POLITÍCA NACIONAL
Apenas 36% das escolas da rede municipal têm internet para uso pedagógico, informa TCU
POLITÍCA NACIONAL

O secretário de Controle Externo da Educação, Cultura e do Desporto do Tribunal de Contas da União (TCU), Alipio Dias dos Santos Neto, destacou nesta segunda-feira (4) na Câmara dos Deputados que apenas 36% das escolas da rede municipal têm internet banda larga para ações de aprendizagem, enquanto 66% têm internet para o setor administrativo. Os números são de 2020.
As informações foram dadas em audiência pública conjunta das comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; e de Educação, requerida pelo presidente deste colegiado, deputado Kim Kataguiri (União-SP). Um dos grandes desafios, segundo Alipio Neto, é o acesso à tecnologia na região Norte e em escolas rurais, que representam cerca de 30% do total de 178,4 mil escolas de educação básica no Brasil.
Auditoria do TCU na Política de Inovação Educação Conectada (Piec), do Ministério da Educação, considerada pelo tribunal como a principal política para levar conectividade às escolas, constatou que a infraestrutura é o grande carro-chefe das entregas do programa, mas é necessário que as outras dimensões sejam desenvolvidas.
“A formação de professores, tanto formação continuada, como formação inicial nas licenciaturas, a disponibilidade de recursos e materiais didáticos, que possibilitem aos alunos utilizarem a tecnologia, não só em termos de pesquisa e conteúdo, mas em termos de participação, de desenvolvimento e de construção de conhecimento”, disse Alipio Dias.
Além disso, ele ressaltou a falta de planos e outros instrumentos de planejamento para incorporar a tecnologia aos processos de ensino e a dificuldade de coordenação entre os diferentes entes de governo para integrar as ações da União, de estados e de municípios.

Diretor de Polícia Setorial da Secretaria de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Wilson Diniz discorreu sobre os diferentes programas de conectividade de escolas da pasta. Ele salientou que hoje cerca de 12 mil escolas em regiões de difícil acesso são atendidas por meio de satélite geoestacionário, em parceria com a Telebrás. Outro projeto-piloto do ministério, o Wi-Fi Brasil, já conectou outras 2.585 escolas. A prioridade é o atendimento por meio de fibra ótica, que permite o uso para fins educacionais, e a previsão é de atendimento de 8.341 escolas.
Outros programas do ministérios são o Norte e Nordeste Conectados, que também incluem o atendimento de escolas. Além disso, o Internet Brasil, instituído pela Lei 14.351/22, prevê o benefício de chip e pacote de dados de banda larga móvel para alunos da educação básica da rede pública integrantes de famílias inscritas no Cadastro Único do governo para programas sociais.
Recursos do Fust
Wilson Diniz também informou que o Fundo de Universalização das Telecomunicações (Fust) será utilizado para complementar esses programas. Lei aprovada pelo Congresso em 2020 prevê que os recursos do Fust sejam utilizados para dotar todas as escolas públicas de acesso à internet em banda larga em velocidades adequadas até 2024.
De acordo com o diretor, a Lei Orçamentária Anual (LOA) prevê, entre os recursos não reembolsáveis, R$ 10 milhões de subvenção para ampliação de escolas públicas à internet em banda larga; e R$ 36 milhões para subvenção a projetos de expansão, de uso e da melhoria das redes e dos serviços de telecomunicações. Entre os recursos não reembolsáveis, também estão previstos R$ 658 milhões para o financiamento a projetos de expansão, uso e melhoria da qualidade das redes e dos serviços de telecomunicações.

Questionado pelo deputado Kim Kataguiri (União-SP), Wilson Diniz disse que os recursos ainda não começaram a ser executados. “Há uma série de passos ainda a serem seguidos, a execução orçamentária ainda não aconteceu, mas a gente tem certeza de que ainda vai acontecer neste ano e, se possível também, uma parte da execução financeira”, informou.
Ainda respondendo a questionamento do parlamentar sobre a sobreposição de políticas públicas, ele garantiu que o ministério está sempre em contato com os outros órgãos envolvidos para que os recursos públicos sejam utilizados de forma eficaz.
Leilão do 5G
Conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Vicente Aquino destacou que as prestadoras ganhadoras do leilão do 5G terão de aportar R$ 3,1 bilhões para as escolas públicas de ensino básico. A Anatel formou o Grupo de Acompanhamento do custeio a Projetos de Conectividade de Escolas (Gape) para definir os projetos de conectividade e os prazos para serem concluídos.
O grupo já definiu, por exemplo, as velocidades mínimas para permitir o uso pedagógico e que o foco serão as regiões mais vulneráveis do País. Esses projetos serão submetidos ao conselho diretor da agência e deverão ser executados pelas empresas vencedoras do leilão, por meio da Entidade Administradora da Conectividade das Escolas (EACE).
Vicente Aquino pediu ainda a aprovação pela Câmara dos Deputados da PEC 47/21, que prevê a inclusão digital entre os direitos fundamentais do cidadão brasileiro. O texto foi aprovado pelo Senado em junho e foi remetido para a análise dos deputados.

Cenário hoje
Segundo o conselheiro da Anatel, a base de dados do Gape, que cruza diversas bases de dados do governo, mostra que hoje existem 138,8 mil escolas públicas estaduais e municipais de educação básica, sendo cerca de 85,8 mil urbanas e cerca de 52,9 mil rurais. “Existem 3.421 escolas que não têm sequer energia elétrica. Nós temos 13.493 escolas sem qualquer tipo de conectividade com a internet, sendo 12.053 na zona rural e 1.440 na zona urbana. Das 13.493 escolas sem conectividade, 4.358 estão na região Nordeste e 7.763 na região Norte”, informou.
“Olhando para as 125.310 escolas já conectadas, nós temos o seguinte cenário: 84.172 escolas possuem internet abaixo dos 50 mega necessários para o uso pedagógico, e mais de 92 mil escolas não possuem laboratório de internet”, completou.
Presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação de Pernambuco, Natanael Silva afirmou que a política pública para conectar escolas caminha a passos lentos e que a pandemia escancarou essa realidade, especialmente em escolas de áreas mais longínquas nas regiões Norte e Nordeste. “Muitas redes ficaram sem assistência ou sem condições de oferecer educação pelo meio tecnológico em razão da baixa conectividade ou falta de conectividade”, disse.
Outras iniciativas
Conrado Leiras Matos, representante do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), explicou a iniciativa do banco Educação Conectada, que prevê o apoio de R$ 22 milhões vindos do banco e mais R$ 27 milhões de parceiros. A ideia é apoiar a construção de 17 redes de conexão no Brasil.

Cristiene Castilho, representante da organização sem fins lucrativos MegaEdu, que busca levar internet de alta velocidade para escolas públicas, apresentou outros dados. Segundo ela, o Brasil ainda tem 30 mil escolas públicas sem acesso à internet. “Uma em cada cinco escolas está em regiões que não têm oferta de banda larga fixa”, frisou. Isso significa que, mesmo que haja empenho dos gestores locais, a conexão não seria possível. Ela acrescentou que “nem 10% das escolas conectadas têm velocidade adequada para o aprendizado”, sendo que 40 mil escolas (28%) estão em regiões que só tem acesso à internet por meio de cabo.
Segundo ela, os recursos disponibilizados por meio de iniciativas do Poder Executivo e de propostas aprovadas pelo Congresso ainda não foram utilizados de forma eficiente. Ela acrescentou ainda que o PIB do Brasil poderia saltar 6% se o Brasil conectasse todas as escolas.
Reportagem – Lara Haje
Edição – Roberto Seabra
Fonte: Câmara dos Deputados Federais


GERAL
Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.
A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.
O que é essa tarifa e como funciona?
A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.
Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.
Exemplo simples:
Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:
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Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.
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Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.
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Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.
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Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.
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Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.
Como isso afeta o Brasil?
A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:
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Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
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Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.
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Perda de mercado para concorrentes de outros países.
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Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).
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Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.
Quais produtos serão mais afetados?
A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:
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Carnes bovina, suína e de frango
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Café
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Suco de laranja
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Soja e derivados
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Minério de ferro e aço
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Aeronaves e peças da Embraer
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Cosméticos e produtos farmacêuticos
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Celulose, madeira e papel
Brasil pode retaliar?
O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.
E o consumidor brasileiro, será afetado?
Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.
O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).
A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.
O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.
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