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Cobiçado no exterior, mel de melato é pouco conhecido no Brasil

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O Brasil tem um mel único no mundo: o que é feito a partir de melato da bracatinga. Esse tipo de produto não vem do néctar das flores, mas da seiva de uma árvore, retirada por um inseto, em um processo de produção em série natural. A matéria-prima do melato da bracatinga vem da árvore que dá nome ao mel, extraída pela cochonilha, um parasita que, na maioria das vezes, é tratado como praga.

Só que, neste caso, a cochonilha, que fica na casca da bracatinga, trabalha como uma operária dessa produção. Ao digerir a seiva, expele um melato adocicado por longos fios brancos que saem do inseto, a parte visível nas árvores parasitadas por esse tipo de parasita. O melato atrai as abelhas, que o levam para as colmeias, onde é transformado em mel.

O resultado é um mel escuro, rico em minerais, que não cristaliza, anti-inflamatório e antioxidante, com mais oligossacarídeos (que atuam como fibras no organismo humano) e menos glicose e frutose, quando comparado ao mel floral. O produto tem atraído a atenção estrangeira, que já percebeu seu potencial nutritivo, mas no próprio país ainda é uma novidade.

Indicação geográfica

O mel de melato de bracatinga recebeu o selo de Indicação Geográfica (IG) Planalto Sul Brasileiro em julho de 2021, abrangendo uma área de produção de 58.987 km², com 134 cidades de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. O selo valoriza e agrega valor a produtos tradicionais de regiões delimitadas.

Há dois tipos de modalidades do selo. A indicação de procedência (IP) é dada quando o nome geográfico se associou ao produto por fatores culturais, históricos e humanos, como um patrimônio tradicional, como o queijo Canastra. Já a denominação de origem (DO) reconhece o nome do local ou região para designar o produto que as qualidades geográficas, como clima, solo e relevo influenciam nas características finais, o que é o caso do mel de melato de bracatinga.

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Para o apicultor Joel de Souza Rosa, os estudos para tornar o mel de melato de bracatinga um produto com o selo de Indicação Geográfica revelaram o que eles já suspeitavam: a excelência do produto. “Encontraram 10 vezes mais minerais no mel de bracatinga e aí a gente viu que tinha ouro, um ouro negro aqui da nossa região, um mel escuro com essas propriedades tão importantes para a saúde do ser humano”, explica.

Só em anos pares

O mel de bracatinga, além de ter a restrição da região geográfica, também só é colhido durante um período curto de tempo: a cada dois anos. Nos anos pares, durante cinco meses, entre fevereiro e julho, a cochonilha está no último estágio de larva e é quando secreta mais melato. Depois, ocorre o período de acasalamento e, nos anos ímpares, postura de ovos e todo o ciclo de desenvolvimento do inseto, onde não há a produção em quantidade suficiente para as abelhas coletarem o melato.

Nos anos ímpares, os apicultores aproveitam para parasitar novas árvores. “Se você quer levar esses ovos da cochonilha para outra bracatinga, tem que remover parte da casca da árvore parasitada, com ovos que a gente não vê, para eclodir numa outra árvore e ela começar a produzir também”, esclareceu o apicultor José Alceu Perão. Ele também lembrou que as árvores têm um ciclo de vida bem definido, de sete a oito anos para soltar a seiva e, com 15 anos, já secam.

Todas essas características – nutricionais, de tempo e o selo de indicação geográfica – fazem com que o mel de bracatinga tenha um valor bem acima do mel floral. “Isso é único no mundo, não se tem conhecimento de um mel idêntico a esse”, contou Perão. Cada colmeia produz até 60 quilos por ano.

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Um produto que há uma década não tinha valor algum na região. “Quando a gente viu que vendia o nosso mel de bracatinga muito barato e a Alemanha se interessou por esse mel, a gente exportava tudo para lá”, disse o apicultor Joel Rosa.

O quilo desse mel, segundo o produtor, era vendido a 70 centavos de dólar e hoje é comercializado por até cinco vezes mais. “Foi muito importante esse apoio do Sebrae, da Universidade Federal de Santa Catarina e da Epagri, na busca da IG, para saber que é um produto único de uma região, diferenciado realmente”, explicou.

Exportação

Cerca de 90% do mel de melato de bracatinga ainda é exportado, principalmente para a Europa e a Alemanha é o maior comprador, segundo o agrônomo Áquila Schneider, que coordena a produção apícola do Planalto Sul, pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).

No Brasil, esse mel ainda é pouco conhecido. “A gente já nota a procura das pessoas, mas falta ainda mais divulgação, por ser um mel tão importante em minerais, que podemos consumir”, avaliou Joel.

Os apicultores da região continuam investindo no mel floral, mas hoje sabem o valor do mel de bracatinga. “Na apicultura, somos eternos aprendizes”, afirmou Perão. Ele disse que, por mais que estude e faça cursos, sempre há algo de novo descoberto pela ciência na apicultura. “Sem a abelha, a humanidade não sobreviverá, não tem polinização, não tem plantas, não conseguimos cultivar”, concluiu o apicultor.

Edição: Kleber Sampaio

Fonte: EBC Geral

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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas

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A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.

Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.

Críticas e denúncias

No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.

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“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.

A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.

Impacto na cidade

Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.

Custos e processo de construção

O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.

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Notas da Prefeitura

Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.

A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.

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