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Cabíria Festival promove mulheres e diversidade em São Paulo
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Com uma programação que oferece ao público uma mostra de filmes, encontros de formação e trocas de experiências com convidadas nacionais e internacionais, o Cabíria Festival Audiovisual, que celebra e promove as mulheres e a diversidade no audiovisual, realiza mais uma edição. O evento é todo gratuito.
Neste ano, ele é realizado de forma híbrida, com programação de filmes presenciais na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, que acontece até esta sexta-feira (21). Já a programação online será realizada até o próximo domingo (23) por meio do Spcine Play, Telecine e MUBI. Para o MUBI, é preciso utilizar o cupom cabiriafestival.
“O Cabíria Festival é um evento anual que busca ser um encontro de diferentes realizadoras e realizadores para instigar a fazer audiovisual. É um festival de cinema, que foca nas diferentes maneiras de se fazer audiovisual como filmes, podcasts, séries e audiocasts, entre outros. Nosso intuito é debater, de forma pragmática, quais são as ações em busca de uma maior paridade de gênero dentro de uma cadeia produtiva que é tão vertical e sexista”, disse Vânia Matos, diretora, curadora e produtora executiva do festival.
“O Cabíria é uma grande provocação para que mais mulheres e mais conteúdos realizados por pessoas da comunidade LGBTQIA+ estejam em posições definidoras de obras atrás das telas e com representações mais interessantes em frente das telas”, acrescentou.
A programação apresenta 16 filmes, entre curtas e longas, como o inédito Fogaréu, de Flávia Neves, indicado no ano passado a melhor filme no Festival do Rio. Entre os destaques está também o multipremiado Saint Omer, da cineasta franco-senegalesa Alice Diop, que terá exibição única e gratuita no Brasil no encerramento do festival.
“A gente sempre busca um recorte curatorial provocativo para trazer uma gama de realizadoras contemporâneas que dialoguem com os diferentes processos e formas de fazer audiovisual”, revelou Vânia.
Cineasta é homenageada
Na edição deste ano a homenageada é a cineasta e artista visual Everlane Moraes, cujos filmes destacam as questões sociais, filosóficas e espirituais da diáspora negra. Everlane já realizou oito curtas-metragens, sendo a maioria deles documentários interessados no registro de personagens e territórios familiares. Seu trabalho mescla a ficção com a linguagem documental, apresentando uma narrativa cotidiana e decolonial.
“Ela traz uma perspectiva de um cinema autoral, debatendo os trânsitos de toda uma afro-diáspora, que é sua origem ancestral, para a tela. Ela sempre provoca um debate político, fugindo de ser panfletário”, acentuou Vânia.
Todo o trabalho de Everlane será apresentado no festival, inclusive pela plataforma Spcine Play. E quem for até a Cinemateca Brasileira ainda poderá presenciar uma videoinstalação com exibição dos filmes Pattaki, Aurora e Caixa D’água: Qui-lombo é esse?
“Aceito essa homenagem com muita humildade, entendendo que há muitas mulheres importantes, com muito tempo de carreira, e que fazem parte dessa trajetória e são referências para mim. Quando recebo esse prêmio acredito que ele não é uma homenagem só a mim, mas a toda essa trajetória em que mulheres também estiveram ao meu lado, ou vieram antes e depois de mim”, disse a cineasta, em entrevista à Agência Brasil.
“De alguma maneira, essa homenagem está incumbida de todo esse processo de ser uma cineasta negra no Brasil. A homenagem é direcionada a mim, mas compartilho com todas as mulheres. No cinema negro trabalhamos de maneira coletiva. Sempre celebramos coletivamente nossas conquistas, que é sempre um legado de luta e de resistência”, acrescentou.
Programação de hoje
Na programação desta sexta-feira (21) do festival, por exemplo, está a realização do workshop Produção e Distribuição com Elo Studios e Telecine, que contará com Barbara Sturm, diretora de conteúdo e vendas na Elo Studios, criadora e coordenadora do Selo ELAS, e Gabriel Cohen, responsável por aquisição e coprodução no Telecine. E às 16h15, o MUBI ainda vai apresentar o filme Shiva Baby, da cineasta canadense radicada nos Estados Unidos, Emma Seligman.
Além dos filmes, o festival promove também workshops, palestras e debates. Para participar desses eventos é preciso se inscrever antecipadamente pelo site.
Mulheres e o audiovisual
Um estudo feito pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) demonstrou que a participação de mulheres em projetos de direção e de roteiro no cinema nacional é muito baixa. E foi a partir disso que o Cabíria Festival surgiu.
“A partir desses dados, nós começamos a nos provocar sobre quais ações seriam possíveis para alterar esse cenário. E quando você cria um festival, você cria um encontro, cria uma festa e cria temas a serem provocados e debatidos. O festival cria luz a uma questão que se quer transformar”, disse Vânia.
Segundo a curadora, uma das maiores dificuldades encontradas pelas mulheres brasileiras no setor audiovisual é o acesso a recursos.
“A maior dificuldade é acessar recursos, ter validação dentro de um mercado onde as decisões são tomadas por pessoas muito semelhantes. Então, quanto mais diversidade a gente tiver entre quem toma as decisões, seja de uma obra, um recurso ou um fomento, mais diversidade se terá nas telas. O Cabíria Festival, com seus debates, provocações, temas e atividades, pretende provocar esse lugar onde passamos a enxergar, ano a ano, mudanças”, assegurou Vânia.
Dificuldades
Como mulher negra, Everlane reconhece que as dificuldades encontradas neste setor passam pela questão de recursos, mas são ainda maiores.
“Minhas primeiras oportunidades vieram daí [das dificuldades encontradas por sua mãe para criá-la]. Esse cinema brasileiro se sustentou e se sustenta [pelas] mãos de trabalho árduo de pessoas negras que estão atrás das câmeras como, por exemplo, no maquinário. Os negros sempre estiveram na base da realização do cinema brasileiro – ou na frente das câmeras sacrificando seus corpos para narrativas hegemônicas ou atrás das câmeras em funções subalternas. Não que estas não sejam importantes, mas eram apenas essas funções que os negros exerciam”, destacou ela.
“Estamos conseguindo driblar esse cenário e mudar essa dinâmica, essa ideia de hierarquia no set. Mas é bem difícil. Cheguei nessa carreira atravessando muitos obstáculos”, relatou a cineasta.
Para mudar esse cenário, Everlane disse que é preciso que o governo crie “políticas públicas afirmativas, reparatórias, sociais e permanentes”.
“É preciso investimento pesado na formação de toda a cadeia produtiva e criativa de fomento do audiovisual e em todos os lugares do Brasil, abarcando toda a diversidade de discursos, culturas e olhares”, salientou a cineasta.
“O governo precisa entender que essa é uma área estratégica do ponto de vista educacional, cultural, político, de memória e até econômico. A gente movimenta muito dinheiro, muito público, muitos espaços e instituições. Não se faz cultura sem dinheiro. Não se faz arte sem política”, acrescentou. Mais informações sobre o Cabíria Festival Audiovisual podem ser acessadas pelo site.
Fonte: EBC GERAL


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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