POLITÍCA NACIONAL
Debatedores sugerem mais prevenção e apoio aos familiares em política de cuidado das demências
POLITÍCA NACIONAL

O foco na prevenção e o apoio aos cuidadores informais e aos familiares são algumas das sugestões apresentadas à futura Política Nacional de Cuidado Integral às Pessoas com Doença de Alzheimer e Outras Demências, prevista no Projeto de Lei 4364/20.
Em audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (14), onde o projeto que cria a política está sendo examinado, os participantes também enfatizaram a importância da informação qualificada sobre as demências, para afastar o estigma que cerca essas doenças.
A proposta tem origem no Senado e já foi aprovada pelos senadores no ano passado. Ela prevê a capacitação de profissionais para lidarem com as demências, o estabelecimento de protocolos de tratamento de acordo com a orientação de entidades internacionais como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e um sistema de apoio à família.
Também determina o incentivo às pesquisas e à detecção precoce dos sintomas, além da notificação dos casos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Benefícios fiscais
Representando a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Otávio Nóbrega sugeriu a inclusão de temas como o atendimento domiciliar e benefícios financeiros e fiscais para as famílias das pessoas com demência. Também criticou a expressão “idoso carente” no parágrafo que estabelece um programa de amparo às instituições de longa permanência (Ilpis).
“O Estado de bem-estar implantado no Brasil com o SUAS, com o SUS, pressupõe assistência universal, igualitária e integral, independentemente de um status ou de um nível socioeconômico da pessoa a ser assistida”, disse Nóbrega, sugerindo a exclusão da expressão ‘idoso carente’. Segundo ele, “o simples fato de estar residindo numa instituição de longa permanência, mereceria atenção independentemente da condição socioeconômica desse indivíduo”.
Para alguns representantes da sociedade civil organizada a proposta de uma política de cuidados para as demências é um primeiro passo para que o País tenha um plano nacional sobre o tema.
Lina Menezes, do projeto Tudo Sobre o Alzheimer, acredita é preciso qualificar os cuidadores informais e esclarecer pessoas com demências e seus familiares sobre direitos que eles nem sabem que existem.

Números
A presidente da Federação Brasileira de Associações de Alzheimer (Febraz), Elaine Mateus, estima que em 2019 já havia 1,8 milhão de brasileiros com demências e alerta que esse número pode chegar a 5,7 milhões de pessoas em 2050.
Ela lembrou que uma das recomendações da OMS é a prevenção, com o tratamento de fatores de risco como diabetes e hipertensão, mas lamenta que só três em cada 10 pessoas com demências tenham um diagnóstico formal.
“Existe um enorme contingente de pessoas que hoje sofrem nas suas relações cotidianas sem sequer saber que suas alterações de humor, de comportamento, são algo que é uma doença, uma patologia e não algo natural e normal do envelhecimento”, observou.
Diagnóstico precoce
O relator do projeto, deputado Alexandre Padilha (PT-SP), defendeu políticas públicas que garantam o diagnóstico o mais cedo possível.
“Tudo o que a gente puder fazer para formar profissionais de saúde, ter tecnologias lá na ponta em Atenção Primária em Saúde, ações de divulgação pra sociedade em campanhas de orientação que levem ao diagnóstico precoce, nós vamos poder cuidar melhor das pessoas, evitar os impactos que possam existir, garantir uma melhor qualidade de vida e reduzir custos também para o sistema de saúde e de proteção social”, afirmou Padilha.

Acesso aos remédios
Já o presidente da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), Rodrigo Schutz, prefere falar em transtornos cognitivos do que em demências. Ele lembrou que há até pouco tempo, mesmo profissionais de saúde diziam que não havia nada a ser feito em relação a essas doenças para as quais ainda não existe cura.
“Há muito a ser feito, de maneira não medicamentosa, não farmacológica e farmacológica”, disse Schutz ressaltando que é preciso facilitar o acesso das pessoas a remédios, nos grandes e pequenos centros. “Há uma questão necessária sempre em qualquer projeto de lei, iniciativa, de que cheguem as medicações em qualquer lugar, que não faltem”, disse.
Os debatedores também apontaram que a prevenção pode driblar os altos custos dos tratamentos das demências. A expectativa é que até 2030, os gastos em todo o mundo com essas doenças cheguem a US$ 2 trilhões.
O relator Alexandre Padilha adiantou aos participantes do debate desta terça que deve entregar seu parecer ao projeto até a primeira semana de julho, para que o texto possa ser votado na Comissão de Seguridade Social e Família antes do recesso parlamentar.
Reportagem – Cláudio Ferreira
Edição – Roberto Seabra


GERAL
Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.
A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.
O que é essa tarifa e como funciona?
A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.
Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.
Exemplo simples:
Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:
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Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.
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Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.
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Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.
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Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.
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Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.
Como isso afeta o Brasil?
A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:
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Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
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Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.
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Perda de mercado para concorrentes de outros países.
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Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).
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Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.
Quais produtos serão mais afetados?
A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:
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Carnes bovina, suína e de frango
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Café
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Suco de laranja
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Soja e derivados
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Minério de ferro e aço
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Aeronaves e peças da Embraer
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Cosméticos e produtos farmacêuticos
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Celulose, madeira e papel
Brasil pode retaliar?
O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.
E o consumidor brasileiro, será afetado?
Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.
O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).
A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.
O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.
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