MATO GROSSO
Gaepe-MT completa um ano de instalação já como case de sucesso em governança colaborativa
MATO GROSSO
O Gabinete de Articulação para a Efetividade da Política da Educação no Estado de Mato Grosso (Gaepe-MT) completa um ano de funcionamento no dia 24 de outubro e já pode ser considerado um case de sucesso na perspectiva de governança horizontal e colaborativa. Atualmente, conta com 19 instituições que se reúnem em encontros mensais para debate da temática educacional, com foco em políticas públicas voltadas à primeira infância (0 a 6 anos), especialmente creches, alfabetização na idade certa e recomposição de aprendizagem.
O Pacto Interinstitucional pela Primeira Infância, a nota técnica para organizar filas de acesso em creches, o diagnóstico de carência de 15 mil vagas nessa etapa e a mobilização por rubrica na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do estado para superar essa deficiência são resultados dessa cooperação. Essas ações fazem parte de apenas um dos vários eixos de trabalho do Gaepe-MT.
A governança tem colocado na mesma sintonia Tribunal de Contas, Tribunal de Justiça, Assembleia Legislativa, Ministério Público, Defensoria Pública, Secretaria de Estado de Educação, Universidade Federal de Mato Grosso, Associação Mato-grossense dos Municípios, União das Câmaras Municipais, União dos Dirigentes Municipais de Educação, União dos Conselhos Municipais de Educação, Colegiado de Gestores Municipais da Assistência Social, Conselho Estadual de Educação, Conselho das Secretarias Municipais de Saúde e Fundo das Nações Unidas para a Infância.
Os Gaepe’s são uma idealização do Instituto Articule, em cooperação com a Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon) e Instituto Rui Barbosa (IRB). Consistem em governanças de caráter horizontal e democrático, que reúnem gestores públicos e as diversas entidades do setor público envolvidas na política pública educacional, além da sociedade civil, para discutir, propor e executar, em colaboração, medidas para acelerar a efetividade das políticas públicas em ambiente de maior segurança jurídica.
A iniciativa é baseada em uma metodologia desenvolvida pela Instituto Articule que contempla a definição de uma agenda comum de temas prioritários a serem objeto de atuação da governança e, em seguida, o mapeamento do status da articulação, o diagnóstico, a redução da assimetria de informações e compreensão das posições institucionais, o diálogo e a busca por soluções, a execução e monitoramento de encaminhamentos e aferição de resultados. Em Mato Grosso, o Gaepe tem o Tribunal de Contas (TCE-MT) como anfitrião e é coordenado em parceria com o Instituto Articule, por meio de um comitê diretivo.
Gaepe-MT
Foto: Thiago Bergamasco/TCE-MT |
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Conselheiro Antonio Joaquim. |
A criação do Gaepe-MT é resultado da iniciativa do conselheiro Antonio Joaquim e decisão política do conselheiro-presidente José Carlos Novelli. “Eu quero isso aqui em Mato Grosso”, essa foi a reação do conselheiro Antonio Joaquim, ao buscar informações após receber convite do TCE-RO para conhecer o Gaepe de Rondônia, primeiro do país, em reunião presencial em Porto Velho, nos dias 17 e 18 de agosto de 2022.
Em seguida, Antonio Joaquim designou a atual secretária-executiva da Comissão Permanente de Educação e Cultura do TCE-MT, Cassyra Vuolo, para ver de perto o funcionamento do Gaepe-RO, em Porto Velho. Em 24 de outubro, com a adesão de 18 instituições de governo e sociedade civil, estava instalado o Gaepe-MT.
“A praticidade e a objetividade do conselheiro Antonio Joaquim fizeram e fazem a diferença. Em Mato Grosso, as reuniões ordinárias são mensais, com pautas, hora para começar e terminar. Estamos sempre tratando de estratégias traçadas e/ou resultados apurados. Existe todo um esforço colegiado e colaborativo para a efetividade das deliberações”, conta Cassyra Vuolo.
A secretária-executiva lembra que, em 11 de setembro de 2022, em Cuiabá, em reunião com Alessandra Gotti, presidente-executiva do Instituto Articule, e aprovação do conselheiro-presidente José Carlos Novelli, foi estabelecida a parceria para o gabinete de governança ser recepcionado pelo Tribunal de Contas.
“Ficamos muito contentes com o interesse em trazer o Gaepe para o Mato Grosso. As experiências das governanças em Rondônia, Goiás e Arquipélago do Marajó, no Pará, entre outras onde já foram instaladas, são inspiradoras e vemos também a parceria com Mato Grosso se destacar pelo grande poder de mobilização que têm alcançado”, afirma Alessandra Gotti.
Uma semana antes da criação do Gaepe-MT, a temática da Educação já tinha batido às portas do TCE-MT. É que o presidente Novelli, no início de agosto de 2022, tinha sido um dos signatários da Carta de Fortaleza pela Primeira Infância, assinada pelos presidentes de Tribunais de Contas durante o 1° Seminário Nacional A Primeira Infância e os Tribunais de Contas.
Resultados
Foto: Tony Ribeiro/TCE-MT |
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Presidente-executiva do Instituto, ArticuleAlessandra Gotti. |
Da data dessa reunião, em setembro, para a reunião de instalação do Gaepe-MT, em outubro, a primeira ação foi convidar outras instituições, seja por visitas oficiais ou por telefonemas. O esforço fez a diferença na articulação dos parceiros para a existência do Gabinete de Articulação em Mato Grosso, que logo superou o primeiro obstáculo: a assimilação da cultura da governança horizontal.
O ano de 2022 fechou com apuração das principais demandas de cada instituição membro relacionadas à política educacional. Conforme Cassyra, foram listados mais de 30 assuntos, que se afunilaram em 11 eixos. Destes, em janeiro de 2023, sobressaiu a decisão de focar na primeira infância (0 a 6 anos) e tratar primeiro de três temas: creches, alfabetização na idade certa e recomposição de aprendizagem.
Na reunião de fevereiro, foi deliberado por pesquisas de cenário, apuração de assuntos judicializados, enfim. Para, finalmente, em março, aprovação da Nota Técnica 01/2023 às secretarias municipais de educação, orientando a organização criteriosa e transparente de filas de acesso em creches. Também, a previsão de custos para superar a carência de vagas e plano de expansão.
Nas deliberações de março, foi enfrentado o diagnóstico da carência declarada pelas secretarias municipais de educação de 15 mil vagas em creches, assunto também tratado em abril. Municiado de todos esses dados, em maio, em evento no TCE-MT, as instituições do Gaepe-MT celebraram o Pacto Interinstitucional pela Educação de 0 a 6 anos em Mato Grosso, com chamamento de adesão às prefeituras municipais.
Como consequência da apuração da carência de vagas em creches, o Gaepe-MT levantou um custo estimado de R$ 444 milhões para construção e manutenção dessas unidades de apoio e apresentou os estudos na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, para inclusão do tema na Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO), com objetivo de buscar um programa estadual de apoio aos municípios.
Em agosto e setembro, o Gabinete de Articulação seguiu para a elaboração de nova nota técnica, agora focada no plano de expansão. O diagnóstico apurado revelou que a esmagadora maioria dos entes municipais não tem nem ideia de como se elabora essa peça de planejamento para enfrentar a necessidade de creches.
“Essa é exatamente a ideia da governança colaborativa. Juntos, cooperando e buscando soluções, para superar os desafios”, pondera Antonio Joaquim. Segundo o conselheiro, o principal é que o Gaepe-MT trouxe a questão da primeira infância para a evidência, para a sala de todos.


MATO GROSSO
Estudo revela déficit de 5 milhões de hectares de Reserva Legal no Mato Grosso e alerta para risco de embargos

Durante reunião realizada entre o Fórum Agro MT e a Frente Parlamentar da Agropecuária de Mato Grosso (FPA-MT), o perito da Polícia Federal, Bernardo Tabaczenski, apresentou estudo que trouxe números alarmantes sobre a situação da Reserva Legal no Mato Grosso, especialmente no bioma amazônico. O levantamento, baseado em dados oficiais do Cadastro Ambiental Rural (CAR), revela um déficit de 4,9 milhões de hectares em todo o bioma de áreas que precisam ser compensadas ou recuperadas no estado.
Segundo Tabaczenski, que ocupa cargo técnico-científico na PF, os resultados foram assustadores. “Eu obtive números que julguei assustadores. Hoje, no bioma amazônico de Mato Grosso, temos quase 29 milhões de hectares de imóveis rurais cadastrados. O déficit de Reserva Legal chega a 5,6 milhões de hectares”, afirmou.
O estudo foi apresentado no InterForensics 2025, em Curitiba, e no Conbrap 2025, em João Pessoa, e contou com a participação de outros dois peritos criminais federais.
De acordo com Tabaczenski, a falta de regularização pode trazer sérios impactos para o setor produtivo. “Essas áreas, quando não regularizadas ambientalmente, correm risco de embargo. O custo de recuperação é altíssimo. Imagine recuperar áreas produtivas em Sorriso ou Nova Ubiratã, que valem milhões. Isso é um fantasma para o produtor”, destacou.
O levantamento aponta que, mesmo considerando todas as áreas privadas passíveis de compensação em unidades de conservação, o número não chega a 700 mil hectares — muito abaixo da necessidade. “Dos 4,9 milhões de hectares de déficit, 4,2 milhões estão totalmente desprotegidos. Isso equivale a um terço da área de soja plantada em Mato Grosso. Ou regularizamos, ou haverá embargos. O problema é urgente”, afirmou.
Apesar de a legislação federal e um decreto estadual permitirem compensação em outros estados da Amazônia Legal, a Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema) tem dificultado a aplicação da medida.
“Existe todo o caminho legal para permitir compensação fora do Estado, mas a Sema ainda não percorreu. Talvez falte o conhecimento da realidade dos dados para que haja uma ação mais efetiva. Enquanto Pará e Rondônia já compram reservas em outros estados, Mato Grosso, que sempre foi vanguarda, está ficando para trás”, alertou o pesquisador.
O deputado estadual e presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, Carlos Avallone se manifestou sobre o tema, e defendeu alterações na legislação para permitir maior flexibilidade.
“Isso traz uma lupa em todo esse processo ambiental e mostra que precisamos sair na frente e autorizar que possamos comprar áreas de compensação em outros estados”, declarou.
Avallone afirmou que pretende articular com o governador Mauro Mendes e com a Assembleia Legislativa para viabilizar uma solução que dê segurança ao setor produtivo. “Se não resolvermos essa questão, o risco de embargo para o produtor será enorme. Temos que permitir que tudo seja feito de forma transparente e legal, porque o déficit é perigoso e precisa de solução urgente”, concluiu o parlamentar.
Já o deputado Nininho manifestou forte preocupação com a dificuldade de regularização e com o impacto das mudanças na legislação ambiental. “Acredito que esse déficit seja resultado de alterações na lei que mudaram os critérios de exploração. Antes, em áreas de floresta, era permitido utilizar 50%, hoje só 20%. No Cerrado, caiu de 80% para 65%. Isso dificultou ainda mais a vida do produtor”, afirmou.
Nininho defendeu a união entre Assembleia, Governo e entidades do setor para encontrar uma saída equilibrada. “Nós temos que fazer esse enfrentamento. Dialogar com a Sema e o Governo, de forma desarmada, para achar um critério justo, que seja bom para o meio ambiente, mas que não seja injusto com os produtores”, completou.
Lei Complementar 801/2024
Avallone também defendeu cautela na regulamentação da LC 801/2024 em Mato Grosso, o parlamentar destacou a importância da lei para fomentar a industrialização no estado. Aprovada pela ALMT e sancionada pelo governador, a LC aguarda, desde o mês de dezembro, sua regulamentação. O texto altera regras do Plano de Desenvolvimento do Estado, impactando incentivos fiscais e a concessão de armazéns, além de fomentar investimentos na industrialização.
O deputado estadual Carlos Avallone (PSDB) afirmou que a lei representa um avanço, mas destacou que a regulamentação precisa ser feita com cautela, para evitar brechas que possam comprometer sua efetividade.
“É uma legislação que já foi aprovada e sancionada, dependendo apenas da regulamentação por decreto. Mas é fundamental que cuidemos dessa regulamentação para fechar as portas e não permitir nenhum tipo de subterfúgio que facilite práticas incorretas, que não é o que nós queremos”, declarou.
Minuta de alteração da fitofisionomia em Mato Grosso
O encontro também discutiu a minuta do projeto de alteração da fisionomia vegetal de Mato Grosso. De acordo com o deputado estadual Chico Guarnieri o projeto visa trazer mais segurança e objetividade aos técnicos.
“A grande verdade é que esse projeto que deve ser apresentado visa deixar as coisas mais claras e objetivas para os técnicos que farão a avaliação de tipologia. No passado, houve muitos problemas com esses analistas. Então, um texto mais claro, objetivo e transparente pode proporcionar segurança jurídica tanto para quem analisa quanto para os produtores”, pontuou.
O parlamentar Diego Guimarães destacou que o projeto traz segurança jurídica ao setor produtivo e que o novo texto será mais profundo e consistente.
“Nós precisamos que o que é floresta seja classificado como floresta e o que é cerrado, seja classificado como cerrado, o modelo que tínhamos era arcaico, injusto e era pouco profundo, nós precisávamos aprofundar e aí, reconhecendo depois o veto do governador, a Assembleia, juntamente com a FPA-MT, passou por esse novo momento do aprofundamento, esmiuçando um pouco mais, trazendo critérios extremamente objetivos, com a finalidade de trazer essa justiça e segurança jurídica para todos os envolvidos. Eu creio que o Mato Grosso vai estar em uma vanguarda gigante, caso a gente possa apreciar, aprovar e colocar na vigência uma lei deste tipo”, explicou.
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