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Jeferson Tenório defende papel da literatura como direito humano

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O escritor e pesquisador Jeferson Tenório, que se consagrou com o premiado O Avesso da Pele, obra de ficção de teor antirracista, defende uma literatura capaz de garantir espaço para contar as histórias das vítimas. “Como a realidade é muito difícil, a gente precisa, através da ficção, inventar uma outra realidade”, afirmou o autor em entrevista à Agência Brasil

Professor de literatura, o escritor estará no Festival Literário de Paracatu-MG (Fliparacatu), para uma palestra sobre literatura como direito humano, a partir das 15h30 deste sábado (26). No evento, estará acompanhado pela escritora e jurista Lívia Sant’Anna Vaz. O escritor defende que a literatura é um direito  humano.

“Todos nós temos o direito de ter acesso aos livros, à ficção à imaginação. A maior resistência que se possa encontrar na periferia seria o direito à invenção, o direito a ter futuro”.

Imaginação como ato de resistência

Ele argumenta que a violência contra a população negra é recorrente e a ideia de imaginar o futuro quase não existe. “A literatura traz justamente a possibilidade de conseguir sair dessa realidade tão dura e poder imaginar. E, para mim, imaginação é um ato de resistência”. 

No próprio caso do professor, ele entende que a literatura foi “salvadora”.

“A literatura me salvou justamente por ter me dado essa possibilidade de olhar para realidade de outro jeito. Não com apenas um jeito de viver, mas para demonstrar que eu poderia sair da ideia de “sobrevivência” para poder existir de fato”. 

O contato com a literatura o modificou. “O ato mais transgressor que eu fiz na minha vida foi me tornar leitor”. Em busca de novos leitores, ele vibra com a estreia do Fliparacatu. “Eu vejo com muita alegria. Acho que é um espaço para mostrar o quanto a população negra e quilombola precisa também desses espaços, que também são políticos”. Para ele, a literatura pode contribuir também para dar visibilidade para as causas das populações tradicionais. 

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Jeferson Tenório explica que, nos últimos anos, tem lido mais autores negros e negras, como Eliane Alves Cruz, Conceição Evaristo, Carolina Maria de Jesus, Paulo Lins e Cidinha da Silva. “Há também uma série de autores que estão surgindo, como a Calila das Mercês. Tem muita gente interessante para ler”. 

 Aniquilação

Tenório celebra que as mensagens do livro sobre as violências racistas têm encontrado ecos com reflexões sobre um país que se repete em violências há séculos. “O Brasil foi fundado a partir da violência e do sequestro de corpos negros, da aniquilação dos povos originários. Os efeitos da escravidão têm sido sentidos até hoje”. O assassinato de Bernadete Pacífico de 72 anos, a Mãe Bernadete, na semana passada, em comunidade quilombola, na cidade de Simões Filho (BA), traduz a realidade dessa tentativa de aniquilação.

Para o autor, a recorrência da violência é fruto das políticas do estado Brasileiro, com a indiferença em relação às desigualdades, que geram violência.

“Essas pessoas que acabam sofrendo com a violência são trazidas para o meu trabalho. A literatura não denuncia (como o jornalismo), mas é capaz de causar uma reflexão talvez mais profunda do que a própria notícia”. Isso porque o texto literário, no entender dele, traz uma profundidade capaz de tensionar as certezas.

São essas pessoas mais sofridas que inspiram os pensamentos e as mãos do escritor Jeferson Tenório.  “Eu sempre tenho que prestar atenção nas coisas que têm acontecido no Brasil de modo geral. Para a gente contar uma boa história, é preciso olhar ao nosso redor. Para ser universal, você tem que falar dos que estão perto”.

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Fonte: EBC GERAL

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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas

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A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.

Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.

Críticas e denúncias

No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.

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“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.

A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.

Impacto na cidade

Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.

Custos e processo de construção

O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.

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Notas da Prefeitura

Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.

A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.

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