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Museu de Arte do Rio traz conceito de Lélia Gonzales em nova bandeira

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O Museu de Arte do Rio (MAR) tem uma nova bandeira, hasteada hoje (27), que ficará como símbolo do equipamento até o primeiro semestre do ano que vem. Criada pela artista Rosana Paulino, um dos principais nomes da arte brasileira contemporânea, com trabalhos atualmente expostos na Bienal de Veneza, a obra traz conceito da filósofa Lélia Gonzalez e propõe reflexões sobre o lugar de fala da mulher negra e ancestralidade afro-brasileira.

“A gente tinha muito desejo, já há algum tempo, de pensar uma nova bandeira com a Rosana. O MAR já fez, inclusive, uma individual com a Rosana de muito sucesso (Rosana Paulino: A Costura da Memória, em 2019). Então, a gente já tinha a ideia de convidá-la para fazer a bandeira e, agora, entrou em cartaz a exposição Um Defeito de Cor, que trata das discussões raciais, da escravidão, da presença das pessoas negras vindas na diáspora. Com isso, foi importante coincidir as duas coisas, convidamos a Rosana para criar uma bandeira exclusiva para o MAR e ela nos deu esse presente”, disse à Agência Brasil o curador chefe do museu, Marcelo Campos.

A artista se baseou no conceito de “Pretuguês” da filósofa Lélia Gonzalez. Trata-se de um conceito de junção, e de orgulho também, onde os falares brasileiros misturariam referências das línguas africanas com referências do português clássico vindo do colonizador, explicou Campos. “A gente teve grandes nomes em torno dessa ideia do “pretuguês”, como Clementina de Jesus, os antigos sambistas, que gravavam em uma língua que não caberia na norma culta da língua”, comentou Marcelo Campos.

Segundo ele, quando Lélia traz a ideia do que seria o “pretuguês”, ela liberta essa relação de erro, que pode ser muito mais uma espécie de sotaque, de modo popular do brasileiro falar, do que, necessariamente, um erro gramatical.

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Espadas

Nova bandeira do Museu de Arte do Rio, na Praça Mauá, leva imagem de mulher negra, criada pela artista Rosana Paulino. Nova bandeira do Museu de Arte do Rio, na Praça Mauá, leva imagem de mulher negra, criada pela artista Rosana Paulino.

Nova bandeira do Museu de Arte do Rio, na Praça Mauá, leva imagem de mulher negra, criada pela artista Rosana Paulino. – Fernando Frazão/Agência Brasil

A bandeira mostra a imagem de perfil de uma mulher negra cuspindo espadas de São Jorge. Para Rosana Paulino, trazer a frase de uma pensadora negra como Lélia é uma oportunidade de discutir questões relativas ao racismo, como o feminismo negro e a demonização dos elementos de poder ligados à cultura negra.

“A ideia da bandeira é trazer elementos inerentes à cultura negra e, assim, discutir questões relativas ao racismo, como o uso – e demonização, por algumas pessoas – dos elementos de poder ligados à cultura negra, como é o caso das plantas de Axé, representadas pela espada de Iansã, Orixá feminino de grande força e presença na cultura afro-brasileira. Ao trazer a frase de uma intelectual mulher, levantamos também a questão da presença e força feminina negra no país, nesse momento. Não seremos mais caladas. As palavras são a nossa força, daí o modo como aparece simbolicamente como “arma”, como espada e lâmina, no formato da planta ritual que é a espada de Iansã”, afirmou Rosana Paulino.

Nascida em São Paulo, em 1967, Rosana Paulino é artista, educadora e curadora, doutora em artes visuais pela Universidade de São Paulo (USP). Ela tem se destacado por sua produção ligada a questões sociais, étnicas e de gênero, abordando temas como a posição da mulher negra na sociedade brasileira, a violência racial e as marcas deixadas pela escravidão. Possui obras importantes no Museu de Arte Moderna de São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo e no Museu Afro-Brasil – São Paulo.

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Importância

Na avaliação do diretor e chefe da representação da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) no Brasil, Raphael Callou, o hasteamento da bandeira é uma forma de o MAR reafirmar a importância de ter a mulher negra no lugar mais alto do museu.

“Trazer a Rosana Paulino para fazer a bandeira é seguir a vocação que nós acreditamos. O MAR é um museu que encontra sua vocação quando se posiciona. Nesse sentido, nós sempre procuramos trazer exposições e ocupações que estejam vinculadas às questões sociais, afro-brasileiras e indígenas e às questões de território. Nós também sabemos da importância da Rosana no cenário da arte brasileira e internacional. Dessa forma, trazê-la para o MAR e colocá-la no topo do museu é muito representativo”.

A OIE é gestora do museu desde janeiro deste ano, apoiando as programações expositivas e educativas do MAR a partir de um conjunto de atividades. 

Funk

No segundo semestre de 2023, o MAR terá nova bandeira. “A gente tem mais de uma bandeira por ano”, informou Marcelo Campos.

Para o próximo ano, um dos principais assuntos a serem abordados pelo Museu será o funk.

“E, provavelmente, a gente vai buscar uma bandeira relativa a essa questão. Mas ainda não temos nenhum nome escolhido”. .

Edição: Lílian Beraldo

Fonte: EBC Geral

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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas

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A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.

Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.

Críticas e denúncias

No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.

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“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.

A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.

Impacto na cidade

Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.

Custos e processo de construção

O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.

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Notas da Prefeitura

Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.

A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.

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