POLITÍCA NACIONAL
Comunicação pública é defendida em Simpósio Nacional do Rádio
POLITÍCA NACIONAL
Debatedores do 6° Simpósio Nacional do Rádio defenderam nessa segunda-feira (27) o fortalecimento e a expansão da comunicação pública. O evento – realizado na Câmara dos Deputados em homenagem aos 25 anos da Rádio Câmara – reuniu jornalistas, professores, pesquisadores e estudantes de comunicação em geral. A coordenadora de programas da Rádio Câmara, Verônica Lima, fez questão de esclarecer confusões em torno do perfil público ou estatal da emissora.
“A Rádio Câmara, juridicamente, é uma emissora estatal: nós estamos dentro do organograma da Câmara dos Deputados. Só que, desde o primeiro documento [de criação], já tinha indicativos de que se queria fazer – e que se faz até hoje – comunicação pública no sentido mais amplo: comunicação voltada para a coletividade e voltada para as pessoas. E isso fica evidenciado na história da Rádio Câmara”, disse a coordenadora.
Verônica Lima mostrou documentos, manuais de redação, políticas de comunicação e planejamento estratégico que consolidaram a comunicação pública da Rádio Câmara.
Pluraridade
A emissora surgiu, há 25 anos, para suprir lacunas da mídia comercial e oferecer à população notícias diretamente da fonte legislativa, com garantia de pluralidade diante dos 513 deputados.
Com o tempo, a Rádio Câmara ganhou novos programas temáticos e didáticos, campanhas e coberturas especiais, que aumentaram a diversidade de vozes da população nas transmissões. Emissoras parceiras, Rede Legislativa de Rádio e Televisão e presença nas redes sociais fortalecem essa estratégia.
Servidores concursados
O diretor da Rádio Senado, Celso Cavalcanti, afirmou que o trabalho de servidores concursados também reforça o papel de pluralidade da comunicação pública.
“A gente tem uma diversidade muito grande de pessoas que chegaram [à rádio] de diferentes regiões do País por meio de concurso público e aí nós temos uma equipe plural, legitimada pelo próprio concurso público, a também fazer uma comunicação de interesse público.”
Rádio Senado
O fortalecimento dessa pluralidade de visões está prevista no Manual de Comunicação do Senado. Segundo Celso Cavalcanti, a Rádio Senado busca ampliá-la por meio de programas e reportagens especiais, muitas delas com foco em temas e grupos que têm pouco espaço na mídia tradicional.
A emissora está presente em Brasília e em mais 17 capitais.
EBC
Ligada ao poder Executivo, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) presta serviços de comunicação governamental e também de comunicação pública, que está em fase de expansão.
A Rede Nacional Pública de Rádio já conta 91 parceiras, presentes em todas as regiões do País.
A diretora-geral da EBC, Maíra Bittencourt, explicou a estratégia de expansão. “Acho que o grande desafio da EBC hoje, em termos de rádio, é a expansão territorial para que a gente consiga efetivamente levar a comunicação pública para todo território nacional. Desde o início do ano passado, a gente tem investido em um movimento grande de expansão, em parcerias com instituições públicas que possam ser essa presença da comunicação pública lá na ponta”, detalhou Maíra.
Há perspectiva de novas estações em 122 municípios de 23 estados por meio de parcerias com 67 universidades públicas e institutos federais. Também há estratégias de “central de compras” para facilitar a aquisição de equipamentos para as futuras parceiras.
Função social do rádio
Para a coordenadora do Grupo de Pesquisa em Rádio e Mídia Sonora da Intercom, Debora Lopez, a pluralidade e a diversidade de vozes da comunicação pública reforçam a função social do rádio.
“A zona de conforto é ótima para a gente, mas não é tão boa para a comunicação. Ela não é tão boa para o compromisso público nem para a função social do rádio. Como radiodifusores e pesquisadores, nós temos um compromisso com a contação da história do mundo.”
O 6° Simpósio Nacional do Rádio é realizado pela Intercom em parceria com a Universidade de Brasília e tem o apoio da Rádio França Internacional e do CEFOR, Centro de Formação da Câmara dos Deputados.
Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Natalia Doederlein
Fonte: Câmara dos Deputados


GERAL
Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.
A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.
O que é essa tarifa e como funciona?
A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.
Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.
Exemplo simples:
Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:
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Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.
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Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.
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Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.
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Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.
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Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.
Como isso afeta o Brasil?
A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:
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Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
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Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.
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Perda de mercado para concorrentes de outros países.
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Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).
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Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.
Quais produtos serão mais afetados?
A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:
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Carnes bovina, suína e de frango
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Café
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Suco de laranja
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Soja e derivados
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Minério de ferro e aço
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Aeronaves e peças da Embraer
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Cosméticos e produtos farmacêuticos
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Celulose, madeira e papel
Brasil pode retaliar?
O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.
E o consumidor brasileiro, será afetado?
Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.
O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).
A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.
O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.