POLITÍCA NACIONAL
Petrobras afirma respeitar equilíbrio de preços; deputados pedem mais transparência
POLITÍCA NACIONAL

Em debate sobre a política de preços do mercado de combustíveis, a Petrobras reforçou que mantém equilíbrio com os preços praticados no mercado internacional e que não repassa oscilações do câmbio ao consumidor. A companhia foi ouvida nesta quarta-feira (01) pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
“Hoje, a gente tem um posicionamento de buscar esse equilíbrio, acompanhando essas variações tanto para cima quanto para baixo, mas evitando o repasse da volatilidade internacional, ainda mais com o efeito da taxa de câmbio”, informou o gerente de Previsão de Preços, Mercado e Vendas da estatal, Diogo Gonçalves Bezerra. Ele acrescentou que a petroleira gerou, em 2021, R$ 27 bilhões de dividendos para a União e R$ 203 bilhões em tributos para os três entes federativos.
Segundo ele, a postura atual da empresa garantiu a estabilidade dos preços de gás por até 152 dias; do diesel por até 84 dias; e da gasolina por 81 dias, até hoje. Essa conduta, frisou, está respaldada pela Lei do Petróleo e pela Lei de Responsabilidade das Estatais.
Questionado sobre o papel da empresa em puxar a alta no preço, Bezerra esclareceu que a Petrobras responde apenas por uma parcela do preço na bomba, que, no caso da gasolina, é de R$ 2,81/litro. No total médio por litro, hoje cotado a R$ 7,28 pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), estão embutidos os impostos federais (Cide, PIS e Cofins) e estaduais (ICMS), entre outras parcelas, explicou.
Ainda sobre a estabilidade no mercado, o executivo informou que a parcela de preços da Petrobras nas refinarias, desde janeiro de 2020, aumentou R$ 1,42, enquanto que o preço de revenda aumentou R$ 2,74.
“Os preços de revenda aumentaram, e a Petrobras está com seus preços estáveis a 81 dias. Isso demonstra que existem outros fatores que contribuem para a formação dos preços na bomba, além da Petrobras”, frisou.
Sobre conter a alta do diesel, Gonçalves Bezerra disse que a empresa vai passar a adotar, a partir de julho, uma alíquota de ICMS que não varia de acordo com os preços. “Isso traz maior previsibilidade de arrecadação, uma vez que o tributo não varia com as oscilações de preço e elimina o efeito multiplicador do imposto ad valorem”, defendeu. Ele disse que não há previsão de que essa nova forma de tributar seja estendida à gasolina.
Controle de preços
O deputado Luis Miranda (Republicanos-DF), que solicitou a audiência, cobrou uma postura mais ativa da Agência Nacional do Petróleo (ANP) em relação à política de preços do setor. Como solução, ele propôs que seja adotado no mercado de petróleo o mesmo controle feito pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
“Hoje o mercado de energia tem lucro limitado a 15%. Uma das formas de a gente regular (o preço do combustível) é pegar o mercado de energia. É uma ideia de quem não entendeu que uma empresa que tem uma lucratividade tão alta e continua dizendo que o problema não é dentro da Petrobras”, defendeu o deputado.

Outros deputados como Afonso Florence (PT-BA) e Julio Cesar (PSD-PI) também defenderam transparência às finanças do setor. Conforme Julio Cesar, a atual política “beneficia os ricos e prejudica substancialmente os pobres”.
Por sua vez, o superintendente de Defesa da Concorrência da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Bruno Valle de Moura, esclareceu aos parlamentares que a agência tem, entre suas responsabilidades, a proteção do consumidor, mas não interfere nos preços em casos de sociedades de economia mista como a Petrobras.
“Os preços praticados no mercado não dependem de autorização prévia de qualquer órgão estatal. A informação de como os preços são formados tem um nível de transparência que atualmente é pactuado entre comprador e vendedor de derivados de combustíveis”, explicou.
Dados da Receita
Nesse ponto, o economista chefe do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Ricardo Medeiro de Castro, alertou que a transparência de preços pode ser ruim para o mercado. “Vários países que colocaram a transparência de preços, a gente comparou o antes e o depois, e houve aumento. Porque há uma pressão de preços para cima, que eventualmente pode ser derivado de um conluio tácito”, disse, referindo-se à prática em que empresas se reúnem para controlar uma fatia do mercado.
Nessa linha, ele defendeu a aprovação do PLP 523/18 que, em sua opinião, garantiria ao Cade acesso a informações da ANP, facilitando o combate a formação de carteis entre as distribuidoras de combustíveis. O projeto, em linhas gerais, permite ao Cade ter acesso aos bancos de dados da Receita Federal.
Reportagem – Emanuelle Brasil
Edição – Roberto Seabra


GERAL
Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.
A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.
O que é essa tarifa e como funciona?
A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.
Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.
Exemplo simples:
Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:
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Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.
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Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.
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Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.
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Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.
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Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.
Como isso afeta o Brasil?
A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:
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Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
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Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.
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Perda de mercado para concorrentes de outros países.
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Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).
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Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.
Quais produtos serão mais afetados?
A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:
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Carnes bovina, suína e de frango
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Café
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Suco de laranja
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Soja e derivados
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Minério de ferro e aço
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Aeronaves e peças da Embraer
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Cosméticos e produtos farmacêuticos
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Celulose, madeira e papel
Brasil pode retaliar?
O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.
E o consumidor brasileiro, será afetado?
Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.
O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).
A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.
O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.
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