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POLITÍCA NACIONAL

Especialistas criticam contratação de termelétricas a gás, prevista em Lei da Eletrobras

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POLITÍCA NACIONAL

Billy Boss/Câmara dos Deputados
Audiência Pública - Política de Uso de Termoelétrica Movidas a Gás Natural. Dep. Elias Vaz PSB-GO
O deputado Elias Vaz sugeriu a revogação de parte da lei que trata do tema

Participantes de uma audiência pública promovida pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados criticaram a previsão, na Lei de Privatização da Eletrobras, da contratação de 8 gigawatts de termelétricas movidas a gás natural que exigirão a construção de gasodutos e linhas de transmissão para distribuição posterior. A previsão, na lei, é que as térmicas sejam construídas em regiões do País que hoje não possuem pontos de suprimento de gás natural.

O argumento dos debatedores é que a obrigação vai encarecer o custo da energia elétrica, prejudicando a indústria e as famílias consumidoras, além do meio ambiente.

A sugestão do deputado Elias Vaz (PSB-GO), que solicitou o debate realizado nesta terça-feira (31), é a de revogar a parte da lei que trata do assunto. A medida, disse ele, foi inserida na legislação, sem consulta prévia a especialistas ou parlamentares.

“Por exemplo, aqui em Brasília, tem que gerar uma determinada produção de energia, só que não tem gás aqui”, exemplificou o parlamentar. “É o povo brasileiro que vai ter que pagar esse gasoduto até aqui? Depois também não se consome essa energia aqui. Aí nós vamos ter de pagar as linhas de transmissão para levar para outro lugar. Qual a lógica disso? Não é um interesse técnico.”

Billy Boss/Câmara dos Deputados
Audiência Pública - Política de Uso de Termoelétrica Movidas a Gás Natural. Paulo Pedrosa - Presidente Executivo da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres - Abrace
Paulo Pedrosa: “Térmicas vão representar 10% de aumento na tarifa de energia”

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Custos
Estima-se que as futuras usinas termelétricas custem ao Brasil R$ 52 bilhões até 2036, apenas no que diz respeito à operação. Os dados são da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia.

“Apenas as térmicas vão representar 10% de aumento na tarifa de energia no Brasil, algo que pode chegar a R$ 27 bilhões ao ano”, afirmou ainda o presidente-executivo da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa.

Os efeitos serão sentidos não apenas na conta de luz, mas na economia como um todo, porque afetará a atividade industrial, como lembrou o gerente executivo de Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Wagner Ferreira Cardoso.

“Estamos perdendo competitividade pelo alto preço da energia no Brasil. De 20 anos para cá, tem subido muito e hoje é um entrave para a expansão da indústria”, criticou Cardoso. “A instalação compulsória de geração térmica, sem estudos adequados, representa mais uma política inadequada para o setor elétrico, devido ao aumento de custos. A consequência direta será a menor contratação de energia renovável”, completou.

Billy Boss/Câmara dos Deputados
Audiência Pública - Política de Uso de Termoelétrica Movidas a Gás Natural. Mario Luiz Menel - Presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape)
Mario Luiz Menel: gasodutos devem ser bancados por uma política pública

Necessidade
O presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), Mario Luiz Menel, disse concordar com a necessidade de termelétricas para expandir a capacidade energética brasileira, mas observou que as usinas devem estar localizadas perto de centros de carga, de estruturas de gás e de linhas de transmissão de energia.

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“Novos gasodutos são bem-vindos, mas dentro de um óptica econômica para desenvolver um mercado. Devem ser bancados por uma política pública e não pelos consumidores de outros segmentos”, defendeu Menel.

Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), as termelétricas representam hoje 26% da matriz energética brasileira, devendo chegar a 35% no futuro.

Na audiência, o superintendente de Regulação dos Serviços de Geração da agência, Alessandro Cantarino, explicou que as termelétricas a gás têm um papel de equilibrar a matriz energética em mercados com alta penetração de gerações intermitentes, como a eólica e a solar.

“A gente tem também um papel importante das termelétricas, para o atendimento da ponta, para a variação de energia e para fazer frente aos momentos de maior consumo. Essa geração deve passar a ter uma característica de confiabilidade mais voltada à questão elétrica”, disse o superintendente.

O deputado Elias Vaz lamentou a ausência, no debate, do representante de distribuidoras de gás, apesar de o convite ter sido feito. Segundo o deputado, seria a pessoa certa para fazer a defesa do assunto e trazer um outro ponto de vista à discussão.

Reportagem – Noéli Nobre
Edição – Roberto Seabra

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GERAL

Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.

A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.

O que é essa tarifa e como funciona?

A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.

Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.

Exemplo simples: 

Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:

  • Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.

  • Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.

  • Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.

  • Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.

  • Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.

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Como isso afeta o Brasil?

A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:

  • Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.

  • Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.

  • Perda de mercado para concorrentes de outros países.

  • Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).

  • Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.

 

Quais produtos serão mais afetados?

A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:

  • Carnes bovina, suína e de frango

  • Café

  • Suco de laranja

  • Soja e derivados

  • Minério de ferro e aço

  • Aeronaves e peças da Embraer

  • Cosméticos e produtos farmacêuticos

  • Celulose, madeira e papel

Brasil pode retaliar?

O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.

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E o consumidor brasileiro, será afetado?

Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.

O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).

A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.

O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.

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