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Especialistas denunciam “resistência institucional” à Lei da Anistia, que completa 43 anos

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Prestes a completar 43 anos de vigência, a Lei da Anistia é alvo de “resistência institucional”, que impede a plena transição democrática do Brasil após a ditadura militar. A avaliação foi apresentada por entidades de anistiados políticos e ex-dirigentes de órgãos públicos responsáveis pelas políticas de memória, verdade, reparação e justiça, durante seminário promovido nesta quarta-feira (3) pela Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados.

Doutor em Direito, o ex-presidente da Comissão de Anistia Paulo Abrão avalia que há pouco para se celebrar no aniversário da lei.

“Existe uma resistência institucional de forças que aderiram ao regime militar e têm uma concepção autoritária de sociedade e valores introjetados pela doutrina da segurança nacional que, até hoje, buscam identificar inimigos internos”, disse. “Isso vai obstaculizando essa agenda prevista na nossa Constituição democrática, na sua vocação de reparação a todos aqueles que foram atingidos por atos de exceção e de perseguição política durante a ditadura militar.”

Anistia a exilados e a repressores
A Lei da Anistia entrou em vigor em 28 de agosto de 1979, no governo do general João Batista Figueiredo, o último presidente da ditadura militar. A lei permitiu a volta ao país dos opositores do regime que estavam exilados e também concedeu uma espécie de “autoanistia” aos agentes do Estado responsáveis por repressão, tortura e assassinatos após o golpe militar de 1964.

Billy Boss/Câmara dos Deputados
Seminário - 43 anos da Lei da Anistia - 2023: A volta da esperança. Dep. Leonardo Monteiro PT-MG; Luciano Campos - Diretor da Abraspet e Petroleiro; Prudente José Silveira - Ex-conselheiro da Comissão de Anistia; José Carlos M. da Silva Filho - Ex-vice-presidente da Comissão da Anistia; Conceição Santos - Anistiada política.
Seminário foi promovido pela Comissão de Legislação Participativa

Paulo Abrão avalia que, mesmo timidamente, a Lei da Anistia vinha apresentando avanços, como a desativação de estruturas repressivas no governo José Sarney, a criação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos no governo Fernando Henrique Cardoso e o reforço administrativo da Comissão de Anistia nos governos Lula e Dilma Rousseff. A exceção está na atual gestão de Jair Bolsonaro, segundo Abrão.

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“Nós estamos frente ao primeiro governo que rompe esse compromisso da implementação do pacto da transição democrática, interrompendo a vocação reparadora da Comissão de Anistia, trabalhando para o fechamento da Comissão de Mortos e Desaparecidos e suspendendo todas as políticas de memória estatal”, lamentou. “Além de inconstitucional, é uma estratégia para a disseminação de uma cultura de valorização da ditadura como modelo político: tenta reconhecer a tortura como prática legítima e tenta naturalizar a violência estatal, estigmatizando os defensores e defensoras de direitos humanos.”

A ex-presidente da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, Eugênia Gonzaga, lembrou que o conteúdo da Lei da Anistia foi negociado com os militares, na década de 1970. Ela reclama da atual descontinuidade das ações e do risco iminente de extinção do colegiado por decreto ou portaria presidencial.

Ameaças
O diretor da Associação Brasileira dos Anistiados Políticos das Estatais (Abraspet), Luciano Campos, citou outras ameaças em curso.

“Nós temos ataques como o do projeto de lei 259/19, que circula aqui na Câmara e pretende instituir a revisão de todas as anistias dos últimos 30 anos. Temos uma Comissão de Anistia cujos membros são oficiais, generais das Forças Armadas e advogados da União. Prestam um desserviço ao falsear julgamentos para indeferir indistintamente todos os requerimentos”, reclamou.

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O projeto de lei (PL 259/19) citado é do deputado Márcio Labre (PL-RJ) e está em análise na Comissão de Seguridade Social da Câmara. Na justificativa da proposta, Labre argumenta que “são notórias as notícias de equívocos e excessos em relação a benefícios para anistiados, muitos dos quais acima dos limites definidos pela lei”. Já o deputado Vicentinho (PT-SP) ressaltou a importância da Lei da Anistia. 

“Muitos irmãos perderam a vida, foram torturados e alguns ninguém sabe onde estão até hoje. Se foi para a luta contra a barbárie, é nosso herói e merece o nosso mais profundo respeito. A lei criada tinha esse objetivo: assegurar o mínimo de dignidade a alguém que teve a dignidade retirada pelo Estado brasileiro”, argumentou.

O seminário sobre os 43 anos da Lei da Anistia foi realizado a partir de requerimento do deputado Leonardo Monteiro (PT-MG). O evento também teve homenagem ao ex-deputado federal Arnaldo Faria de Sá e ao capitão José Wilson da Silva, recentemente falecidos. Wilson foi um dos fundadores da Associação de Defesa e Pró-Anistia dos Atingidos pelos Atos Institucionais e foi assassinado em Porto Alegre, aos 89 anos, no fim do ano passado.

Reportagem –  José Carlos Oliveira
Edição – Ana Chalub

Fonte: Câmara dos Deputados Federais

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GERAL

Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.

A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.

O que é essa tarifa e como funciona?

A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.

Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.

Exemplo simples: 

Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:

  • Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.

  • Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.

  • Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.

  • Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.

  • Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.

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Como isso afeta o Brasil?

A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:

  • Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.

  • Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.

  • Perda de mercado para concorrentes de outros países.

  • Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).

  • Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.

 

Quais produtos serão mais afetados?

A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:

  • Carnes bovina, suína e de frango

  • Café

  • Suco de laranja

  • Soja e derivados

  • Minério de ferro e aço

  • Aeronaves e peças da Embraer

  • Cosméticos e produtos farmacêuticos

  • Celulose, madeira e papel

Brasil pode retaliar?

O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.

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E o consumidor brasileiro, será afetado?

Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.

O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).

A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.

O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.

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