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Projeto que propõe a remoção de tatuagens estigmatizantes é premiado em IX Congresso Nacional de Defensores da Infância e Juventude

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A adesão dos adolescentes à proposta é voluntária e desde que o projeto teve início, 150 tatuagem foram removidas

Um projeto que ressignifica valores e remove tatuagens que criam estigmas negativos em adolescentes que cumprem medidas socioeducativas foi eleito em primeiro lugar, entre dez práticas eficazes apresentadas no IX Congresso Nacional de Defensoras e Defensores Públicos, encerrado na sexta-feira, 23. O projeto já removeu 150 tatuagens e é uma iniciativa da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul.

O projeto, intitulado de “Cara Nova – o Início de um Recomeço”, foi apresentado pela defensora Fabiane Lontra e busca facilitar a reinserção social desses adolescentes, por meio da ressignificação de valores. Além do trabalho, outras nove práticas eficientes e inovadoras adotadas por Defensorias Públicas brasileiras, foram apresentadas e fecharam, de forma marcante, o último dia do evento, na Fatec, em Cuiabá.

Fabiane, que atua desde 2016 na área da Infância e Juventude, explica que a ideia surgiu após avaliar que as tatuagens estigmatizavam os adolescentes, colocavam suas vidas em risco e dificultavam o processo de ressocialização. Diante disso, ela propôs a retirada de tatuagens com o uso de laser ou a cobertura delas, com novos desenhos.

“Muitos desses jovens chegam às unidades de internação com tatuagens que simbolizam sua ligação com facções criminosas ou representam os atos infracionais que cometeram. Essas tatuagens reforçam a glamurização do crime e dificultam a reinserção social deles. Percebemos que isso impedia o fundamento da ressocialização e apresentamos a proposta”, disse.

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Um convênio foi assinado com um tatuador, que voluntariamente realiza a remoção dessas tatuagens, dentro das unidades de internação, uma vez por mês, no caso de adolescentes que não têm atividades externas e no seu estúdio, para aqueles do semi-aberto. Entre as tatuagens retiradas a defensora cita as de cifrão, do Tio Patinhas, de crucifixos, de lágrimas, de diamantes, além de frases e números. “A remoção é de adesão voluntária e desde que começamos o projeto, outras necessidades foram surgindo e a ideia original, foi sendo remodelada”, detalhou.

Revisão – Fernanda explica que percebeu que a remoção de algumas tatuagens não trazia o efeito desejado, principalmente esteticamente. E muitos adolescentes passaram a desistir, diante da dor. Ela explica que remover os desenhos com laser dói mais que fazer uma tatuagem. “Alguns desenhos e cores são difíceis de tirar, como o amarelo, por exemplo. E a dor os incomodava muito. Diante disso, os adolescentes passaram a sugerir a cobertura do antigo desenho por outros. E, além dos casos em que a vida do adolescente estava em risco, por causa da tatuagem, passamos a receber pedidos para remoção de frases e nomes que já não tinham significados para os internos”.

Inclusão – Outra novidade foi a participação maior dos adolescentes no processo. A Associação das Defensoras e Defensores do RS aderiu ao projeto e comprou uma maquina de tatuagem e peles artificiais e os adolescentes passaram a ter capacitação, de três meses, para aprender a técnica. Ao final, eles são certificados e a novidade facilitou, não só o ingresso deles no mercado de trabalho, como a redução no tempo de avaliação da ressocialização, pelos juízes.

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“O impacto do projeto foi significativo, a ponto de influenciar a decisão dos juízes em antecipar a avaliação dos adolescentes para cada três meses, invés de semestralmente, como era antes, fato que agiliza o retorno deles para a sociedade. Desde o início da iniciativa diversos jovens ganharam uma profissão e puderam retirar um símbolo que os associava a grupos criminosos. Com isso, reduziram o risco de vida que enfrentam ao retornar para os seus territórios de origem”, explicou a defensora.

A prática inovadora foi premiada com um quadro do artista plástico Adriano Figueiredo Ferreira e um exemplar do livro que celebra os 25 anos da Defensoria Pública de Mato Grosso. Os mesmos prêmios também foram concedidos às outras duas práticas que conquistaram o segundo e terceiro lugares respectivamente: “Escola de Convivência Familiar”, da Defensoria de Minas Gerais e “Uma trajetória do Cumprimento das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto”, da Defensoria do Distrito Federal.

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Mais de 17,6 mil pessoas com deficiência comandam negócios próprios em Mato Grosso

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Cerca de 17,6 mil pessoas com deficiência (PCD) têm o próprio negócio em Mato Grosso, segundo pesquisa do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Mato Grosso (Sebrae/MT). O levantamento, realizado neste ano, mostra que esses empreendedores representam 3,6% do total de empresários mato-grossenses, com predominância de pessoas com limitações motora (36,7%), visual (34%) e auditiva (29,3%).

O estudo aponta que os empreendedores PCD apresentam elevado nível de escolaridade: 46,9% concluíram o ensino médio e 38,1% têm ensino superior ­- índice superior à média estadual. A faixa etária predominante está entre 35 e 44 anos (39,5%), seguida por 45 a 54 (22,4%). O grupo é formado majoritariamente por homens (57%). No recorte racial, há equilíbrio entre pardos (36,7%) e brancos (34%), seguidos por pretos (19%).

A maioria é casada (57,1%) e tem filhos (91,2%), o que reforça a importância da renda do próprio negócio para a estrutura familiar.

No campo econômico, os empresários com algum tipo de limitação atuam em diversos setores. O comércio concentra 31,3% dos negócios, seguido por serviços (25,2%), indústria (21,8%) e tecnologia (14,3%). Moda (17,7%), cosméticos (15%) e alimentação (14,3%) estão entre os principais segmentos.

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A formalização é alta: 85,7% possuem CNPJ, sendo a maioria registrada como microempresa (48,4%) ou empresa de pequeno porte (32,5%). Além disso, 70% atuam há mais de três anos e quase metade emprega de dois a cinco colaboradores, o que demonstra maturidade e estrutura consolidada.

Dificuldades

As motivações que levam pessoas com deficiência a empreender mesclam necessidade e realização pessoal. Para 40,8%, a decisão está ligada à necessidade financeira, enquanto 34% enxergam oportunidades de mercado e 32% buscam autonomia. A frustração com o mercado de trabalho tradicional (23,1%) e o desejo de realizar um sonho (15%) também aparecem com destaque.

As mulheres tendem a empreender mais por necessidade (54%), enquanto os homens se movem principalmente pela percepção de oportunidade (48,8%).

Na jornada empreendedora, os desafios enfrentados são múltiplas e revelam tanto desafios estruturais quanto específicos. Burocracia (44%), concorrência acirrada (39%) e falta de capital inicial (33%) estão entre as principais dificuldades. Além disso, 21% relataram barreiras diretamente ligadas à deficiência, como acessibilidade e preconceito, e 22% mencionaram dificuldades para equilibrar a vida pessoal e profissional.

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Entre as mulheres, questões de gênero e maternidade ganham relevância, enquanto os homens apontam custos e juros elevados como maiores obstáculos.

“O Sebrae apoia todos os empreendedores, porque acredita que o empreendedorismo é um caminho de inclusão e autonomia para todas as pessoas, independentemente de suas condições. Quando um empreendedor PCD empreende, ela inspira e transforma o seu entorno”, afirma Liliane Moreira, analista técnica do Sebrae/MT. “A inclusão produtiva das pessoas com deficiência é uma questão de equidade e também de fortalecimento da economia, pois amplia talentos, gera inovação e promove uma sociedade mais justa”.

Dados da pesquisa

O levantamento foi realizado entre 3 e 31 de janeiro de 2025, por meio de entrevistas telefônicas, com 147 empreendedores (formais e informais) que possuam alguma deficiência no estado de Mato Grosso. O estudo apresenta uma taxa de confiança de 95% e margem de erro de 4%.

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