POLITÍCA NACIONAL
Pesquisadores defendem adubo alternativo para enfrentar a crise dos fertilizantes
POLITÍCA NACIONAL
Com a diminuição de exportações de fertilizantes pela Rússia e Ucrânia, os preços desses produtos têm se mantido em patamares elevados. Para fazer frente ao alto custo, pesquisadores defenderam soluções regionais para manejo da fertilidade do solo. O assunto foi discutido em audiência pública promovida pela Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e Amazônia da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (29).
Uma dessas alternativas é o uso de remineralizadores para suprir parte dos nutrientes necessários à produção agrícola, diminuindo os custos com a importação de adubos sintéticos.

Produto da mineração, os remineralizadores são minerais primários que aumentam a fertilidade, a retenção de água e a atividade biológica do solo. Seu uso melhora a resposta da terra aos fertilizantes e ao manejo agrícola em países de clima tropical.
Hoje, essa tecnologia é adotada em 5 milhões de hectares no país, o que representa 7% da área de grãos, segundo levantamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
“Se a gente for pensar a quantidade de fertilizantes que importamos, isso já impacta muito positivamente os nossos custos de produção e o impacto ambiental, tendo em vista que são produtos naturais que não têm impacto negativo”, frisou o pesquisador Sebastião da Silva Neto, que chefia Embrapa Cerrados.
“Associando os remineralizadores aos bioinsumos (à base de plantas e microorganismos), o Brasil está inaugurando a agricultura baseada em processos biológicos, muito mais eficiente do ponto de vista econômico”, acrescentou.
O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Éder Martins estima que a demanda da agricultura por esses minérios será de 70 milhões de toneladas ao ano. Hoje, o país produz 250 milhões de toneladas anuais.
“A mineração no Brasil tem potencial para gerar esses produtos” disse ao se referir às pedreiras produtoras de brita para a construção civil. No entanto, o representante da Abrefen, que reúne a cadeia produtiva dos remineralizadores, Frederico Bernardez, informou que hoje a demanda por remineralizadores é maior do que a capacidade de produção. Ele deixou claro que a ideia não é substituir os fertilizantes químicos por produtos alternativos, mas fazer uma transição por opções mais competitivas.
“Os produtores rurais não vão deixar de usar produtos convencionais. É uma transição, e nessa transição existe uma associação de produtos convencionais com produtos alternativos. É um processo ”, disse.
Bernardez ressaltou que os remineralizadores podem custar até R$ 400, já os insumos convencionais alcançam o patamar de R$ 7 mil.
Crise de commodities
A adoção dos remineralizadores poderia aliviar a dependência do Brasil pelos fertilizantes estrangeiros, enfatizou o pesquisador da Embrapa, Éder Martins. Hoje o país importa 96% do potássio usado como adubo e 85% do nitrogênio e do ferro.
“Existem previsões de que vamos ter problemas com essas fontes ainda no século XXI em relação à disponibilidade no mundo. Já há uma previsão para 2060, uma crise ligada ao potássio, e 2080, uma crise ligada ao fósforo”, sustentou Martins.
Em tempos de crise e escassez, o Brasil não poderá ficar refém do mercado internacional dos fertilizantes, defendeu a especialista em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural da Universidade de Brasília (UnB) Suzi Huff Theodoro.
“Apesar de ser o quarto maior usuário de insumos químicos, o Brasil não participa da formação de preços, o que nos remete a uma dependência”, salientou. A pesquisadora reforçou que o uso desses minerais garante safras mais seguras e produtos ricos em nutrientes, se comparado ao uso de fertilizantes químicos.
Nesse ponto, o deputado Camilo Capiberibe (PSB-AP), que solicitou a audiência, também defendeu a autossuficiência. “Nós poderíamos ter na área de fertilizantes um caminho muito mais sólido, mas o Brasil, nos últimos anos, abriu mão dessa autonomia e dessa independência para a sua produção agrícola”, disse.
Déficit nutricional
Para o presidente do Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS), Rogério Vian, a dependência do potássio como única fonte mineral na produção agrícola diminuiu o valor nutricional dos alimentos ao longo dos anos, o que ocasionou uma crise de saúde pública.
“A gente está tendo de suplementar, porque não estamos consumindo mais alimentos com nutrientes que precisamos, então temos problemas com depressão e outras doenças relacionadas ao déficit nutricional”, sustentou.
Ele observou ainda a necessidade de informar melhor sobre os remineralizantes. “Se a gente não levar isso para dentro das universidades, não colocar essa matéria no currículo escolar, os alunos saem da agronomia sem saber nada disso. Como a gente vai mudar uma realidade, se o agrónomo não sabe que isso existe?”, questionou.
Reportagem – Emanuelle Brasil
Edição – Ana Chalub
Fonte: Câmara dos Deputados Federais
GERAL
Trump assina tarifa de 50 % sobre todas as importações de produtos brasileiros para os Estados Unidos: confira como isso afeta o Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe tarifa de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros que entram no território americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já causa forte reação entre produtores, exportadores e autoridades brasileiras.
A nova tarifa, que dobra o custo para empresas americanas que compram produtos brasileiros, representa uma mudança radical nas relações comerciais entre os dois países. Antes da medida, a maior parte desses produtos era taxada em cerca de 10%, dependendo do setor.
O que é essa tarifa e como funciona?
A tarifa anunciada por Trump não afeta compras feitas por consumidores brasileiros, nem produtos adquiridos por sites internacionais. Ela vale exclusivamente para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, ou seja, aqueles enviados por empresas do Brasil para serem vendidos no mercado americano.
Isso significa que, se uma empresa brasileira exporta carne, café, suco ou qualquer outro item, ele chegará aos EUA com 50% de imposto adicional cobrado pelo governo americano.
Exemplo simples:
Para entender como isso afeta na prática, veja o exemplo abaixo:
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Imagine que você é um produtor de suco no Brasil e exporta seu produto aos EUA por R$100 por litro.
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Antes da tarifa, o importador americano pagava esse valor e revendia com lucro no mercado local.
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Com a nova medida, o governo dos EUA aplica 50% de tarifa. Ou seja, seu suco agora custa R$150 para o importador.
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Esse aumento torna o produto muito mais caro nos EUA, podendo chegar ao consumidor final por R$180 ou mais.
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Resultado: o importador pode desistir de comprar de você e buscar outro fornecedor — como México, Colômbia ou Argentina — que não sofre com essa tarifa.
Como isso afeta o Brasil?
A imposição dessa tarifa tem impactos diretos e sérios para a economia brasileira, especialmente no agronegócio e na indústria de exportação. Veja os principais efeitos:
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Queda na competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
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Quebra ou renegociação de contratos internacionais já assinados.
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Perda de mercado para concorrentes de outros países.
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Redução nas exportações, com consequências econômicas e sociais no Brasil (queda de faturamento, demissões, retração de investimentos).
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Pressão sobre o governo brasileiro para reagir com medidas diplomáticas ou tarifas de retaliação.
Quais produtos serão mais afetados?
A medida de Trump atinge todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, mas os setores mais atingidos devem ser:
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Carnes bovina, suína e de frango
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Café
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Suco de laranja
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Soja e derivados
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Minério de ferro e aço
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Aeronaves e peças da Embraer
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Cosméticos e produtos farmacêuticos
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Celulose, madeira e papel
Brasil pode retaliar?
O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial, aprovada neste ano. A ideia é aplicar tarifas semelhantes sobre produtos americanos exportados ao Brasil, mas isso depende de negociações diplomáticas e análise de impacto.
E o consumidor brasileiro, será afetado?
Neste primeiro momento, não. A medida de Trump não se aplica a compras feitas por brasileiros em sites estrangeiros, nem muda os impostos cobrados sobre importações pessoais.
O impacto é sobre o mercado exportador brasileiro, que depende das compras feitas por empresas americanas. No médio e longo prazo, porém, se os exportadores perderem espaço nos EUA e tiverem que vender mais no Brasil, os preços internos podem oscilar, tanto para baixo (excesso de oferta) quanto para cima (reajustes para compensar perdas).
A tarifa de 50% imposta por Trump é uma medida com alto potencial de desequilibrar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Empresas brasileiras correm o risco de perder contratos, mercado e receita. A decisão política tem impacto direto na economia real — do produtor de suco ao exportador de carne.
O governo brasileiro já avalia uma resposta, enquanto produtores tentam entender como seguir competitivos em um cenário que muda de forma drástica.
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