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Livro “Mulheres e Lobby no Parlamento Brasileiro” mostra barreiras de gênero enfrentadas no espaço político

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A Secretaria da Mulher lançou, nesta quarta-feira (23), o livro “Mulheres e Lobby no Parlamento Brasileiro”, de Francine Moor. A obra, publicada pelas Edições Câmara, trata da atuação das mulheres no Congresso Nacional no campo das relações institucionais e governamentais, com foco nas barreiras de gênero enfrentadas pelas profissionais, incluindo assédio moral e sexual, desqualificação e restrição temática. 

Segundo o livro, as mulheres representam cerca de 1/3 dos  profissionais do setor de lobby e, como ocorre em outros setores econômicos, continuam sendo minoria nos cargos de chefia e ganham menos do que os homens por atividades semelhantes. Além disso, enfrentam barreiras como a sobrecarga por conta da tarefa do cuidado de filhos e dependentes, o assédio moral e sexual, além de estereótipos ligados ao gênero. 

“Espera-se que as mulheres falem sobre determinados assuntos, principalmente sobre temas ligados ao cuidado, como saúde e educação. Quando elas chegam para falar de temas como infraestrutura, por exemplo, enfrentam mais dificuldade”, explicou Francine. Em relação ao assédio, a pesquisadora destacou que ele impacta na escolha de determinadas estratégias de atuação pelas mulheres, que acabam gastando muito mais tempo e energia para entregar resultados similares no trabalho. Barreiras adicionais são enfrentadas por mulheres negras, idosas e nordestinas, por exemplo.

Conforme Francine Moor, o universo da política ainda é masculino, e, com a publicação, ela espera contribuir para a busca da igualdade. “Quando as mulheres são constantemente afastadas das mesas de decisão do campo político, a qualidade da produção das políticas públicas é afetada negativamente”, avalia.

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Regulamentação do lobby
O lobby é a defesa de interesses setoriais junto aos tomadores de decisão. Desde 2018, a atividade consta no Cadastro Brasileiro de Ocupações do Ministério do Trabalho como “relações institucionais e governamentais”, mas a atividade ainda não foi regulamentada no Brasil. Uma proposta de regulamentação (PL 1202/07) foi aprovada pela Câmara dos Deputados em novembro do ano passado e aguarda análise do Senado Federal.

A autora considera a aprovação da proposta de regulamentação pela Câmara um avanço, e ressalta que o texto final  prevê inclusive punição para o assédio.  Conforme a pesquisadora, quanto mais claras são as regras para o exercício de uma atividade, mais equitativo é o acesso e a atuação nesse espaço. De acordo com Francine, nos países em que a atividade já foi regulamentada, a presença das mulheres aumentou. O relator da proposta da regulamentação, deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG), compareceu ao evento e elogiou o livro.

Também presente no lançamento, a deputada Iza Arruda (MDB-PE), representando a coordenadoria da bancada feminina da Câmara, destacou a necessidade de se ter mais mulheres nos espaços de poder, para uma democracia verdadeira. Segundo ela, o livro demonstra as dificuldades enfrentadas pelas mulheres nos espaços da política, e a regulamentação do lobby pode ajudar a atuação das mulheres nesses espaços, tradicionalmente masculinos. A parlamentar lembrou que as próprias deputadas ocupam apenas 18% das cadeiras da Câmara.

Já a coordenadora do Observatório Nacional da Mulher na Política, deputada Yandra Moura (União-SE), acredita que o livro vai ajudar o observatório a formular políticas públicas sobre o tema. Ela também chamou a atenção para o assédio sexual no Parlamento, e afirmou que é preciso trabalhar para mudar esse quadro. Segundo ela, pesquisas indicam que, quanto mais mulheres ocupam espaços de poder, o resultado é mais justiça social, mais igualdade e menos corrupção.

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A deputada Laura Carneiro (PSD-RJ) também defendeu a  regulamentação do lobby por conta da questão de gênero, porque a mulher também é “relegada nesse plano”.

Uma pesquisa organizada pela Coalizão de Educação e Combate ao Assédio em Relações Governamentais (“Mulheres Profissionais de RIG 2023”) revelou que as profissionais da área recebem menos que os homens e têm acesso a menos oportunidades; e que 80% das entrevistadas afirmam já terem sido assediadas moral ou sexualmente.  

Sobre a autora
Francine Moor é mestra em Poder Legislativo pelo Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento (Cefor) da Câmara dos Deputados, especialista em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB) e graduada em Jornalismo pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí). Atua em relações institucionais e governamentais há 12 anos e coordena o Comitê Mulher da Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig).

A publicação “Mulheres e Lobby no Parlamento Brasileiro” pode ser encontrada na Livraria da Câmara, tanto na loja virtual quanto na loja física, que fica no Anexo II da Câmara dos Deputados. 

Reportagem – Lara Haje
Edição – Rodrigo Bittar

Fonte: Câmara dos Deputados

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GERAL

Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.

A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.

O que é essa tarifa e como funciona?

A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.

Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.

Exemplo simples: 

Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:

  • Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.

  • Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.

  • Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.

  • Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.

  • Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.

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Como isso afeta o Brasil?

A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:

  • Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.

  • Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.

  • Perda de mercado para concorrentes de outros países.

  • Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).

  • Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.

 

Quais produtos serão mais afetados?

A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:

  • Carnes bovina, suína e de frango

  • Café

  • Suco de laranja

  • Soja e derivados

  • Minério de ferro e aço

  • Aeronaves e peças da Embraer

  • Cosméticos e produtos farmacêuticos

  • Celulose, madeira e papel

Brasil pode retaliar?

O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.

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E o consumidor brasileiro, será afetado?

Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.

O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).

A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.

O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.

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