POLITÍCA NACIONAL
Deputadas e representantes da Justiça Eleitoral cobram punição efetiva de violência política de gênero
POLITÍCA NACIONAL

Deputadas cobraram a efetiva implementação da lei aprovada em 2021 que estabelece regras para prevenir e reprimir a violência política contra a mulher (Lei 14.192/21). Outra lei aprovada pelo Congresso Nacional em 2021, relativa aos crimes contra o Estado democrático de direito, também traz o crime de violência política em razão de sexo, raça, cor, etnia e religião (Lei 14.197/21).
O assunto foi debatido no Seminário sobre Violência Política contra a Mulher, promovido pela Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (21).
Coordenadora da bancada feminina, a deputada Celina Leão (PP-DF) destacou que, mesmo com a aprovação de leis importantes, há dificuldade de implementá-las. Segundo ela, dentro do próprio Congresso Nacional a violência política acontece e não é punida.
“Nós já fomos chamadas de histéricas, de portadoras de vagina, dentro deste Congresso. Se isso não for violência política, o que seria violência política? Nós precisamos ter o primeiro caso no Brasil de punição de violência política, para dar o exemplo para milhares de pessoas que ainda têm esse comportamento no Brasil”, afirmou.

Desestímulo à política
A procuradora da Mulher da Câmara, deputada Tereza Nelma (PSD-AL), ressaltou que as maiores vítimas de violência política são mulheres negras e transexuais. Segundo ela, a preocupação é de que as mulheres não sejam desestimuladas a entrar na política e que mandatos políticos femininos não sejam interrompidos pela violência política. Ela destacou que a busca é por paridade entre homens e mulheres no Parlamento, mas hoje elas ocupam apenas 15% das cadeiras.
No ranking da União Interparlamentar, o Brasil está na posição 145º, entre 192 países, ficando atrás de todos os países da América Latina, com exceção do Haiti.
Para mudar esse quadro, Tereza Nelma informou que, além de aprovar novas leis, em junho 2021 a Câmara dos Deputados criou o Observatório de Mulheres na Política. Um dos eixos de pesquisa do observatório é justamente a violência política contra a mulher.
Já a procuradora da Mulher no Senado, senadora Leila Barros (PDT-DF), cobrou a punição para os responsáveis pela morte da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, assassinada em 2018. Após mais de quatro anos, o crime segue sem resposta.

Mulheres indígenas
Primeira mulher indígena eleita deputada federal, Joenia Wapichana (Rede-RR) ressaltou que as mulheres indígenas sofrem triplamente – por uma política machista, racista e classista. Ela contou da violência política que vem sofrendo, inclusive por políticos locais no estado de Roraima, presencialmente e pela internet, por conta da defesa dos direitos dos povos indígenas e contra o garimpo ilegal nessas terras.
Segundo ela, é preciso registrar todos os ataques verbais e cobrar responsabilização de quem ofende. “Não é para ser banalizado, isso não é natural, isso se trata de crime, e a lei que aprovamos no ano passado deve ser implementada e consolidada a partir dessas vivências, a partir dessas agressões”, avaliou.
Transição cultural
Ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Maria Cláudia Bucchianeri frisou que a violência política de gênero ainda é normalizada, e a prática, por exemplo, de interromper a fala de mulheres é generalizada e aceita. Segundo ela, tornar essa prática crime eleitoral demanda uma transição cultural.
Ela lembrou que o Ministério Público Eleitoral denunciou recentemente o deputado estadual Wellington de Souza Moura (Republicanos) por crime de violência de gênero, por afirmar que colocaria um “cabresto na boca” da deputada Mônica Seixas (Psol), em sessão plenária da Assembleia Legislativa de São Paulo no dia 18.
“Humilhar candidata, humilhar mandatária, em razão da condição feminina é crime, e que nenhum homem mais ache que pode colocar um cabresto na nossa boca, cortar nossos microfones ou alisar os nossos corpos sem o nosso consentimento. Que sejam todos responsabilizados e punidos pelo bem da nossa democracia”, disse.

Prioridade
Procuradora Regional da República e coordenadora do Grupo de Trabalho de Prevenção e Combate à Violência Política de Gênero, da Procuradoria Geral Eleitoral, Raquel Branquinho garantiu que o tema é prioritário nos órgãos e já existem cerca de 20 investigações em andamento em diversos estados do Brasil.
“O GT tem atuado em dois focos: temos feito uma série de representações de crimes e acompanhado, e recepcionado representações de outras organizações, como a própria Secretaria da Mulher já encaminhou representação que se tornou a primeira denúncia de primeiro grau no estado do Maranhão, onde uma vereadora teve a sua fala interrompida”, citou. O caso ocorreu no município de Pedrinhas. Conforme ela, a punição efetiva é questão de vontade política do Poder Judiciário.
A procuradora informou ainda que metade dos partidos políticos brasileiros já alteraram o estatuto para tratar da prevenção e repressão do crime de violência política de gênero, conforme determina a Lei 14.192/21. Pela lei, o prazo para isso seria de 120 dias após a publicação da norma – prazo que não foi cumprido. O GT também cobra o cumprimento da norma pelas legendas.
Cargos de poder
Coordenadora do Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos, Miguelina Vecchio afirmou que a busca deve ser não apenas por mais mulheres na política, mas por mais mulheres no poder, em cargos decisórios, inclusive dentro dos partidos.
A deputada Rosângela Gomes (Republicanos-RJ), autora do projeto que originou a Lei 14.192/21 e hoje 4ª Secretária da Câmara dos Deputados, disse que ela mesmo enfrentou muita violência política: “Eu tenho vários adjetivos: além de ser mulher, de ser pobre, de ser negra, de ser periférica, de ser evangélica, e eu paguei um preço alto, mas permaneci.”

Canal de denúncia
Representante do Instituto Marielle Franco, Brisa Lima citou pesquisas realizadas pelo instituto que revelam a dificuldade das mulheres negras em denunciar formalmente os casos de violência política. Alguns dos entraves seriam a falta de orientação das medidas de proteção que podem ser adotadas e o desconhecimento da legislação.
A promotora de Justiça Bianca Stella informou que a Ouvidoria Nacional do Ministério Público disponibiliza um formulário eletrônico como meio para que qualquer cidadão denuncie casos de violência contra a mulher.
Já a secretária adjunta da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres do Ministério da Mulher, da Família e Direitos Humanos, Josiane Paiva, informou que a pasta acaba de lançar o curso Mais Mulheres na Política, para fomentar a participação feminina em cargos decisórios. Para se inscrever, basta entrar no site do ministério.
A gerente de Projetos da Revista Azmina, Bárbara Libório, expôs resultado da pesquisa Monitor A, realizada pela revista nas eleições em 2020, a qual monitorou os ataques sofridos por 175 candidatas. Segundo ela, as ofensas destinadas aos homens se referem a críticas à sua gestão e a ideologia, enquanto as mulheres sofrem com ofensas morais, incluindo comentários gordofóbicos, racistas e LGBTfóbicos.
Campanha
Ao final do seminário, a procuradora Tereza Nelma lançou a terceira edição de campanha nacional de combate à violência política contra a mulher, promovida pela Secretaria da Mulher da Câmara, com o apoio da ONU Mulheres e do Ministério da Mulher.
Reportagem – Lara Haje
Edição – Roberto Seabra


GERAL
Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.
A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.
O que é essa tarifa e como funciona?
A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.
Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.
Exemplo simples:
Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:
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Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.
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Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.
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Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.
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Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.
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Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.
Como isso afeta o Brasil?
A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:
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Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
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Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.
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Perda de mercado para concorrentes de outros países.
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Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).
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Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.
Quais produtos serão mais afetados?
A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:
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Carnes bovina, suína e de frango
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Café
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Suco de laranja
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Soja e derivados
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Minério de ferro e aço
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Aeronaves e peças da Embraer
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Cosméticos e produtos farmacêuticos
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Celulose, madeira e papel
Brasil pode retaliar?
O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.
E o consumidor brasileiro, será afetado?
Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.
O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).
A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.
O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.
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