Search
Close this search box.
CUIABÁ

POLITÍCA NACIONAL

Entidade indígena denuncia insegurança no Vale do Javari; PF e Funai resumem providências

Publicados

POLITÍCA NACIONAL

A situação no Vale do Javari, no Amazonas, permanece de “extrema insegurança” e de ameaças cerca de um mês após a localização de vestígios dos corpos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. A denúncia foi feita nesta terça-feira (12) por Beto Marubo, um dos coordenadores da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), durante audiência na comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha as investigações dos assassinatos de Bruno e Dom.

Segundo Marubo, a desmobilização das forças de segurança federais e estaduais reacendeu as ameaças a indígenas e funcionários da Funai na região. “Eles estão acuados. A coordenadora de Atalaia do Norte está trabalhando às escuras e com a porta fechada, com medo de levar um tiro. Colombianos suspeitos estão indo lá na Univaja e na Funai de Tabatinga. Nós estamos sós. No período das buscas (por Bruno e Dom) e por pressão nacional e internacional, eu vi um grande contingente. Agora, foi todo mundo embora. Que Estado brasileiro é esse que renega a própria responsabilidade naquela região?”, questiona.

Instagram / Dep. Vivi Reis
Beto Marubo: indígenas e funcionários da Funai estão acuados

Diante de representantes da Polícia Federal e da Funai, Beto Marubo acusou as duas instituições pelas mortes de Bruno e Dom. Segundo a Univaja, os recentes assassinatos têm ligação com a morte de Maxciel dos Santos, que, assim como Bruno Pereira, era indigenista com serviços prestados à Funai na proteção dos indígenas do Vale do Javari.

“Eu queria dizer para a Funai: a omissão e a negação de vocês ajudaram a matar o meu amigo. Ao delegado da Polícia Federal, quero dizer que a ausência do Estado brasileiro no Vale do Javari matou Maxciel, em 2019, e o Bruno”.

Proteção
A audiência pública foi solicitada pela deputada Joenia Wapichana (Rede-RR), que ressaltou a necessidade de se apurarem as circunstâncias dos assassinatos de Bruno e Dom e de garantir a proteção integral da região do Vale do Javari. O presidente da comissão externa, deputado José Ricardo (PT-AM), pediu à Polícia Federal proteção especial para as famílias de indígenas e de servidores da Funai ameaçados na região.

Leia Também:  Câmara aprova MP que amplia beneficiários e margem do crédito consignado

Joenia ressaltou que a investigação também está em foco na Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Indígenas, que ela coordena.

Investigações
O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, delegado Eduardo Fontes, afirmou que as investigações seguem de forma técnica e com alguns detalhes em sigilo, como na possível conexão do caso Bruno e Dom com a morte de Maxciel, em 2019. Também não há conclusão quanto a eventuais mandantes dos crimes. “A Univaja foi ouvida e nada de concreto foi trazido em relação a mandante nem à conexão dos fatos. Quero deixar claro que nós vamos avaliar todas as linhas investigativas. Se houver um mandante, nós vamos ter condições de chegar (a ele). Estamos trabalhando de forma técnica para que, ao final, as pessoas sejam efetivamente condenadas pelos casos”, disse Fontes.

O delegado disse que uma das linhas de investigação é de associação criminosa ligada à pesca ilegal no Vale do Javari. Ele também resumiu as ações do comitê de crise formado por Forças Armadas, Força Nacional e Polícia Federal, além de policiais e bombeiros do Amazonas, logo após o desaparecimento de Bruno e Dom. Amarildo da Costa Oliveira, Jeferson da Silva Lima e Oseney da Costa Oliveira foram presos como executores do crime e cinco estariam ligados à ocultação dos corpos. Ainda houve a prisão de um estrangeiro por suspeita de envolvimento no caso.

Eduardo Fontes admitiu que os indígenas da Univaja tiveram papel fundamental na localização dos corpos e informou que há concurso público em andamento para reforço da Polícia Federal no Alto Solimões. O coordenador de gestão de pessoas da Funai, Paulo de Andrade Pinto, admitiu “histórico e notório” déficit de efetivo na instituição, o que deve ser reduzido por meio de concurso público recentemente determinado pelo Supremo Tribunal Federal. Uma força-tarefa reforça o número de servidores no Vale do Javari.

Leia Também:  Comissão aprova projeto que prevê programa de saúde mental específico para pessoas idosas

Relatório
Os deputados aprovaram o relatório da diligência que a comissão externa da Câmara fez ao Vale do Javari entre 30 de junho e 1° de julho. O texto de 30 páginas da deputada Vivi Reis (Psol-PA) constata ausência do Estado no Vale do Javari, sucessivos crimes ambientais na região, falta de ação governamental diante de tragédias anunciadas e risco iminente de novas mortes de indígenas e de servidores da Funai.

Alan Rones/Câmara dos Deputados
Audiência Pública - Ações desenvolvidas na região da Terra Indígena Vale do Javari. Dep. Vivi Reis PSOL-PA
Vivi Reis apresentou relatório parcial: “Urgência”

“Percebemos um sentimento de extrema insegurança na região e um verdadeiro sentimento de ameaça. A frase que escutamos lá é que muitos têm um alvo nas costas e isso nos preocupa. Foram citadas questões de pesca ilegal e exploração sexual de criança apresentadas de uma forma muito nítida. Todo mundo vê. Então, quais são, de fato, as medidas para combater essas práticas?”, pergunta a deputada.

Entre as sugestões urgentes, o relatório de Vivi Reis aponta um plano emergencial para ações de proteção territorial no Vale do Javari e a substituição do presidente da Funai. Os deputados ainda aprovaram um requerimento de informações oficiais à Polícia Federal e à Funai e outro com pedido de apuração do Ministério Público Federal sobre ameaças contra indígenas e servidores da Funai.

O texto ainda não é o relatório final da comissão. “A urgência de se promover iniciativas para combater o que foi constatado, faz com que não seja viável a espera do relatório final desta comissão para que tomemos algumas medidas”, explicou.

Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Ana Chalub

Fonte: Câmara dos Deputados Federais

COMENTE ABAIXO:
Propaganda

GERAL

Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil

Publicados

em

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.

A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.

O que é essa tarifa e como funciona?

A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.

Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.

Exemplo simples: 

Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:

  • Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.

  • Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.

  • Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.

  • Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.

  • Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.

Leia Também:  Deputados analisam projeto que aumenta penas para crimes de furto e roubo; acompanhe

 

Como isso afeta o Brasil?

A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:

  • Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.

  • Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.

  • Perda de mercado para concorrentes de outros países.

  • Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).

  • Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.

 

Quais produtos serão mais afetados?

A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:

  • Carnes bovina, suína e de frango

  • Café

  • Suco de laranja

  • Soja e derivados

  • Minério de ferro e aço

  • Aeronaves e peças da Embraer

  • Cosméticos e produtos farmacêuticos

  • Celulose, madeira e papel

Brasil pode retaliar?

O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.

Leia Também:  Comissão aprova projeto que institui programa para alfabetizar pessoas idosas

E o consumidor brasileiro, será afetado?

Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.

O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).

A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.

O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.

COMENTE ABAIXO:
Continue lendo

CUIABÁ

VÁRZEA GRANDE

MATO GROSSO

POLÍCIA

MAIS LIDAS DA SEMANA