POLITÍCA NACIONAL
Debatedores apontam desafios de trabalhadores imigrantes e refugiados no Brasil
POLITÍCA NACIONAL
Faltam oportunidades de trabalho para migrantes no Brasil, apontou discussão realizada pela Comissão Mista sobre Migrações Internacionais e Refugiados em audiência pública com convidados do governo e de entidades ligadas ao mercado de trabalho e imigrantes.
No evento realizado nesta quinta-feira (31), o diretor do Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para o Brasil, Vinícius Pinheiro, afirmou que os imigrantes têm tendência ao empreendedorismo, o que fica demonstrado na disposição de emigrar. Para ele, a política de trabalho e emprego tem que estar alinhada com a política de recebimento de imigrantes e o conhecimento de suas capacitações. Com isso, ganham o imigrante e as empresas.
“Uma distorção enorme que tivemos durante a pandemia, não só no Brasil, mas em outros países da América Latina, é o fato de vários profissionais de formação médica e enfermeiros venezuelanos estarem trabalhando no [setor de] delivery. Isso foi um desperdício de talentos no momento em que o País, e também outros países, mais necessitavam. E profissionais dessa área não podiam ter suas competências reconhecidas e não puderam trabalhar no meio médico, tiveram que sobreviver de outras formas”, disse Vinícius Pinheiro.

Cerca de 5% da força de trabalho mundial são compostos por imigrantes. Entre 2011 e 2021, no Brasil, o número de imigrantes no mercado de trabalho formal saiu de 62 mil para 188 mil, que se somaram aos mais de 1 milhão de imigrantes. Em 2017, o País passou a ter o Estatuto do Imigrante (Lei 13.445/17), mas debatedores alertaram sobre a situação precária dessa parcela da população mesmo após a entrada em vigor da lei.
A procuradora do trabalho Alzira Melo Costa afirmou que, apesar da existência do estatuto, os trabalhadores migrantes e refugiados ainda estão expostos “a todas as formas de exploração”. Isso ocorre segundo ela, “seja pela urgência de gerar renda para sustento de suas famílias, pela ausência de uma rede de apoio, pela dificuldade relacionada ao idioma ou pelo desconhecimento dos próprios direitos”.
A mesma opinião tem o oficial de Meios de Vida do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Paulo Sérgio de Almeida, que citou um levantamento do Banco Mundial em 2021 com mapeamento dos desafios do imigrante no Brasil.
“Pessoas refugiadas têm apenas 30% das chances de uma pessoa brasileira de conseguir uma vaga de emprego formal no Brasil. Apenas 30% das chances. E isso nos mostrou o quê? Isso claramente nos mostrou que essas pessoas estão ficando para trás no que diz respeito à inclusão no mercado de trabalho”, afirmou.
Um grupo de trabalho foi criado pelo Ministério da Justiça para regulamentar o Estatuto do Imigrante. A coordenadora do Comitê Nacional para os Refugiados, Luana Medeiros, lembrou que há uma década o ministério tem parceria com o Observatório das Migrações.
O comitê é um órgão colegiado, vinculado ao Ministério da Justiça, que delibera sobre as solicitações de reconhecimento da condição de refugiado no Brasil.
Imigrantes empregados
Entre os dados levantados está o de que o mercado de trabalho criou 35 mil vagas para imigrantes em 2022. A maioria dos imigrantes empregados é de venezuelanos, 147 mil. Os haitianos representam 62 mil empregos. Foram concedidas 25 mil autorizações de residência com base em trabalho no ano passado, principalmente para filipinos, chineses, americanos e britânicos, na maioria homens com ensino médio ou superior.
“O Brasil é um dos únicos países do mundo, se não o único, que consegue produzir mensalmente dados sobre imigração. Isso demonstra uma institucionalização das políticas, mas também a importância que é dada ao tema nos diferentes órgãos do governo”, disse Luana Medeiros.
A reunião da Comissão Mista Permanente sobre Migrações Internacionais e Refugiados do Congresso Nacional foi presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS), que, ao final do encontro, apresentou alguns números. Há cerca de 1,5 milhão de imigrantes no Brasil, sendo que cerca de 650 mil são refugiados ou solicitantes de refúgio. Em Roraima, há mais de 130 mil imigrantes ou refugiados venezuelanos.
Reportagem – Luiz Cláudio Canuto
Edição – Pierre Triboli
Fonte: Câmara dos Deputados


GERAL
Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.
A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.
O que é essa tarifa e como funciona?
A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.
Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.
Exemplo simples:
Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:
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Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.
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Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.
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Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.
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Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.
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Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.
Como isso afeta o Brasil?
A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:
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Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
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Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.
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Perda de mercado para concorrentes de outros países.
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Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).
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Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.
Quais produtos serão mais afetados?
A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:
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Carnes bovina, suína e de frango
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Café
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Suco de laranja
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Soja e derivados
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Minério de ferro e aço
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Aeronaves e peças da Embraer
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Cosméticos e produtos farmacêuticos
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Celulose, madeira e papel
Brasil pode retaliar?
O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.
E o consumidor brasileiro, será afetado?
Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.
O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).
A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.
O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.
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