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Ilu Obá de Min abre carnaval paulistano com ópera de rua
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O bloco Ilú Obá de Min abre hoje (17) o carnaval de São Paulo com um ópera de rua. O desfile será à noite nas ruas do centro da capital. “A gente está preparando o maior cortejo da história do Ilu”, diz umas das coordenadoras do bloco, Daiane Pettine sobre o espetáculo que tem como tema Akíkanjú: Pensamento e Bravura, de Sueli Carneiro.
São quatro atos que fazem referência a espaços importantes para a história da cultura negra na cidade. Um dos pontos de parada será as escadarias do Theatro Municipal, onde, em 1978, foi fundado o Movimento Negro Unificado. Nessa parada, será lido um manifesto artístico e cultural a partir da obra da filósofa e escritora Sulei Carneiro, a homenageada deste ano.
Estará nas ruas uma bateria formada por 350 mulheres, além de 50 artistas com perna de pau e dançarinos. As compositoras do bloco prepararam uma série de músicas com referências à vida e obra da filósofa. O eixo bem da palavra iorubá akíkanjú tem significado que remete à bravura e coragem de um coletivo.
“A gente enxerga muito a Sueli como esse farol filosófico, de projeto de mundo, que se relaciona intimamente com o Ilu. É um projeto que defende igualdade de gênero, racial, igualdade de oportunidades para as pessoas negras deste país”, explica Pettine sobre como a homenagem se dá na construção do bloco.
A bravura foi fundamental para o Ilu, segundo a coordenadora, durante os três anos em que o bloco teve que ficar fora das ruas devido à pandemia de covid-19. “Esses dois anos de pandemia, com certeza, foram um baque muio grande para todo mundo que trabalha na cultura, não só pela saudade de estar na rua, fazendo arte, oferecendo programação gratuita de qualidade. Mas, também, porque os artistas ficaram sem apoio e espaço para fazer da vida o seu propósito, que é criar e compartilhar com as pessoas”, diz.
O Ilu Obá de Min foi fundado há 18 anos por Beth Beli, Girlei Miranda e Adriana Aragão. Contando, atualmente com cerca de 400 integrantes, o bloco tem como influências diversas manifestações da cultura afrobrasileira, como os tambores de candomblé, o maracatu, o coco, o samba e o baião.
Para o desfile de hoje, o Ilu se concentra às 18h, na Praça da República, e vai em direção ao Largo do Paissandú.
No domingo, a concentração será às 13h, na Rua Conselheiro Brotero, na Santa Cecília, com o cortejo seguindo em direção ao Armazém do Campo, na Alameda Eduardo Prado. Haverá um espaço reservado para as famílias atrás da bateria. “A gente quer que as famílias e as famílias pretas estejam com a gente”, afirma Pettine.
Edição: Graça Adjuto
Fonte: EBC Geral


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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