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Autoridades cobram a Justiça para destravar renegociação com mineradoras sobre reparação em Mariana

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Representantes do governo federal, do Ministério Público e da Defensoria Pública se uniram a parlamentares na pressão à Justiça para destravar a repactuação dos acordos de reparação do crime socioambiental de Mariana (MG). O tema foi debatido na Câmara dos Deputados, na terça-feira (19), pela comissão externa sobre fiscalização de barragens.

Havia expectativa de que, ainda neste mês, fossem concluídas novas bases para a efetiva reparação dos danos sociais, econômicos e ambientais causados pelo rompimento da Barragem do Fundão, que deixou 19 mortos e um rastro de destruição ao longo do Rio Doce entre Minas Gerais e Espírito Santo, em 2015.

A repactuação, conduzida hoje pelo Tribunal Regional Federal (TRF), teve início em 2021 e obteve consenso em temas como universalização do saneamento na bacia do Rio Doce, fundo para enfrentamento dos danos à saúde e medidas de retomada econômica. Algumas dessas ações seriam assumidas por União e estados, sem esquecer a chamada “obrigação de fazer” por parte de Samarco, Vale e BHP Billiton, responsáveis pelo crime socioambiental.

Impasse com mineradoras
As mineradoras, porém, travaram o novo acordo por divergências quanto ao valor das ações, segundo a Advocacia-Geral da União (AGU), uma das representantes do governo federal na repactuação.

“Não assumiremos essas obrigações sem a correspondente contraprestação financeira das mineradoras que seja minimamente capaz de custear todas essas ações, que, como já foi divulgado na imprensa, está na ordem de R$ 126 bilhões”, disse o advogado-adjunto da AGU Junior Divino Fideles. “A contraproposta que as mineradoras apresentaram, de R$ 42 bilhões em medidas compensatórias, é, de fato, aviltante, vergonhosa e desrespeitosa com o poder público”, acrescentou.

Nova tentativa de negociação
Na visita que fizeram ao Tribunal Regional Federal na segunda-feira (18), deputados ouviram do desembargador Ricardo Rabelo a previsão de nova data final para repactuação até março. Fideles, no entanto, ainda não vê interesse por parte das mineradoras.

Renato Araújo/Câmara dos Deputados
Paralisação das negociações sobre a repactuação do Acordo de Mariana. Dep. Rogério Correia (PT - MG)
Rogério Correia: Justiça tem de fixar prazo para repactuação

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“Se não tivermos uma mudança significativa na posição das empresas, não acredito na repactuação em março, nem em junho nem em momento algum”, afirmou o advogado. O que não significa dizer, da parte do poder público e da União, que vamos abrir mão de buscar a reparação efetiva pelos danos socioambientais cometidos.”

Um dos relatores parciais da comissão externa, o deputado Helder Salomão (PT-ES) manifestou indignação com a nova paralisação nas negociações. Os deputados Pedro Aihara (Patriota-MG) e Padre João (PT-MG) reforçaram as críticas.

AGU e outros representantes do poder público devem se reunir em janeiro para traçar nova estratégia de atuação na repactuação. Segundo Fideles, estuda-se, inclusive, a aplicação de punições administrativas previstas no Código de Mineração.

Uma das representantes do governo de Minas Gerais nas negociações, a coordenadora-adjunta do Comitê Pró-Rio Doce, Thais Vilas Boas, declarou que ainda acredita na efetivação do acordo final, mas também cobrou maior rigor do Judiciário diante dos oito anos do crime socioambiental e dos quase três anos de processo de repactuação.

Descaso
Procurador do Ministério Público Federal em Minas Gerais, Carlos Bruno da Silva disse estar “espantado” com o fato de as mineradoras não levarem os acordos a sério. Ele citou novo laudo pericial que atesta a contaminação de produtos agropecuários pela lama tóxica e os novos pedidos de condenação judicial contra as empresas.

“O poder público novamente peticionou a condenação das empresas em valor que pode chegar a R$ 100 bilhões. Vale, BHP e Samarco: eu gosto de citar o nome das mineradoras porque não é uma tragédia sem dono, é uma tragédia com culpado, com responsável”.

Representante da Defensoria Pública da União na repactuação, Isabella Simões afirmou que a demora só beneficia as mineradoras. “São oito anos em que esses recursos estão sendo investidos no próprio lucro da empresa, gerando dividendos e aumentando o capital exatamente por conta do benefício do atraso.”

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Cobrança formal
O coordenador da comissão externa, deputado Rogério Correia (PT-MG), cobrou mais rigor da Justiça por meio de documento formal.

“Solicitamos ao Poder Judiciário fixar prazo final para o fim da repactuação, priorizar o julgamento das ações judiciais coletivas e individuais que buscam a reparação, bem como agilizar os processos criminais, já que, após oito anos, não houve punição para os crimes cometidos”, informou.

A repactuação se arrasta por quase três anos sem ter garantido a efetiva participação dos representantes das vítimas, segundo o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Coordenador do MAB, Thiago Alves espera mudança dessa realidade a partir da nova Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (PNAB), aprovada pelo Congresso e em vigor desde 15 de dezembro (Lei 14.755/23).

“Nós já podemos usar a PNAB como referência para garantir a participação dos atingidos e ter isso como espaço criativo dentro da legislação brasileira”, apontou Alves.

Prevenção
O secretário nacional de Mineração, Vitor Saback, disse que o Ministério de Minas e Energia participa das negociações pela repactuação com foco em sustentabilidade ambiental e segurança para as comunidades.

Ele defendeu que a prevenção de novas tragédias passa pela reestruturação da Agência Nacional de Mineração (ANM), que ainda convive com problemas de orçamento e pessoal para fiscalizar as 926 barragens sob acompanhamento.

Ausência das mineradoras no debate 
Samarco, Vale e BHP foram convidadas para a audiência na Câmara, mas justificaram a ausência com o argumento de “confidencialidade” de alguns termos da repactuação dos acordos de Mariana.

Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Marcelo Oliveira

Fonte: Câmara dos Deputados

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Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.

A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.

O que é essa tarifa e como funciona?

A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.

Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.

Exemplo simples: 

Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:

  • Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.

  • Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.

  • Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.

  • Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.

  • Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.

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Como isso afeta o Brasil?

A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:

  • Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.

  • Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.

  • Perda de mercado para concorrentes de outros países.

  • Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).

  • Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.

 

Quais produtos serão mais afetados?

A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:

  • Carnes bovina, suína e de frango

  • Café

  • Suco de laranja

  • Soja e derivados

  • Minério de ferro e aço

  • Aeronaves e peças da Embraer

  • Cosméticos e produtos farmacêuticos

  • Celulose, madeira e papel

Brasil pode retaliar?

O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.

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E o consumidor brasileiro, será afetado?

Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.

O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).

A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.

O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.

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