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Catadores de Cuiabá iniciam formação em associativismo e cooperativismo proposto pela Defensoria Pública
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Primeira etapa da capacitação busca fortalecer a autogestão e as habilidades de organização dos catadores, com foco na economia solidária e circular.
Cerca de 80 catadores de materiais recicláveis de Cuiabá farão, nesta sexta-feira (15.11), a primeira etapa do curso de formação e educação em associativismo e cooperativismo, ministrado pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), com apoio da Defensoria Pública de Mato Grosso e do Ministério Público Estadual, Prefeitura de Cuiabá, da Empresa Cuiabana de Limpeza Urbana (Limpurb) e da Orizon – Eco Parque Pantanal.
A formação, composta de seis cursos, de 40 horas cada curso, será ministrada em etapas, no ambiente escolar e no ambiente da comunidade. No feriado, as aulas teóricas serão ministradas pelo professor da Fundação de Apoio ao Ensino Superior Público Estadual (FAESPE) da Unemat, Sandro Sguarezi.
As aulas teóricas serão na escola municipal de ensino fundamental, Pedrosa Moraes e Silva, das 7h às 17h, no bairro Novo Paraíso. O professor explica que, com a formação, espera-se que os catadores desenvolvam habilidades de gestão, autogestão da cooperativa, trabalho coletivo, gerenciamento, finanças, contabilidade, logística interna e organização da produção associada.
Na primeira etapa eles estudarão economia solidária, associativismo e cooperativismo. “No primeiro momento eles terão informações sobre o desenvolvimento excludente no Brasil, com base na exploração do homem e da natureza; um histórico da luta dos catadores para garantir políticas públicas; noções sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e o processo de inclusão socioeconômica dos catadores”, informa.
No período da tarde, aprenderão sobre economia solidária I, relações interpessoais I, coleta; triagem; separação; classificação; prensagem e estocagem, além de receber um panorama sobre como era, como é e como pode vir a ser esses processos. “Vamos usar a metodologia de espaços de diálogo, com uso de dinâmicas, místicas, estudo de cartilhas e exposição de vídeos como o Navio Negreiro e da Economia Solidária”, informa o professor.
A integrante do Grupo de Atuação Estratégica na Defesa dos Catadores da Defensoria Pública de Mato Grosso, (Gaedic/Catadores), Kelly Christina Otacio Monteiro, participará da capacitação e em outras etapas, atuará como palestrante. Ela explica que agora, eles estão vivendo uma fase da luta que começou há mais de dois anos, quando o Gaedic, junto com o MP e outros órgãos, conseguiram que a Prefeitura de Cuiabá assumisse o compromisso de indenizar os catadores e capacitá-los, após o fechamento do lixão.
“Cerca de 257 deles estão, há quase dois anos, recebendo uma indenização de um salário mínimo por mês, e trabalhando em empresas ou como catadores autônomos. Eles receberão esse valor até março de 2025 e devem se formar para gerir o negócio, por meio de associações”, explica Kelly.
A defensora explica que o curso de capacitação é parte do acordo negociado quando houve o fechamento do antigo Lixão, desativado em março de 2023. O curso é custeado pela Orizon Valorização de Resíduos, atual gestora do aterro sanitário de Cuiabá e trará conceitos e práticas desenvolvidas em cooperativas e associações de catadores.
“Nele, os alunos terão noções básicas de fundação, administração, preparo dos materiais, comercialização e divisão de lucros, a partir do conceito de economia Solidária e circular. Sabemos que todos os catadores possuem a melhor técnica na separação dos materiais recicláveis, mas para gerir a própria cooperativa, necessitam dessa formação, agora dentro de uma cooperativa, de uma associação da categoria”, afirma a defensora.
Kelly lembra que todo esse processo exigiu muita negociação e luta para chegar a essa etapa. “Eles atuam numa atividade econômica que garante o cuidado com o meio ambiente, mas, precisam de auxílio para crescer profissionalmente e para serem tratados com o respeito que a atividade deles representa. Por esse motivo, essa formação é tão importante. A Defensoria em parceria com a Prefeitura, MP e a empresa Orizon – Ecoparque Pantanal – continuarão na representação dessa classe, até que a CooperVida possa ser construída e gerida por todos os catadores(as)”, conclui a defensora.
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