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POLITÍCA NACIONAL

Especialistas buscam classificação das atividades econômicas quanto aos impactos socioambientais

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A chamada “taxonomia verde” foi alvo de amplo debate na Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (7), reunindo cerca de 20 representantes do governo federal e de entidades empresariais, financeiras e socioambientais.

O tema é analisado na Câmara por meio do Projeto de Lei 2838/22, do deputado Zé Silva (Solidariedade-MG), ainda em fase inicial nas comissões temáticas. O objetivo é estabelecer uma classificação nacional das atividades econômicas de acordo com seus impactos sociais, ambientais e climáticos.

Especialista em taxonomia verde, a diretora da Associação Soluções Inclusivas Sustentáveis (SIS), Luciane Moessa, afirmou que a medida é fundamental para as estratégias de descarbonização, ou seja, de estímulos à produção econômica menos poluente.

“É preciso promover essa transição justamente etiquetando: que o setor financeiro passe a financiar o esverdeamento das atividades econômicas tradicionais usando tecnologias mais avançadas para o seu setor e, ao mesmo tempo, financiar a nova economia”, declarou.

Luciane Moessa lembrou que essa é uma agenda global, na qual o Brasil está atrasado, inclusive em relação a vizinhos latino-americanos.

Mapeamento
A taxonomia verde envolve mapeamento de novas tecnologias ou atividades econômicas alinhadas a objetivos sociais e ambientais com indicadores objetivos de impacto; medição do grau de alinhamento de atividades empresarias a esses objetivos; e classificação diferenciada por atividade econômica.

“Dentro de um mesmo setor econômico, pode-se ter vários graus nessa jornada de transição. Por isso, a gente propõe uma taxonomia que não seja binária: que ela tenha vários tons de verde, que ela tenha vários tons de vermelho, que ela tenha o amarelo para sinalizar como as empresas estão caminhando nessa transição”, explicou Luciane.

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Outro objetivo da classificação é evitar o chamado “greenwashing”, ou seja, o uso em vão de expressões verdes, sem o efetivo compromisso com ações sustentáveis.

A coordenadora de governança climática do Ministério do Meio Ambiente, Ana Paula Cavalcante, disse que a proposta está alinhada à “visão de futuro para o Brasil”, mas reconheceu que o tema é complexo e “vai demandar trabalho de longo prazo e estrutura de governança robusta”.

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Audiência Pública – Taxonomia Verde. Ministério Do Meio Ambiente E Mudança Do Clima, Ana Paula Cunha Machado Cavalcante
Ana Paula Cavalcante: a implementação da medida vai demandar trabalho de longo prazo

Já o coordenador de análise de impacto social e ambiental do Ministério da Fazenda, Matias Cardomingo, ressaltou que o governo federal busca consensos sobre o tema, inclusive para aproveitar a taxonomia verde como instrumento de superação das desigualdades sociais do País.

O diretor da Secretaria de Economia Verde do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Lucas Maciel, defendeu a classificação como “expressão de soberania nacional”.

“A gente não deve encarar essa taxonomia como uma mera importação de padrões, gramáticas e critérios externos. A gente tem que assumir que ela revela o que é prioridade e o que não é prioridade para o nosso país. Vou dar um exemplo: o Parlamento Europeu considerou como verde a utilização de gás natural e de energia nuclear. Outro exemplo: a União Europeia coloca ‘red flag’ nos nossos biocombustíveis por entender que os nossos biocombustíveis ajudam a degradar o meio ambiente. Então, a gente tem que ter clareza sobre o projeto que a gente quer”, disse Lucas Maciel.

Estratégias ESG
De forma geral, os representantes do setor produtivo na audiência desta quarta-feira afirmaram que a taxonomia verde está nas estratégias ESG, de responsabilidade ambiental, social e de governança.

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A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) detalhou a classificação que adota desde 2013. Já a Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) defendeu a construção de novos incentivos financeiros à transição para a economia verde.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) destacou produtos já disponíveis, como as debêntures verdes, usadas na captação de recursos para investimento em redução de impactos ambientais; e a CPR-Verde, voltada para ações do agronegócio em conservação e recuperação florestal.

As entidades ligadas a seguros (Susep, CNseg, Previc e Abrapp), por sua vez, querem a inclusão do setor nas estratégias de taxonomia verde.

O Laboratório de Inovação Financeira sugeriu que a taxonomia verde tenha base de dados “robusta e auditável” e passe por revisão científica permanente.

O deputado Zé Silva quer aproveitar os consensos já obtidos para tentar acelerar a análise do projeto de lei sobre o tema na Câmara e no Senado.

“Eu quero combinar de termos, neste mês, um documento de apoio ao projeto para nós encaminharmos ao Colégio de Líderes, aos presidentes das duas Casas e a todos os parlamentares. Acho que assim a gente consegue formar uma corrente e uma massa crítica importante em relação ao tema da taxonomia”, afirmou.

A audiência na Comissão de Legislação Participativa faz parte da Virada Parlamentar Sustentável, promovida por mais de 30 entidades socioambientais no Congresso Nacional ao longo deste mês de junho.

Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Pierre Triboli

Fonte: Câmara dos Deputados

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GERAL

Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.

A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.

O que é essa tarifa e como funciona?

A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.

Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.

Exemplo simples: 

Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:

  • Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.

  • Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.

  • Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.

  • Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.

  • Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.

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Como isso afeta o Brasil?

A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:

  • Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.

  • Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.

  • Perda de mercado para concorrentes de outros países.

  • Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).

  • Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.

 

Quais produtos serão mais afetados?

A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:

  • Carnes bovina, suína e de frango

  • Café

  • Suco de laranja

  • Soja e derivados

  • Minério de ferro e aço

  • Aeronaves e peças da Embraer

  • Cosméticos e produtos farmacêuticos

  • Celulose, madeira e papel

Brasil pode retaliar?

O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.

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E o consumidor brasileiro, será afetado?

Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.

O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).

A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.

O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.

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