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Plataforma digital resgata história de bairro no centro do Rio

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O Circo Crescer e Viver lançou hoje (28) a plataforma digital Território Inventivo, que resgata a história da Cidade Nova, bairro da zona central do Rio de Janeiro, dividido ao meio pela Avenida Presidente Vargas, e que liga o centro e a região norte da capital fluminense. A plataforma foi lançada durante evento no auditório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), patrocinador da iniciativa, que tem sede no bairro desde 2013.

“O resgate, a preservação e a divulgação da memória carioca e brasileira a partir deste importante espaço urbano foi o que motivou o ONS a patrocinar o projeto idealizado pelo Circo Crescer e Viver, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro”, diz o Operador Nacional do Sistema Elétrico.

Segundo o patrocinador, a escolha do projeto Território Inventivo para receber incentivo cultural veio ao encontro de seu Plano Estratégico de Sustentabilidade, conectando-se ao pilar ONS +Social, que tem como um de seus objetivos, no eixo Sociedade Consciente, “ampliar o relacionamento com a sociedade nos temas ligados à sua atuação”.

O ONS é o órgão responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN) e pelo planejamento da operação dos sistemas isolados do país, sob a fiscalização e regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Memória

Instalado na região central do Rio há 17 anos, onde realiza trabalhos de natureza comunitária, por meio de ações sociais e programas de formação profissional, o Circo Crescer e Viver resolveu criar e produzir o projeto Território Inventivo ao fazer um levantamento histórico da importância do bairro que, atualmente, é mais reconhecido pelo uso institucional, disse à Agência Brasil o diretor de Projetos e Desenvolvimento da instituição, Renier Crohare Molina.

Molina destacou que a população da Cidade Nova é negligenciada inclusive por organizações instaladas em seu território, que tem histórico de expansão das atividades econômicas e de expulsão da população, de forma geral. “Aprofundando-se na literatura que falava da antiga Praça 11 de Junho, hoje Cidade Nova, a direção do Circo chegou ao livro Cidade Porosa, do pesquisador Bruno Carvalho, que confirmou os achados do equipamento sobre o bairro desde sua implantação na área, em 2004. Ao longo dos séculos, a história foi sendo apagada pelas transformações urbanas, a partir do desenvolvimento econômico também, com a instalação da Marquês de Sapucaí e de novos empreendimentos que foram construídos ali.”

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O Circo decidiu, então, criar o projeto, na expectativa de ter uma plataforma tecnológica que resgatasse essa memória, fizesse a cartografia e dimensionasse toda a riqueza social, cultural e histórica da região, disse Molina. “A criação de todos os ícones da história cultural brasileira passou por esse território, desde o samba, o teatro, a própria imprensa, com o primeiro jornal impresso do país (Gazeta do Rio de Janeiro, que começou a circular em 10 de setembro de 1808)”, acrescentou.

Possibilidades

Liderada por Miguel Jost, a equipe de pesquisadores do Circo criou a plataforma, que tem cerca de 300 verbetes e eventos, personalidades que passaram pelo território. Quem navegar pela plataforma terá três possibilidades de acesso ao patrimônio histórico e cultural da Cidade Nova e adjacências, de 1811, data de criação do bairro, até 2021. Uma das possibilidades é navegar pelas galerias, onde se vê a linha do tempo de acordo com nove temas escolhidos; por filtros, através de verbetes específicos, para ver a relação com a região; e pela parte de georreferenciamento, que proporciona uma viagem pela cartografia.

Os temas são samba, canção popular, circo, teatro, imprensa, literatura, religião, patrimônio e sociedade, e estão vinculados a grupos sociais como ciganos, nativos africanos de múltiplas etnias, escravizados, fugidos, alforriados, afrodescendente, judeus asquenazes, imigrantes pobres de zonas rurais do Brasil e da Europa, que se fixaram na região onde criaram seus marcos históricos.

História

O pesquisador Miguel Jost informou à Agência Brasil que, nos 200 anos de história da Cidade Nova, foram levantados personagens, acontecimentos e lugares que contam a história cultural do território, espaço muito importante para a construção da identidade cultural carioca e brasileira moderna.

“Isso vem da presença muito forte das companhias de circo no território desde meados do século 19; com o nascimento do samba no século 20; muitos grupos de teatro; e muitos desdobramentos disso”. Jost lembrou que muitos poetas, cronistas e pintores modernistas iam à Cidade Nova conhecer a produção cultural e a retrataram em suas obras. A mistura entre ciganos, judeus, negros escravizados e descendentes conta uma história cultural muito rica, acrescentou o pesquisador.

“Quando produzimos esse material, estamos produzindo não só no sentido de preservar e celebrar essa memória, mas também chamando a atenção para esse território hoje em dia, com muita pobreza da população residente e muita riqueza das empresas que têm sede e escritórios lá. Um contraste muito agressivo e um olhar muito pouco carinhoso, tanto da população carioca quanto de órgãos públicos, para a relevância e importância desse território para a construção da nossa história cultural”, afirmou.

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Miguel Jost explicou que o que está sendo apresentado é a dramaturgia brasileira, a música brasileira, as artes cênicas brasileiras. “Muito dessa história, ou se origina, ou tem ali o centro nevrálgico de sua invenção, e a gente desaprendeu de perceber esse território como um território potente, criativo e importante para ser lembrado e cuidado ainda hoje.”

Destaques

Dentre os acontecimentos históricos ocorridos na região, destacam-se o nascimento da composição Pelo Telefone, surgida em uma roda de samba realizada na casa de Tia Ciata, que ficou conhecida como o primeiro samba e foi gravado (por Donga, em 1916); a visita do cineasta Orson Welles, considerado um dos artistas mais versáteis e geniais do século 20, que veio ao território gravar o documentário É Tudo Verdade, com participação de Grande Otelo e Emilinha Borba, mas que nunca foi lançado por questões com a produtora RKO; e até a visita do físico Albert Einstein à Praça Onze, que foi estratégica para o fortalecimento da cultura judaica na cidade.

Entre as personalidades, o projeto traz informações sobre Chiquinha Gonzaga, autora de Forrobodó, obra que gerou o espetáculo de sucesso Forrobodó – Um Choro na Cidade Nova; o compositor Luiz Melodia, que cresceu no morro de São Carlos, no bairro do Estácio; e o imperador Dom Pedro II, que, durante seu reinado, elegeu o então Palácio do Conde dos Arcos, na região da Cidade Nova, como nova sede do Senado Imperial. O endereço abriga hoje a faculdade de direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O próximo passo do projeto Território Inventivo será a criação de um aplicativo, capaz de mapear os novos fluxos estéticos, lugares de encontro, sociabilidade e invenção cultural contemporânea do território mapeado pela plataforma.

Colaboração

Miguel Jost destacou que a plataforma abre espaço também para participação do público, que pode indicar personagens e eventos que não foram incluídos. Os pesquisadores do Circo Crescer e Viver farão a checagem das informações que poderão ser incluídas no projeto.

Por Cidade Nova, entende-se o bairro que abrange desde a prefeitura do Rio de Janeiro até o Campo de Santana, e do Sambódromo até a Fábrica Bhering, quase na Gamboa.

Edição: Nádia Franco

Fonte: EBC Geral

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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas

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A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.

Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.

Críticas e denúncias

No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.

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“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.

A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.

Impacto na cidade

Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.

Custos e processo de construção

O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.

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Notas da Prefeitura

Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.

A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.

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