POLITÍCA NACIONAL
Presidente da Anatel defende que agência seja órgão regulador e fiscalizador das plataformas digitais
POLITÍCA NACIONAL
O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Carlos Manuel Baigorri, defende que a instituição seja a entidade reguladora e fiscalizadora das plataformas digitais. Para ele, a Anatel tem a competência e o conhecimento técnico para isso, além de contar com a estrutura e o pessoal necessários.
A definição da entidade responsável pela supervisão das redes sociais é um dos pontos mais polêmicos no debate do Projeto de Lei 2630/20 (“PL das Fake News”), que trata da regulação das plataformas e está em análise na Câmara dos Deputados. Segundo Baigorri, não seria preciso incremento orçamentário ou o aumento do quadro de servidores já autorizados por lei para que a Anatel assumisse as novas atribuições.
As declarações foram dadas nesta quarta-feira (15) na Câmara dos Deputados, em audiência pública conjunta das comissões de Ciência, Tecnologia e Inovação; e de Comunicação. O debate abordou o sistema implementado em parceria pela Anatel e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para agilizar a remoção de fake news nas redes sociais durante as eleições municipais. Para Baigorri, a experiência nas eleições deste ano vai aumentar ainda mais a expertise da agência.
Competência atual
Carlos Baigorri observou que a Anatel hoje não tem competência legal para retirar um post, um vídeo ou um comentário de uma plataforma digital, e pode apenas requisitar que as operadoras de telecomunicações bloqueiem uma plataforma, como aconteceu com o Telegram em 2022. Para que a agência também tenha suas atribuições, é preciso alterar a legislação para que a Anatel tenha poder regulador e fiscalizador sobre as plataformas.
“Nós entendemos que nós reunimos as condições para ser a agência responsável pela regulação não só do mercado de telecomunicações, mas do ambiente digital como um todo”, afirmou Baigorri.
Responsabilização e anonimato
Durante o debate, a presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação, deputada Nely Aquino (Pode-MG), manifestou preocupação com os efeitos nefastos da desinformação sobre a população brasileira.

Para o presidente da Anatel, os dois principais problemas hoje são a falta de responsabilização das redes sociais e o anonimato. Baigorri ressaltou que, enquanto as mídias tradicionais se submetem a regras de responsabilidade editorial, sendo responsáveis pelo que divulgam, com direito à reparação por parte dos prejudicados, esse tipo de responsabilidade não existe no ambiente digital.
“Essa assimetria legal e regulatória é o primeiro elemento que propicia que qualquer coisa possa ser colocada na internet, nas redes sociais, independentemente de agredir a honra, a família, a integridade ou a própria vida de terceiros”, avaliou.
Baigorri defende a co-responsabilização das plataformas pelas publicações e que a legislação garanta a identificação do usuário das redes sociais. Ele lembrou que a Constituição federal veda o anonimato e acredita que a Carta Magna não vem sendo cumprida nas redes.
Ele defendeu ainda que a lei para as plataformas digitais seja mais geral, deixando espaço para normas infralegais, por conta da velocidade das inovações tecnológicas.
Falta de regras
O presidente da Comissão de Comunicação, deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), também criticou a falta de legislação adequada hoje para lidar com o problema. “Me assusta muito que existam pessoas que resistam a ter uma legislação que dê a garantia à população brasileira de conhecer quem faz a informação publicada”, afirmou.
O parlamentar lamenta que, após o anúncio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), da criação de um grupo de trabalho para fechar o texto final do PL 2630/20, os líderes partidários não tenham feito as indicações de deputados para compor o grupo, que ainda não foi implementado.
Silas Câmara também defende que a Anatel seja a entidade reguladora das redes sociais e disse que essa é a principal divergência do Republicanos com o relator da proposta, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).
Impacto das fake news
O deputado Amaro Neto (Republicanos-ES), que solicitou o debate, observou que as fake news prejudicam não apenas o debate eleitoral, mas têm afetado a população inclusive em tragédias. “Estamos vivendo a tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul, e as informações falsas circularam amplamente, dificultando o trabalho das autoridades e colocando vidas em risco”, destacou.
O parlamentar, que é profissional de comunicação há mais de 30 anos, lembrou que as notícias falsas também foram prejudiciais na pandemia de Covid-19, colocando em risco a saúde da população. Amaro Neto salientou a importância da educação midiática e elogiou a iniciativa da Anatel e do TSE de criar em conjunto o sistema para combater a disseminação de fake news nas redes.
Parceria
Carlos Baigorri destacou que houve notícias falsas circulando nas redes sociais inclusive sobre essa iniciativa da Anatel. Segundo ele, pela legislação atual, a agência tem poder de polícia em relação às operadoras de telecomunicações – ou seja, pode punir as empresas que não cumprirem as normas relativas à qualidade e à prestação de serviço, por exemplo. Porém, a Anatel não tem a mesma competência em relação às plataformas digitais, que não são empresas de telecomunicações, mas usuárias do serviços delas.
De acordo com Baigorri, a parceria entre a Anatel e o TSE começou nas eleições de 2022, quando chegaram oficiais de Justiça à agência com pedidos judiciais para retirada de sites do ar e para bloquear o aplicativo de mensagens Telegram, por não estar cumprindo decisões judiciais de retirada de conteúdo do ar. A Anatel atuou junto às empresas de telecomunicações para impedir o funcionamento desses sites e aplicativo.
Conforme ele, a agência não estava preparada para a quantidade de pedidos que chegaram à época e surgiu, assim, a iniciativa de integrar os sistemas eletrônicos do TSE e da Anatel para facilitar e agilizar o cumprimento das decisões judiciais.
Baigorri acredita que, nas eleições municipais deste ano, deve haver muito mais decisões judiciais a serem cumpridas, já que as disputas serão mais pulverizadas, com a disputa para prefeito nos mais de 5,5 mil municípios do País.
Identificação do usuário
O deputado David Soares (União-SP) propôs que seja vinculada a entrada em plataformas digitais ao sistema Gov.br. O deputado Jefferson Campos (PL-SP) endossou a ideia. Ele disse que há uma linha tênue separando a verdade e a mentira e que a liberdade de expressão não pode ser cerceada, mas defendeu a punição daqueles que “se excederem”.
Baigorri afirmou que a ideia sobre o Gov.br seria estudada pela Anatel e lembrou que a agência já tem experiência na implementação do cadastro dos usuários dos celulares pré-pagos.
Reportagem – Lara Haje
Edição – Marcelo Oliveira
Fonte: Câmara dos Deputados
GERAL
Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.
A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.
O que é essa tarifa e como funciona?
A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.
Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.
Exemplo simples:
Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:
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Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.
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Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.
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Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.
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Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.
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Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.
Como isso afeta o Brasil?
A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:
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Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
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Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.
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Perda de mercado para concorrentes de outros países.
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Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).
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Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.
Quais produtos serão mais afetados?
A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:
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Carnes bovina, suína e de frango
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Café
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Suco de laranja
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Soja e derivados
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Minério de ferro e aço
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Aeronaves e peças da Embraer
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Cosméticos e produtos farmacêuticos
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Celulose, madeira e papel
Brasil pode retaliar?
O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.
E o consumidor brasileiro, será afetado?
Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.
O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).
A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.
O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.
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