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Comissão atua para superar entraves na repactuação dos acordos do crime de Mariana

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Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Audiência Pública "Repactuação do acordo referente ao rompimento da barragem de Fundão". Dep. Helder Salomão (PT - ES), dep. Rogério Correia (PT - MG), conselheiro do Conselho Nacional de Justiça, Luiz Fernando Bandeira De Melo, Advogado-Geral da União Adjunto, Junior Divino Fideles
A comissão externa sobre rompimento de barragens promoveu primeira audiência pública hoje

A comissão externa da Câmara sobre rompimento de barragens vai atuar na superação dos entraves na repactuação dos acordos de reparação do crime socioambiental de Mariana, que matou 19 pessoas em 2015, após o rompimento da barragem do Fundão. Um balanço da situação, realizado na primeira audiência pública do colegiado nesta terça-feira (7), mostrou atraso nas negociações e dúvidas quanto a pontos cruciais, como valor global e prazo das compensações, além da responsabilidade pela execução de obras.

A repactuação dos acordos é mediada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) desde 2021, diante do fracasso de reparações conduzidas pela Fundação Renova, representante das mineradoras Samarco, Vale e BHP Billiton. A mediação deve ser retomada em 15 de março após paralisações provocadas pelo calendário eleitoral e mudanças no governo federal.

O advogado-geral da União adjunto, Junior Fideles, explicou que uma das dúvidas do governo Lula diz respeito ao risco de as mineradoras usarem a repactuação para transferir a responsabilidade de reparação para União, estados e municípios. “Precisamos refletir sobre a suficiência ou não da transformação dessas obrigações de reparar, que antes eram das empresas, por obrigações de compensar mediante pagamento a órgãos públicos. Esse modelo nos atende?”, indagou.

Fideles defendeu a elaboração de diretrizes para a repactuação para, assim, retomar o processo de negociação no âmbito do Executivo.

O coordenador da comissão externa, deputado Rogério Correia (PT-MG), vai cobrar rapidez do governo nessa e em outras decisões sobre a repactuação, diante de urgências da população vivenciadas ao longo bacia do Rio Doce em Minas Gerais e no Espírito Santo. “A Casa Civil ficará responsável pela coordenação em todo o governo federal. Então, que a primeira visita técnica já seja, o mais breve possível, ao ministro Rui Costa para que a comissão inicie um debate com ele e, a partir daí, fazermos o nosso cronograma”.

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Audiência Pública "Repactuação do acordo referente ao rompimento da barragem de Fundão". Advogado-Geral da União Adjunto, Junior Divino Fidelis.
Advogado-geral da União Ajdunto, Junior Divino Fideles, teme que mineradoras transfiram responsabilidade de reparação para União

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Judicialização
Em busca de um balanço da situação atual, a audiência pública reuniu vários setores interessados na repactuação dos acordos de Mariana. De imediato, o coordenador nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Joceli Andreoli, resumiu o resultado do atraso nas ações efetivas. “O que é verdade, até agora, é que houve um crime que matou pessoas; destruiu um dos principais rios de Minas Gerais, que é o Rio Doce; contaminou o litoral capixaba; e até hoje não se reparou”, ressaltou.

Ele também criticou as posturas dos governos e das instituições de Justiça e voltou a cobrar reparação, sete anos depois de ocorrido o crime ambiental. “Em Mariana, os atingidos já não são mais os mesmos: pessoas morreram sem ter o direito ao reassentamento”, lamentou.

Diretamente de sua propriedade na Ilha Brava, na cidade mineira de Governador Valadares, Joelma Teixeira exibiu imagens do efeito do assoreamento do Rio Doce por lama e blocos de rejeito de minério de ferro, que afetam a saúde e a produção dos pequenos agricultores da região.

O secretário-adjunto de planejamento de Minas Gerais, Luiz Otávio de Assis, explicou o porquê de, até agora, quase 80% das 500 decisões colegiadas de reparação impostas à Fundação Renova não terem sido executadas. “O Comitê Interfederativo (CIF) decide, a Renova não cumpre, o comitê cobra e a Renova judicializa. Infelizmente, essa é a rotina da reparação hoje: um processo totalmente judicializado”, esclareceu.

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Diante do atraso, advogados ajuizaram ações de indenização nos tribunais da Inglaterra, onde a BHP Billiton está sediada. Uma das sentenças é esperada para 2024, com possibilidade de acordos prévios neste ano. Porém, o procurador da República Carlos Ferreira da Silva, que coordena a força-tarefa do Ministério Público sobre Mariana e Brumadinho, teme pelos efeitos dessa ação judicial internacional. “Porque o pressuposto do acordo na Inglaterra é o fracasso do processo judicial brasileiro. Além do terrível dano à imagem internacional do Brasil”, disse.

O mediador do CNJ, Luiz Fernando Bandeira de Melo, reforçou o discurso de que a repactuação é o melhor caminho para garantir efetivamente o atendimento dos direitos dos atingidos e das regiões afetadas pelo rompimento da barragem do Fundão. “É claro que o acordo dos sonhos não sairá necessariamente dessa mesa (de negociação). A gente lida sempre com o possível. Eu não consigo imaginar um contexto em que um juiz singular fosse condenar qualquer empresa em uma conta de R$ 65 bilhões. E, se o juiz der, o tribunal reforma. Se o tribunal não reformar, o STJ reforma. E, se o STJ não reformar, tente executar uma sentença de R$ 65 bilhões: é inexequível”, ponderou.

Os R$ 65 bilhões citados por Bandeira de Melo são relativos às verbas compensatórias negociadas pelo CNJ na repactuação, até o fim do ano passado. A intenção é fechar um dos maiores acordos de ressarcimento do mundo, com valores próximos a R$ 112 bilhões, incluindo as indenizações. Porém, alguns representantes do movimento dos atingidos calculam que o valor necessário para as reparações estaria em torno de R$ 200 bilhões.

Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Geórgia Moraes

Fonte: Câmara dos Deputados Federais

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Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.

A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.

O que é essa tarifa e como funciona?

A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.

Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.

Exemplo simples: 

Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:

  • Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.

  • Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.

  • Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.

  • Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.

  • Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.

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Como isso afeta o Brasil?

A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:

  • Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.

  • Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.

  • Perda de mercado para concorrentes de outros países.

  • Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).

  • Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.

 

Quais produtos serão mais afetados?

A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:

  • Carnes bovina, suína e de frango

  • Café

  • Suco de laranja

  • Soja e derivados

  • Minério de ferro e aço

  • Aeronaves e peças da Embraer

  • Cosméticos e produtos farmacêuticos

  • Celulose, madeira e papel

Brasil pode retaliar?

O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.

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E o consumidor brasileiro, será afetado?

Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.

O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).

A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.

O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.

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