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Racismo: Justiça condena shopping por “expulsar” garoto negro do local
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Ana Paula da Veiga Carlota Miranda, juíza da 8ª Vara Cível de Cuiabá, manteve a decisão que determinou uma indenização que deverá ser paga pelo Várzea Grande Shopping, na região metropolitana, a um adolescente negro que foi expulso do centro comercial logo na entrada do estabelecimento.
O rapaz foi ao shopping comprar um presente de Dia das Mães no ano de 2017, e foi “barrado” pelos seguranças que alegaram falta de documentos de identificação – mesmo estando acompanhado dos irmãos, também negros, e maiores de idade.
A decisão da juíza é do último dia 10 de novembro. Ela explicou que o recurso ingressado pelo Várzea Grande Shopping (embargos de declaração), é utilizado para questionar decisões “pouco objetivas”, ou eventuais omissões na sentença. Ana Paula da Veiga Carlota Miranda considera que a decisão que determinou a indenização, de junho de 2021, foi “devidamente fundamentada”.
“No caso em comento, a decisão está devidamente fundamentada, inexistindo a alegada obscuridade. Na verdade, o embargante pretende a modificação da decisão, sendo a via dos embargos inadequada à sua pretensão”, analisou a juíza.
Segundo informações do processo, o adolescente, representado no processo pela mãe, se dirigiu com os irmãos ao Várzea Grande Shopping para comprar um presente de Dia das Mães, no ano de 2017. O grupo se disse “perplexo” com a abordagem do segurança do estabelecimento, que impediu-lhes a entrada no recinto.
O Várzea Grande Shopping se defendeu no processo dizendo que é de “praxe” não permitir a entrada de crianças e adolescentes que não estejam acompanhados de pais ou responsáveis. O empreendimento alega ainda nos autos que todos estavam sem documentos – o que era mentira, tendo em vista que os irmãos do adolescente, que eram maiores de idade, possuíam identificação.
“Segundo afirma o autor, ao adentrar no Várzea Grande Shopping, foi abordado pelo segurança na porta central do estabelecimento, que lhe pediu para se identificar. Como não estava portando documentos, foi convidado a se retirar do local, muito embora seu irmão (maior de idade) estivesse junto com ele e se responsabilizado pelo mesmo. O irmão do autor portava documento e o apresentou ao segurança”, diz trecho do processo.
O estabelecimento comercial do município de Várzea Grande alegou, ainda, que o segurança estava apenas “fazendo o seu trabalho”, e que possui a política de não permitir a entrada de adolescentes para “evitar algazarra”. O empreendimento diz também que a abordagem contra os irmãos foi “educada” e “justificada”. Argumento rebatido pelos clientes, e endossado pela juíza, que falou em tratamento “abusivo”, que causou um “grave constrangimento”.
“O adolescente sequer chegou a praticar qualquer ato que pudesse ser considerado inadequado, haja vista que foi interceptado há apenas alguns passos da porta de entrada. Diante disso, possível concluir que os seguranças do réu agiram de forma abusiva ao não permitir que o autor permanecesse no local acompanhado de seu irmão, pessoa maior e que portava documentos de identificação, o que levou o adolescente a enfrentar desnecessário e grave constrangimento, ao ser conduzido para fora do shopping”, esclareceu a juíza.
A discriminação e a “abordagem aleatória” do Várzea Grande Shopping foi admitida, inclusive, pelo próprio empreendimento comercial, tendo em vista que, no processo, foi admitido que não há a formação de filas para identificação de crianças e adolescentes na entrada do shopping.
FONTE: DIEGO FREDERICE/ Folha Max
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Setor agropecuário apoia veto ao PLC 18/24
Aprovado recentemente na Assembleia Legislativa, o PLC 18/24 vem causando um grande debate na sociedade em virtude de uma potencial autorização de abertura de áreas que ele poderia vir a promover, caso sancionado. Como a proposta legislativa atua diretamente nos trabalhos do setor agropecuário, de pronto criou-se a equivocada ideia de que a proposta tenha sido oriunda dos produtores rurais.
Há, por isso mesmo, a necessidade de se lançar algumas luzes sobre o tema. Inicialmente, é preciso dizer que, de fato, há muito tempo o setor agropecuário vem solicitando normas mais claras e justas no que diz respeito ao tipo de vegetação. Os critérios atuais deixam mais margens para dúvidas que para certezas, e isso gera insegurança jurídica para o produtor e para o corpo técnico da Secretaria de Meio Ambiente. Assim, é imperioso que se tenham normas mais claras.
Desta forma, quando a Assembleia Legislativa resolveu fazer os estudos para que se criasse um substitutivo integral ao projeto original, de autoria do Governo, e enfrentar esse problema, para o setor foi, sim, uma medida de interesse. É de suma importância que o assunto seja discutido, de fato, e a Casa de Leis é o local primordial para o debate acontecer.
O setor agropecuário reconhece todo o trabalho realizado pelo Deputado Nininho e de seu esforço no sentido de buscar regras mais claras, mas também reconhece que a redação final do projeto o tornou inexequível em termos ambientais, motivo pelo qual concordou plenamente com a sugestão de veto tratada em reunião com o governador do Estado. Aliás, não apenas o setor agropecuário concordou com a necessidade do veto, mas até mesmo o Deputado Nininho, autor do texto aprovado, juntamente com outros representantes da Assembleia Legislativa anuíram com ele.
É de suma importância ressaltar que o setor agropecuário tem muito interesse em participar da construção de normas que promovam o desenvolvimento sustentável de nosso Estado. Mas, repetimos, é fundamental que existam normas claras e que promovam segurança jurídica para os produtores e técnicos.
Por concordar com isso é que o governador Mauro Mendes determinou que seja criada uma comissão a ser coordenada pela Secretaria de Meio Ambiente, para que se estude uma redação que guarde respeito ao Código Florestal Nacional, inclusive com a decisão mais recente do STF sobre alguns dispositivos que estavam suspensos desde a publicação da lei, e que agora foram declarados constitucionais.
Ressaltamos a importância da ALMT em colocar esse tema em debate. A provocação foi feita. O Governo acertou em vetar e o setor agropecuário o apoia nesse veto. Agora é hora de a sociedade buscar entender, de fato, a questão e fazer o debate. E que seja um debate técnico, justo e que prime pela sustentabilidade aliada à produção.
Artigo de posicionamento sobre o veto do PLC 18/24 do Fórum Agro MT, Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat), Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Organização das Cooperativas do Brasil – Mato Grosso (OCB/MT), Associação dos Produtores de Feijão, Pulses, Grãos Especiais e Irrigantes de Mato Grosso (Aprofir).