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Estado deve reparação a indígenas por violências da ditadura militar, afirmam debatedores

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Participantes de audiência pública sobre as violências sofridas pelos povos indígenas durante a ditadura militar (1964-1985), realizada na terça-feira (25) na Câmara dos Deputados, disseram que a principal fonte de violações é a falta de demarcação de seus territórios. Conforme ressaltaram os debatedores, até hoje não se conhece ao certo nem sequer quantos indígenas morreram ou desapareceram nesse período. Por isso, sugeriram a criação de uma comissão indígena da verdade. A medida já havia sido proposta pela Comissão Nacional da Verdade, em 2014.

O integrante da Comissão de Justiça e Paz de São Paulo Marcelo Zelic ressaltou ser fundamental que essa nova comissão da verdade ouça todos os povos, a fim de produzir provas materiais das violações de direitos para embasarem processos judiciais por reparação. Ele acrescentou que os próprios arquivos oficiais estão repletos de provas documentais. 

Representante do Povo Krenak na Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Geovanni Krenak relatou várias formas de tortura sofridas por seu povo durante a ditadura. Entre elas: exílio, proibição de falar a língua materna e de se  casar com pessoas da mesma etnia e até a construção de um presídio em suas terras. E tudo isso, segundo Geovanni, foi relatado pelos próprios militares na Comissão da Verdade.

“Meu avô, por exemplo, foi exilado, amarrado, colocado dentro de um vagão de trem da Vale e levado para a Fazenda Guarani (MG), onde faleceu no exílio, assim como outros parentes. Foi uma tática do governo de tentar exterminar o povo”, afirmou.

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De acordo com a conselheira da Comissão de Anistia Maíra Pankararu, Minas Gerais, onde se localiza o território Krenak, foi um laboratório de “práticas horrorosas” na ditadura. Além do reformatório, os militares criaram no estado a guarda indígena rural, “um experimento bizarro, que trabalhou indígenas para serem torturadores”, relatou.

Renato Araújo/Câmara dos Deputados
Audiência Pública sobre a Justiça de Transição: Violação contra os povos indígenas durante a ditadura militar. Presidenta da FUNAI, Joenia Wapichana
Joenia Wapichana: demarcação de terras é dever do Estado, não uma indenização

Segundo Maíra Pankararu, a comissão da verdade chegou a mais de 8 mil indígenas mortos durante a ditadura militar, mas apontou que o colegiado não contou com uma estrutura própria para esse tema, e esse número se refere apenas aos dez povos estudados. O Brasil conta com 305 etnias indígenas.

Dever do Estado
A presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, destacou que as violências não ficaram no passado. Entre as violações atuais, citou a construção de hidrelétricas, como Belo Monte, e a instalação de linhas de transmissão em terras indígenas, que têm impactos continuados na vida dos povos afetados.

Na opinião da ministra, demarcação de terras não pode ser considerada indenização, pois representa uma obrigação do poder público.

“Reconhecimento de terra é um dever do Estado, não tem de ser colocado no bojo de indenização, não. É uma obrigação constitucional e tem de ser feito de imediato, já está atrasado.”

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Marcelo Zelic lembrou que, em 1978, o Estado brasileiro estabeleceu que em cinco anos demarcaria todas as terras indígenas. Na opinião do representante da Comissão de Justiça e Paz, cabe indenização a esses povos pelo não cumprimento da promessa.

Autora do pedido para realização do debate, a deputada Célia Xakriabá (Psol-MG) acrescentou que nesta semana os ataques aos Guarani-Kaiowas, no Mato Grosso do Sul, se aprofundaram. Ela reivindicou que a Câmara não se omita diante dessa violência, mas lembrou que no Parlamento também “se encontram o latifúndio, o agronegócio”.

A parlamentar salientou que está em análise na Câmara projeto que aplica a tese do marco temporal, segundo a qual só podem ser demarcadas as terras ocupadas pelos povos indígenas até a data da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988 (PL 490/07). O debate foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF), que ainda não decidiu sobre o assunto.

Para Célia Xakriabá, esse projeto de lei “reproduz toda a violência da ditadura militar, que arrancou os povos indígenas de seus territórios”.

A deputada, que preside a Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais, informou que o colegiado realizará audiências nos territórios Krenak e Maxakali, em Minas Gerais, para escutar a população sobre violências da ditadura.

Reportagem – Maria Neves
Edição – Marcelo Oliveira

Fonte: Câmara dos Deputados

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GERAL

Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.

A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.

O que é essa tarifa e como funciona?

A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.

Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.

Exemplo simples: 

Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:

  • Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.

  • Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.

  • Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.

  • Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.

  • Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.

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Como isso afeta o Brasil?

A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:

  • Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.

  • Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.

  • Perda de mercado para concorrentes de outros países.

  • Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).

  • Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.

 

Quais produtos serão mais afetados?

A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:

  • Carnes bovina, suína e de frango

  • Café

  • Suco de laranja

  • Soja e derivados

  • Minério de ferro e aço

  • Aeronaves e peças da Embraer

  • Cosméticos e produtos farmacêuticos

  • Celulose, madeira e papel

Brasil pode retaliar?

O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.

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E o consumidor brasileiro, será afetado?

Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.

O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).

A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.

O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.

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