografar para que as fotos sejam colocadas no mesmo dia nas redes sociais da Casa Museu, “até para poder apresentar o processo criativo delas”.
O evento começa hoje (5), às 15h, e ocorrerá em todos os sábados e domingos de novembro, no mesmo horário, com duração estimada de uma hora. O ingresso tem valor de R$ 5 por pessoa e pode ser adquirido no site da Casa Museu.
Catálogo
O lançamento do catálogo referente ao Projeto Respiração “Devir Indígena” ocorrerá no dia 10 de novembro, das 19h às 21h. Nesse dia, os catálogos serão distribuídos gratuitamente a quem estiver presente na Casa Museu Eva Klabin. Desde 2014, o Programa de Educação promove debates e atividades lúdicas de investigação, criação e produção de pensamento crítico e poético sobre cultura, arte, educação e sociedade.
As ações são realizadas com público de diferentes faixas etárias e em cooperação com profissionais e instituições de educação formal e não formal, contribuindo na elaboração de importantes projetos artísticos e pedagógicos para o Rio de Janeiro.
A entrada no local é gratuita para professores e alunos da rede pública de ensino, pessoas com deficiência e seus acompanhantes. Os ingressos gratuitos estão sujeitos à lotação.
Edição: Maria Claudia
Fonte: EBC Geral


BRASIL
Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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