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Portela debate direitos e reforça papel político das escolas de samba
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Desde sua origem, a escola de samba Portela está ligada diretamente à valorização da cultura negra. Depois de escolher o enredo para o carnaval de 2024, baseado no livro Um Defeito da Cor, de Ana Maria Gonçalves, a agremiação abriu suas portas, na zona norte do Rio, para reforçar seu papel cultural e político e compartilhar o Projeto Portela por Direitos, que traz debates sobre temas como racismo, reparação e intolerância religiosa e o samba.
“O movimento de conhecimento e de letramento não vem de hoje, vem de Paulo da Portela e de Candeia. Toda escola de samba tem essa responsabilidade social para com sua comunidade, é nosso dever e estamos exercendo esse dever”, afirmou a diretora do Departamento de Cidadania da escola, Hellen Mary, em entrevista à Agência Brasil.
O Ministério Público Federal (MPF), por meio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC), e o Departamento de Cidadania do Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela participaram, no Rio de Janeiro, da 2ª edição do projeto Portela por Direitos.
Rodas de conversa
A ideia é promover rodas de conversa sobre direitos humanos no Rio de Janeiro. “Os temas estão sempre relacionados à efetivação de direitos humanos e os participantes atuam na mobilização da comunidade e na criação de iniciativas que levem à concretização desses direitos”, informou o MPF.
“Sabendo do peso e da força que as escolas têm para a circulação de saberes, para a construção da identidade e o diálogo com sua própria comunidade, a iniciativa tenta aproximar esses mundos e, no nosso caso, o mundo institucional jurídico, que tenta fortalecer a luta por direitos. O fato de trazer a discussão reforça a necessidade que isso seja feito com base no olhar da comunidade, a partir dessa troca. O projeto tem um pouco disso, de ajudar a fortalecer a reflexão e valorizar as escolas de samba como espaço de conhecimento. E também de viabilizar estratégias de atuação das instituições de estado, como o Ministério Público, para promover direitos”, disse o procurador da República, Júlio Araújo, à Agência Brasil.
O projeto foi criado depois de a diretora Hellen perceber que, mesmo com tantas atividades promovidas na quadra, faltava algo que tratasse do conhecimento dos direitos e deveres da população negra. Depois disso, em entendimento com o procurador da República, Júlio Araújo, o projeto começou a ser elaborado. Em junho deste ano, ocorreu a primeira edição do Portela por Direitos.
“Chega, acabou o tempo de sermos humilhados, escorraçados e apanhando. Quando digo a palavra ‘apanhando’, é apanhar em todos os sentidos. Apanhar na educação, na nossa moral. Nós temos que ter direitos e ocupar nossos espaços através do nosso conhecimento, do letramento racial, de sabermos quem nós somos e quais são nossos direitos e nossos deveres. É isso que o Ministério Público Federal está fazendo, porque é o dever deles”, ressaltou Hellen Mary.
Durante todo ano, o departamento de cidadania desenvolve várias atividades. A comunidade tem acesso a tratamento dentário, pré-vestibular social, aulas de dança afro e do ventre, capoeira, balé e as rodas de psicanálise e do jongo, além de sala de leitura na biblioteca, inaugurada na Festa Literária da Portela (FLIPortela), que ocorreu em abril deste ano.
Para as rodas de psicanálise, a Portela fez parceria com a Sociedade de Psicanálise do Rio de Janeiro. Os encontros destinados às mulheres e alunos de pré-vestibular têm ocorrido de 15 em 15 dias desde março e o próximo será neste sábado (21).
“A ferramenta tem que estar dentro da quadra, porque é a única maneira que nós, cidadãos, temos de nos armar e ter o poder público junto, de fato”, pontuou.
Escravidão
A necessidade de analisar a reparação pelo período de escravidão no Brasil levou ao tema da segunda edição do Projeto Portela por Direitos, que ocorreu no dia último dia14. O debate sobre “Escravidão e reparação: herança de preto, coragem no medo” discutiu o papel das instituições na escravidão e no tráfico de pessoas pretas. Na roda de conversa, realizada na quadra da Portela, houve depoimentos dos participantes sobre suas trajetórias na afirmação da negritude e de experiências no trabalho e na luta antirracista.
Os procuradores da República Júlio Araújo e Jaime Mitropoulos representaram o MPF e relataram a atuação da instituição na temática. No entendimento do procurador Júlio Araújo, a compreensão do período e não esquecer o passado de atrocidades “é um passo fundamental para que esse crime contra a humanidade jamais se repita”.
Para Araújo, a recepção da comunidade ao encontro foi “excelente”. “O mérito é permitir que pessoas que não podem participar durante a semana, por causa do trabalho, estejam lá discutindo e ao mesmo tempo despertando os que estão um pouco afastadas do mundo do sambal”, disse.
Hellen Mary também achou que o encontro foi um sucesso. “Nós estamos sedentos do saber, nós queremos mais e mais e mais. E esse ano o enredo da Portela Um defeito de Cor, tudo está sendo propício”, contou.
Audiência Pública
Com a ideia de expandir as discussões, será realizada audiência pública em novembro, que vai contar com representantes do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O procurador Júlio Araújo espera que a audiência resulte em propostas de políticas públicas com a temática.
“Acredito muito que pode ser um espaço de socialização do conhecimento e de fortalecimento de pautas e de políticas”, disse. Segundo o procurador, ainda não há data definida para a audiência, mas o tema deve ser em torno de racismo, escravidão e reparação.
A primeira edição do Portela por Direitos foi realizada em junho deste ano e tratou do tema Racismo Religioso: Samba e Curimba na Jurisdição, abordando os impactos da intolerância religiosa.
As discussões se estenderam à importância da liberdade religiosa e às implicações criminais do discurso discriminatório de ódio a comunidades religiosas de matriz africana, além da importância da diversidade cultural. Embora não tenha dia marcado, a terceira edição deve ocorrer em dezembro.
A escolha dos temas é feita pela diretora Hellen Mary e o procurador Júlio Araújo. “Essas rodas são muito bem elaboradas. São uma troca mesmo. Nós conversamos. É uma construção. Eu escuto o que a comunidade quer e passo para o Júlio. Em cima disso, a gente vai elaborando qual é o próximo tema”, revelou a diretora, lembrando que as rodas são abertas ao público.
Fonte: EBC GERAL


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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