MATO GROSSO
Policiais Envolvidos em Confronto em Cuiabá Estavam Fazendo ‘Bico’
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Um confronto entre dois policiais militares e um policial penal, que dispararam suas pistolas em plena praça no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá, na manhã de quarta-feira (18), revela uma situação maior envolvendo agentes de segurança pública do Estado que utilizam a estrutura da Segurança Pública (Sesp) para atuarem em serviços privados ou “bicos” para empresas de segurança.
O motivo do confronto foi um veículo Ônix, roubado na noite anterior. Tanto o policial penal, atingido de raspão na cabeça e tórax, quanto os dois policiais militares, que atuam na Diretoria da Agência Central de Inteligência (Daci), haviam recebido informações sobre o local onde o carro estaria e se dirigiram rapidamente ao local. Como estavam à paisana, o tiroteio ocorreu devido ao erro de identificação, com cada um acreditando que os outros fossem criminosos. Foram disparados mais de 20 tiros em uma área de grande circulação de pessoas, colocando vidas em risco.
Os nomes dos envolvidos não foram divulgados. O policial penal foi liberado do hospital no período da tarde. O Ônix, que estava sendo monitorado pelos dois PMs e pelo policial penal, havia sido roubado por dois criminosos na noite anterior. A vítima, um homem de 40 anos, foi rendida quando estava a caminho de um encontro marcado por aplicativo. Os assaltantes levaram o carro, celular, dinheiro e cartões da vítima, e a abandonaram no bairro Osmar Cabral. O roubo foi comunicado à Polícia Militar por volta das 3h da madrugada, e o boletim de ocorrência foi registrado apenas na manhã seguinte, na Delegacia Especializada em Roubos e Furtos de Veículos Automotores (Derva), após o tiroteio.
O proprietário do veículo informou à Polícia Civil que um cabo da inteligência da PM o havia alertado de que o Ônix havia sido localizado, nas proximidades da boate Cristal. O intenso tiroteio, que aconteceu por volta das 10h30, foi registrado por câmeras de segurança e causou pânico na comunidade. Outras viaturas da Polícia Militar chegaram para dar apoio aos dois PMs que estavam à paisana (usando bermudas e camisetas). Policiais do 3º Batalhão acionaram o Samu, que levou o policial penal para atendimento médico.
A versão oficial da Polícia Militar é de que os dois policiais da Daci estavam em diligência para recuperar o veículo roubado e se envolveram no confronto com um possível suspeito, que foi identificado posteriormente como policial penal. Segundo a PM, o policial penal estava de folga e também monitorava o local onde o carro roubado estava. Ele relatou que havia recebido a informação da seguradora sobre a localização do Ônix. Ao chegar primeiro ao local, estacionou seu veículo em frente a um prédio, mas, ao perceber a aproximação dos dois homens, acreditou que se tratavam dos criminosos e se aproximou para fazer a abordagem. Isso desencadeou a troca de tiros.
A Polícia Militar informou que o caso está sendo investigado e que já tomou as medidas administrativas necessárias.
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Mais de 17,6 mil pessoas com deficiência comandam negócios próprios em Mato Grosso
Cerca de 17,6 mil pessoas com deficiência (PCD) têm o próprio negócio em Mato Grosso, segundo pesquisa do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Mato Grosso (Sebrae/MT). O levantamento, realizado neste ano, mostra que esses empreendedores representam 3,6% do total de empresários mato-grossenses, com predominância de pessoas com limitações motora (36,7%), visual (34%) e auditiva (29,3%).
O estudo aponta que os empreendedores PCD apresentam elevado nível de escolaridade: 46,9% concluíram o ensino médio e 38,1% têm ensino superior - índice superior à média estadual. A faixa etária predominante está entre 35 e 44 anos (39,5%), seguida por 45 a 54 (22,4%). O grupo é formado majoritariamente por homens (57%). No recorte racial, há equilíbrio entre pardos (36,7%) e brancos (34%), seguidos por pretos (19%).
A maioria é casada (57,1%) e tem filhos (91,2%), o que reforça a importância da renda do próprio negócio para a estrutura familiar.
No campo econômico, os empresários com algum tipo de limitação atuam em diversos setores. O comércio concentra 31,3% dos negócios, seguido por serviços (25,2%), indústria (21,8%) e tecnologia (14,3%). Moda (17,7%), cosméticos (15%) e alimentação (14,3%) estão entre os principais segmentos.
A formalização é alta: 85,7% possuem CNPJ, sendo a maioria registrada como microempresa (48,4%) ou empresa de pequeno porte (32,5%). Além disso, 70% atuam há mais de três anos e quase metade emprega de dois a cinco colaboradores, o que demonstra maturidade e estrutura consolidada.
Dificuldades
As motivações que levam pessoas com deficiência a empreender mesclam necessidade e realização pessoal. Para 40,8%, a decisão está ligada à necessidade financeira, enquanto 34% enxergam oportunidades de mercado e 32% buscam autonomia. A frustração com o mercado de trabalho tradicional (23,1%) e o desejo de realizar um sonho (15%) também aparecem com destaque.
As mulheres tendem a empreender mais por necessidade (54%), enquanto os homens se movem principalmente pela percepção de oportunidade (48,8%).
Na jornada empreendedora, os desafios enfrentados são múltiplas e revelam tanto desafios estruturais quanto específicos. Burocracia (44%), concorrência acirrada (39%) e falta de capital inicial (33%) estão entre as principais dificuldades. Além disso, 21% relataram barreiras diretamente ligadas à deficiência, como acessibilidade e preconceito, e 22% mencionaram dificuldades para equilibrar a vida pessoal e profissional.
Entre as mulheres, questões de gênero e maternidade ganham relevância, enquanto os homens apontam custos e juros elevados como maiores obstáculos.
“O Sebrae apoia todos os empreendedores, porque acredita que o empreendedorismo é um caminho de inclusão e autonomia para todas as pessoas, independentemente de suas condições. Quando um empreendedor PCD empreende, ela inspira e transforma o seu entorno”, afirma Liliane Moreira, analista técnica do Sebrae/MT. “A inclusão produtiva das pessoas com deficiência é uma questão de equidade e também de fortalecimento da economia, pois amplia talentos, gera inovação e promove uma sociedade mais justa”.
Dados da pesquisa
O levantamento foi realizado entre 3 e 31 de janeiro de 2025, por meio de entrevistas telefônicas, com 147 empreendedores (formais e informais) que possuam alguma deficiência no estado de Mato Grosso. O estudo apresenta uma taxa de confiança de 95% e margem de erro de 4%.