POLITÍCA NACIONAL
Deputados cobram posição mais ativa do Brasil em relação à guerra na Ucrânia
POLITÍCA NACIONAL

O conflito na Ucrânia foi mencionado por diversos deputados como tema de preocupação durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados que ouviu o chanceler Carlos França nesta quarta-feira (18).
Na avaliação do deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), uma postura neutra pode causar uma má impressão do Brasil, uma vez que há vítimas do conflito na Ucrânia e na Rússia. O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) cobrou do ministro uma diplomacia mais ativa. “Não pode reduzir o conflito à questão dos fertilizantes, sem interceder pela paz”, afirmou.
O ministro Carlos França disse que o Brasil não está passivo e reafirmou o posicionamento do País como sendo de defesa do cessar fogo imediato e de negociação de uma paz duradoura, que contemple a segurança da Ucrânia e da Rússia. “Só existe uma alternativa à negociação: a vitória total de um lado sobre o outro. Buscar a vitória militar aumenta o risco de que toda a humanidade seja derrotada”, observou o chanceler.
O ministro revelou ainda que a posição do Brasil em relação à guerra no Leste Europeu tem sido elogiada por diferentes países e que o presidente Jair Bolsonaro colocou-se à disposição para integrar um grupo de líderes políticos dispostos a dialogar com Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky. O assunto foi tratado recentemente pelos chanceleres do Brasil e da Turquia.
França reconheceu, entretanto, que a prioridade brasileira é assegurar o fornecimento de fertilizantes agrícolas, cuja importação foi prejudicada pelo conflito. Segundo ele, o objetivo é garantir a segurança alimentar da população e as atividades da agroindústria, que têm sido o pilar central para a recuperação do Brasil no período pós-pandemia. “Mantemos diálogo com países produtores, como Arábia Saudita, Canadá, Irã e Nigéria. O presidente Jair Bolsonaro empenhou-se pessoalmente neste tema”, ressaltou.
Por mais de quatro horas, o chanceler respondeu a questionamentos de diversos deputados sobre diferentes temas. O pedido para realização da audiência é do presidente do colegiado, deputado Pedro Vilela (PSDB-AL), e da deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC).
Eleições
Questionado por deputados sobre a possibilidade de participação da União Europeia como observadora internacional nas eleições de outubro, Carlos França mostrou estranheza. Ele disse ser difícil ter como observadora uma organização da qual o Brasil não faz parte e que não costuma desdobrar missões eleitorais para seus países membros.
O deputado Delegado Éder Mauro (PL-PA) questionou o que observadores externos poderão fazer no Brasil durante as eleições. “Eles não terão acesso nenhuma sala de observação. Você pode mandar até o papa, ele vai observar e vai balançar a cabeça para o que vier.” Na opinião do parlamentar, só as Forças Armadas podem garantir a democracia no País.
O deputado Carlos Zarattini citou artigos internacionais que alertam para ameaças à democracia brasileira e indagou se a indefinição sobre a participação de Bolsonaro na Cúpula das Américas, que acontece em junho em Los Angeles, seria uma estratégia para “fugir desses questionamentos”.

Vacinas
Em um balanço das ações da pasta, o ministro destacou o que chamou de “diplomacia da saúde” ou o trabalho para garantir o fornecimento de vacinas contra a Covid-19 para a população.
“O presidente Bolsonaro conseguiu pelos menos 800 milhões de doses de vacina para a população, por intermédio do Ministério da Saúde, de maneira gratuita a quem queira se vacinar”, listou Carlos França. “Agora, o presidente preza a questão da liberdade de se vacinar ou não. Não me cabe questionar a posição do presidente, mas o governo cumpriu o seu papel de fornecer a quem quer que fosse a sua dose de vacina.”
O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) criticou o fato de o Brasil não ter participado, em 2020, da iniciativa internacional para compra e distribuição de vacinas contra a Covid-19. Carlos França respondeu que a chamada Covax Facility não esteve à altura do desafio da pandemia.
Mercosul e Brics
O deputado Pedro Vilela (PSDB-AL) defendeu o Mercosul como agenda prioritária da comissão. À deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), França negou que o Brasil tenha perdido protagonismo no bloco. “Eu converso com chanceleres do Mercosul o todo tempo”, afirmou o chanceler.
Ele negou ainda que a relação brasileira com o Brics (agrupamento econômico composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) esteja sendo colocado de lado, como avaliou Perpétua Almeida. “O presidente do Brasil não buscou reunir o grupo do Brics neste momento da guerra da Ucrânia”, afirmou a parlamentar. Segundo França, no entanto, ele próprio tem participado de reuniões do grupo.
O deputado Pedro Vilela também questionou o ministro sobre uma possível entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Carlos França explicou que o convite para o ingresso veio em janeiro deste ano e que o Brasil agora corre contra o tempo para responder às demandas da organização. Ele acredita que o País tem condições de terminar o processo em até dois anos.
Meio ambiente
O deputado Marcel van Hattem afirmou que é ruim a imagem do Brasil internacionalmente em relação à pauta ambiental, mas, segundo Carlos França, o governo tem compromisso com a preservação. Não há, disse, política deliberada de destruição do meio ambiente. Ele também disse que a responsabilidade não é apenas do governo, mas de toda a sociedade.
França apontou ainda a ativa participação do Brasil na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26), em novembro de 2021. Entre os destaques, ele citou a antecipação de 2060 para 2050 da meta brasileira de zerar as emissões de carbono na atmosfera.
Reportagem – Noéli Nobre
Edição – Geórgia Moraes
GERAL
Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.
A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.
O que é essa tarifa e como funciona?
A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.
Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.
Exemplo simples:
Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:
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Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.
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Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.
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Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.
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Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.
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Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.
Como isso afeta o Brasil?
A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:
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Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
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Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.
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Perda de mercado para concorrentes de outros países.
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Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).
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Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.
Quais produtos serão mais afetados?
A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:
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Carnes bovina, suína e de frango
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Café
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Suco de laranja
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Soja e derivados
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Minério de ferro e aço
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Aeronaves e peças da Embraer
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Cosméticos e produtos farmacêuticos
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Celulose, madeira e papel
Brasil pode retaliar?
O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.
E o consumidor brasileiro, será afetado?
Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.
O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).
A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.
O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.
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