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Evento na ABI debate papel do jornalismo na defesa da democracia

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Foi encerrada hoje (31), na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, a 1ª Semana Nacional de Jornalismo. A última mesa do evento trouxe especialistas para discutir a conjuntura nacional e os desafios da comunicação. Os participantes refletiram sobre o comportamento da imprensa nas disputas políticas e ideológicas que movimentaram o país nos últimos anos, com destaque para o avanço da extrema-direita, fake news e atos antidemocráticos.

A primeira a falar no evento foi a jornalista Tereza Cruvinel, ex-presidente da Empresa Brasil de Comunicação, que atualmente é comentarista e colunista na TV 247. Ela criticou a atuação da grande mídia nas décadas recentes e defendeu o resgate dos fundamentos da profissão.

“O fato é que nós não aprendemos a lidar com fake news. E uma coisa importante para neutralizá-las é a produção de um jornalismo de qualidade, seja pelas mídias convencionais, seja pelas mídias complementares, como as independentes e as públicas. Nessa conjuntura, eu acho muito importante resgatar um jornalismo atento aos seus mandamentos históricos, que foi tão importante entre o fim da ditadura, em 1985, até a primeira posse do presidente Lula. Depois de 2003, nós vimos a mídia, em geral, descambar para uma mídia de oposição, para a confusão do seu próprio papel, que negligenciou o compromisso com a apuração e a verdade em função de interesses político-ideológicos”.

Helena Chagas, ex-ministra da Secretaria de Comunicação Social do governo Dilma Roussef, e sócia e colunista do site Os Divergentes, seguiu raciocínio semelhante. Ela entende que o jornalismo atual teve seu papel informativo desvirtuado e o que vem predominando são os conteúdos opinativos e partidários. Esse seria um dos motivos para o crescimento das ideias extremistas.

“Nós estamos passando por uma transição que eu acho muito perigosa, porque envolve um modelo de negócios e, no fim, a opinião está sendo cada vez mais valorizada em detrimento da informação pura e simples. É um jornalismo diferente, é um modelo de negócios diferente, e eu não sei se a gente vai conseguir resgatar aquele jornalismo que nós aprendemos a fazer”, disse Helena Chagas. “O principal é que a maioria dos veículos se volte para a consolidação democrática. A comunicação tem um papel muito importante para combater o golpismo, garantir a democracia e as eleições”.

O jornalista e escritor Fernando Molica, que trabalhou em empresas como a Folha de São Paulo, Globo e CNN, reforçou o impacto que as redes sociais e a segmentação de conteúdos feita por algoritmos teve no processo de radicalização política do país.

“Se a pessoa é alinhada ao Trump e à extrema-direita norte-americana, por exemplo, só vai receber notícias sobre o assunto. Isso, com o tempo, vai gerando uma dificuldade de diálogo que é muito complicada. Porque a imprensa sempre teve essa possibilidade de diálogo. Havia uma discussão e a imprensa participava mais ativamente nesse processo de mediação dos eventos”, disse Molica. “Precisamos pensar em como recriar o papel da imprensa, do jornalismo, como mediador da sociedade. Não é um papel neutro, isento. Isso não existe. O que existe é uma honestidade em relação aos fatos. E esse papel de mediação nós estamos perdendo”.

O presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Hélio Doyle, encerrou a mesa de debates e propôs uma reflexão sobre os caminhos que levaram boa parte da sociedade a desacreditar do trabalho jornalístico em prol de outras formas de comunicação de caráter duvidoso. Para ele, é importante que as mídias, sejam as de grande circulação, alternativas ou públicas, falem para todos os grupos sociais. Seria uma forma de diminuir a segmentação e a partidarização no jornalismo.

“A pluralidade é fundamental para o jornalismo, é inerente ao bom jornalismo. Todos os lados devem ser ouvidos, a pluralidade tem que se manifestar e o jornalismo tem essa obrigação de refletir a diversidade da sociedade brasileira”, disse Doyle. “Todo debate é positivo. É preciso que a gente entenda melhor o surgimento das redes sociais e das mídias digitais, para trabalhar com essa nova realidade. Então, o debate é fundamental”.

Fonte: EBC GERAL

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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas

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A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.

Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.

Críticas e denúncias

No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.

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“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.

A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.

Impacto na cidade

Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.

Custos e processo de construção

O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.

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Notas da Prefeitura

Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.

A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.

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