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IA no comércio: o desafio
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Normalmente quando somos atingidos por uma tempestade buscamos abrigo e temos a convicção de que ela sempre passará. Com o advento da pandemia e a aceleração dos processos de venda online, o comércio tradicional se viu atingido por uma concorrência até então pouco sentida. Essa tempestade além de ser contínua, vem somada com a Inteligência Artificial (IA), e formou um verdadeiro tsunami que só será amenizado com a entrada do pequeno comércio no mundo digital. Este é o grande desafio que se apresenta para o próximo período, curto, diga-se de passagem. Lembrando sempre, não é o maior que engole o menor, mas sim o mais rápido que atropela o mais lento.
Ao usar as tecnologias em nosso favor, em especial a Inteligência Artificial, o comércio tradicional pode melhorar uma série de pontos, que vão desde a personalização da experiência do cliente, com base no histórico de compras e comportamentos, a automação de processos operacionais na empresa, a segurança antifraude, o controle de estoque e uma série de funcionalidades que só tem a contribuir com a melhoria de desempenho.
Todos estes pontos são apenas algumas das centenas de possibilidades que a tecnologia pode trazer para o setor. Quem resistir a essa realidade que nos bate à porta diariamente correrá o risco de ter sua competitividade reduzida e consequentemente, perder grandes chances de crescimento em relação aos comércios que já entenderam que a tecnologia chegou para ser uma aliada e não uma inimiga do setor.
Para entendermos essa realidade, também precisamos entender o consumidor, que é phygital – ou seja, físico e digital. Este novo consumidor quer o conforto e o sensorial do ambiente físico, sem perder a agilidade do ambiente digital. Só para se ter uma ideia de como o ambiente digital tem sido importante para este consumidor, uma pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) revelou que em 2020 o número de transações feitas pelo celular chegou a R$ 52,9 bilhões, contra R$ 37 bilhões do ano anterior. Reflexos de uma pandemia, sim, mas também reflexos de uma nova realidade que bate em nossa porta e mostra que a solução para o pequeno varejo é aderir a essas novas tecnologias.
Ninguém pode nos tirar aquilo que já conquistamos: ainda temos uma grande fatia da população que prefere o comércio tradicional para fazer suas compras, mesmo tendo inúmeras facilidades com as compras online. Trata-se daquele diferencial que temos que é o sensorial, a interação social, o atendimento personalizado, a confiança e a segurança, além da experiência da compra. Se levarmos isso em consideração, estamos um passo à frente.
Então por que não aumentarmos a nossa experiência adotando tudo que as tecnologias podem nos oferecer? Vamos começar do princípio: é necessário criar uma presença online, integrar o físico e o digital, e dar a opção a este cliente decidir de que forma ele prefere ser atendido e utilizar essa mesma tecnologia em nosso favor. A opção de marketplaces, a criação de redes sociais e a adoção de estratégias de marketing digital podem ser um bom início para quem quer buscar sua presença no digital. Mas para todos estes conceitos, é necessário sair do lugar comum e se arriscar a conhecer novas realidades diferentes daquelas que vivíamos até então. O mundo mudou e continua em constante evolução. É preciso nos reinventarmos e entender que o “Varejo do Futuro” não é uma ameaça, mas sim um aliado para o crescimento de nosso setor, que tanto contribui para a economia. Os empresários que entenderem este conceito, estarão bem-posicionados para prosperar no ambiente de varejo, sem esquecer que a tecnologia está aí para atender pessoas, para entregar valor para as empresas que são formadas por pessoas.
Junior Macagnam, é empresário, ativista cívico, vice-presidente Institucional da CDL Cuiabá, vice-presidente da FCDL-MT
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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.