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Projetos para a Baía de Guanabara colecionam fracassos desde anos 1990
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Ao redor da Baía da Guanabara há sete municípios: Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Magé, Guapimirim, Itaboraí, São Gonçalo e Niterói. Ao todo, o território da bacia hidrográfica concentra 10 milhões de habitantes. Com um sistema de esgotamento sanitário ainda cheio de gargalos, boa parte de poluição produzida na região chega ao mar sem tratamento.
A atividade industrial também é apontada como responsável histórica pela degradação da Baía de Guanabara. Somam-se a isso tragédias ambientais envolvendo, principalmente, a extração petrolífera. A mais grave ocorreu em 2000, quando foram liberados 1,3 milhão de litros de óleo após o rompimento de um duto da Petrobras, gerando imagens impressionantes que circularam por todo o mundo.
Com a expectativa de um futuro sustentável para a baía, o governo fluminense lançou, há pouco mais de duas semanas, o programa Guanabara Azul, voltado para incentivar a bioeconomia e para estabelecer uma nova governança capaz de enfrentar os problemas. Trata-se de mais um capítulo de uma longa história.
As primeiras iniciativas articuladas para a despoluição da Baía de Guanabara remontam à 1991. Neste ano, foi assinado um termo de cooperação técnica entre os governos brasileiro e japonês, depois da experiência bem-sucedida na despoluição da Baía de Tóquio. Dessa forma, surgiu o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG). Houve investimentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Japan Bank for Internacional Cooperation (JBIC).
No entanto, após 15 anos de vigência, o programa se mostrou ineficaz. Foram gastos US$ 800 milhões, de um total de US$ 1,169 bilhão previsto. Segundo o relatório de uma auditoria feita pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) em agosto de 2006, o BID cancelou um novo repasse devido aos atrasos no cronograma e à falta da contrapartida do governo fluminense.
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Por meio do PDBG, chegaram a ser construídas quatro grandes estações de tratamento de esgoto. Mas a medida não se traduziu nos resultados esperados. A auditoria do TCE-RJ chamou atenção para a falta de expansão da rede responsável por conduzir o esgoto a partir das residências. Com uma coleta limitada, as estações operavam bem abaixo da capacidade. O relatório apontou falhas graves de planejamento e controle, além de atrasos excessivos nas obras devido a falhas na concepção dos projetos.
Segundo o pesquisador, biólogo e ativista que atua em defesa da Baía de Guanabara, Mário Moscatelli, não faltou dinheiro para despoluir o corpo hídrico [LINK PARA MATÉRIA 03].
“Tudo aquilo que foi prometido não foi entregue. Em alguns momentos, pode ter havido muita boa vontade, mas na maioria do tempo houve má gestão de recurso público. Temos um cemitério de obras de saneamento, que não cumpriram efetivamente aquilo que se propuseram a fazer em termos ambientais”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Olimpíadas
Novas promessas foram feitas durante a preparação para as Olimpíadas de 2016. A escolha do Rio de Janeiro como sede do evento foi definida em 2009. Na sua candidatura, o governo fluminense chegou a estabelecer a meta de reduzir a poluição em 80%. Na época, foi anunciado um investimento de R$ 2,5 bilhões e estabelecido o Plano Guanabara Limpa. Ele teria quatro pilares: esgotamento sanitário, tratamento de lixo, recuperação ecológica e restauração florestal.
A Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), estatal que administrava os serviços de distribuição de água e saneamento no Rio de Janeiro, também anunciou investimentos com o objetivo principal de atender os compromissos olímpicos. Além de representarem um legado olímpico em benefício da população, as intervenções buscavam contornar preocupações relacionadas às competições. Havia, por exemplo, o receio de que detritos atrapalhassem as provas de vela.
Em 2011, foi criado o Programa de Saneamento dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara (PSAM) que reuniu algumas das medidas de maior impacto. A iniciativa incluía obras para diversas estações de tratamento, como as de Alegria, no bairro do Caju, na zona portuária da capital fluminense; e a de Alcântara, no município de São Gonçalo.
Outras medidas anunciadas no período pré-olímpico foram o uso de ecobarreiras e ecorbarcos para retenção e recolhimento do lixo sólido que flutua no mar.
Os resultados prometidos não foram alcançados e, semanas antes do início das Olimpíadas de 2016, o então secretário do Ambiente do estado do Rio de Janeiro, André Correa, afirmou que seria impossível atingi-los.
“Qualquer pessoa que disser que essa baía estará em condições ambientalmente adequadas em menos de 25 ou 30 anos está mentindo. Não vamos fazer isso no curto prazo”, admitiu à época.
Fonte: EBC GERAL


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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