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POLITÍCA NACIONAL

Câmara aprova criação da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer no SUS

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POLITÍCA NACIONAL

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (9) o Projeto de Lei 2952/22, que institui a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta será enviada ao Senado.

De autoria da Comissão Especial sobre Ações de Combate ao Câncer, o texto foi aprovado na forma de um substitutivo do relator, deputado Léo Prates (PDT-BA), que detalha diretrizes, princípios e objetivos das várias linhas de atuação da política.

Segundo o projeto, as Comissões Intergestores do SUS deverão pactuar as responsabilidades dos entes federativos nas linhas de cuidado que compõem a política nacional de acordo com as características demográficas e epidemiológicas e o desenvolvimento econômico-financeiro.

Um sistema de dados mantido pelo poder público deverá registrar as suspeitas e confirmações de câncer, assim como todo o processo de assistência, para permitir supervisão eficaz da execução da política nacional.

Entre as etapas do processo de assistência estão o diagnóstico, o tratamento e a recuperação, entre outras. Esse sistema deverá permitir a consulta à posição do paciente na fila de espera para a realização de consultas ou procedimentos de diagnóstico ou tratamento e até mesmo transplante.

Léo Prates afirmou que as diretrizes irão guiar o sistema público, mas também poderão servir de parâmetro para regras dos planos de saúde.

Ele ressaltou que o brasileiro diagnosticado com câncer encontra dificuldades de tratamento e falta de atendimento humanizado. Emocionado, o deputado dedicou a proposta ao sobrinho, que está em tratamento contra leucemia. “Queria dar um depoimento de que, mesmo para quem tem plano de saúde neste País, é muito difícil o acesso a determinados tipos de tratamento contra o câncer”, disse.

Navegação
No âmbito da política, o texto aprovado pela Câmara cria o Programa Nacional de Navegação da Pessoa com Diagnóstico de Câncer. Essa “navegação” é uma espécie de passo a passo para o paciente, envolvendo procedimentos de busca ativa, diagnóstico e tratamento do câncer, tendo como ponto inicial a suspeita desta doença.

O principal objetivo do programa é identificar e superar barreiras que dificultem ou retardem o andamento do processo de diagnóstico e tratamento da doença, podendo ser de caráter social, clínico, econômico, educacional, cultural, estrutural ou de acesso.

Para efetivar essa “navegação”, o texto prevê a necessidade de articulação de vários ramos de atuação dos serviços de saúde:

  • atenção básica;
  • atenção domiciliar;
  • atenção especializada;
  • sistemas de apoio, de regulação, logísticos e de governança.

Quanto ao financiamento federal, o texto aprovado prevê o aporte de recursos adicionais para amenizar disparidades regionais de acesso ao tratamento, permitindo-se remuneração complementar de procedimentos ou eventos com oferta ainda insuficiente nos estados ou municípios.

Presidente da comissão especial destinada a acompanhar as ações de combate ao câncer no Brasil, o deputado Weliton Prado (Solidariedade-MG) afirmou que o texto é um marco no combate à doença. “O câncer já é, em muitas cidades, a doença que mais mata. A política nacional fala de salvar vidas”, disse.

Na presidência da sessão do Plenário, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) defendeu a proposta e prestou homenagem ao seu tio Elias, que está lutando contra a doença. “Fiz questão de estar aqui até esta hora porque é um projeto meritório. As pessoas que sofrem de câncer têm uma dificuldade enorme, especialmente no Sistema Único de Saúde, de buscar tratamento. Aqui estamos fortalecendo políticas públicas”, disse.

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As normas entram em vigor 180 dias após a publicação da futura lei.

Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Discussão e votação de propostas. Dep. Weliton Prado(SOLIDARIEDADE - MG)
Weliton Prado: a política nacional de controle do câncer vai salvar vidas

Indicadores
Já os parâmetros, as metas e os indicadores para avaliar e monitorar a política nacional devem constar dos instrumentos de gestão definidos pelo sistema de planejamento do SUS.

O texto garante ainda, no âmbito da atenção especializada, o cuidado multidisciplinar com a participação, no mínimo, de profissionais das áreas de psicologia, serviço social, nutrição, fisioterapia, fonoaudiologia, odontologia e terapia ocupacional.

Prioridade
Na lei sobre o sistema de saúde (Lei 8.080/90), o PL 2952/22 prevê prioridade para a incorporação, a exclusão e a alteração de novos medicamentos, produtos e procedimentos no âmbito do SUS quando relacionados à assistência da pessoa com câncer.

Assim, a partir da publicação da decisão de incorporar uma nova tecnologia em oncologia, as áreas técnicas terão prazo máximo de 180 dias para efetivar a oferta no SUS.

No âmbito da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) do SUS, deverão ser discutidas e pactuadas as responsabilidades de cada ente federado no processo de financiamento, aquisição e distribuição. Nesse sentido, poderá haver a modalidade de compra centralizada no Ministério da Saúde, que será aplicada nas situações de neoplasias com tratamento de alta complexidade, de incorporações com impacto financeiro elevado para o SUS e de neoplasias com maior incidência.

No caso de autorização de procedimento ambulatorial de alta complexidade exclusiva, quando ocorre compra de tratamento incorporado no SUS, o projeto especifica que os medicamentos e tratamentos poderão ser negociados pelo ministério, podendo ser usado o sistema de registro de preços.

Se a incorporação de novo procedimento resultar em incremento do teto financeiro dos gestores locais (municipal ou estadual), eles deverão realizar ajustes nos contratos de serviços sob sua gestão.

A utilização de tratamentos incorporados deverá seguir os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas vigentes ou, na sua ausência, a recomendação da comissão de incorporação de tecnologias do SUS.

Objetivos
A política nacional de prevenção da doença tem como objetivos diminuir sua incidência, garantir acesso ao cuidado integral, contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos diagnosticados e reduzir a mortalidade e a incapacidade causadas pelo câncer.

O projeto inclui no cuidado integral a prevenção, o rastreamento, a detecção precoce, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e os cuidados paliativos, assim como o apoio psicológico ao paciente e a seus familiares.

No caso da reabilitação de pacientes com sequelas ou limitações em decorrência do câncer ou do seu tratamento, devem ser perseguidos os seguintes objetivos:

– diminuição, eliminação ou controle de perdas funcionais, desconfortos e sofrimento psíquico;

– garantia de acesso oportuno a procedimentos clínicos ou cirúrgicos de correção de sequelas ou mutilações;

– suporte psicossocial e nutricional; e

– início precoce das medidas de pré-reabilitação e de reabilitação.

Princípios gerais
O texto de Leo Prates define 21 princípios e diretrizes da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, dentre os quais destacam-se:

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– organização de redes de atenção regionalizadas e descentralizadas;

– atendimento multiprofissional a todos os usuários com câncer;

– utilização, de forma integrada, dos dados e das informações epidemiológicas e assistenciais, coletadas por meio dos Registros Hospitalares de Câncer (RHC) e de outras fontes disponíveis, para o planejamento, monitoramento e avaliação das ações e serviços;

– realização de pesquisas ou de inquéritos populacionais sobre a morbidade e os fatores de risco e de proteção contra o câncer;

– humanização do atendimento e garantia de apoio psicológico e psiquiátrico para pessoas com suspeita ou confirmação de câncer, bem como para seus familiares;

– busca pela incorporação de tecnologias diagnósticas e terapêuticas mais precisas e menos invasivas.

Prevenção
Na prevenção da doença, o projeto cita princípios a serem seguidos no âmbito da política:

  • promoção de hábitos alimentares saudáveis, como o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida e o aumento do consumo de frutas, legumes e verduras;
  • enfrentamento dos impactos dos agrotóxicos na saúde humana e no ambiente;
  • ações e políticas públicas para enfrentamento do tabagismo, do consumo de álcool, do sobrepeso, da obesidade e do consumo de alimentos relacionados ao risco de câncer;
  • fomento à ampliação de medidas restritivas ao marketing de alimentos e bebidas ultraprocessadas ou com alto teor de sal, calorias, gorduras e açúcar, especialmente os direcionados às crianças.

Rastreamento
Na linha ligada ao rastreamento, são diretrizes, entre outras, a implementação da busca ativa no âmbito da atenção primária à saúde com a finalidade de captação de pessoas aptas aos procedimentos de rastreamento; a ampliação da oferta de serviços móveis de rastreamento e diagnóstico precoce; e a utilização de alternativas diagnósticas mais precisas e menos invasivas, conforme incorporação ao SUS.

Já o programa nacional de residência médica deverá estabelecer incentivos para estimular a formação de profissionais das áreas relacionadas à atenção oncológica que apresentarem déficit de oferta.

O texto também permite o uso da telessaúde para a análise de procedimentos diagnósticos e realização de consultas.

Tratamento
Para a fase de tratamento, a política nacional criada lista sete princípios e diretrizes:

– incorporação e uso de tecnologias segundo recomendações a partir do processo de avaliação;

– utilização de alternativas terapêuticas mais precisas e menos invasivas;

– tratamento oportuno e seguro dos pacientes diagnosticados com câncer e lesões precursoras;

– realização de tratamento dos casos raros ou muito raros em estabelecimentos de saúde de referência nacional;

– oferta de reabilitação e de cuidados paliativos para os casos que os exijam;

– oferta de terapia nutricional especializada para a manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente que dela necessite; e

– elaboração de diretrizes para garantia de abastecimento de medicamentos oncológicos essenciais.

Cuidados paliativos
Sobre os cuidados paliativos, aplicados aos pacientes terminais, o texto determina que estejam disponíveis em todos os níveis de atenção à saúde, segundo princípios como: alívio da dor e de outros sintomas; reafirmação da vida e da morte como processos naturais; e abordagem interdisciplinar clínica e psicossocial dos pacientes e suas famílias, incluindo aconselhamento e suporte ao luto.

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Reportagem – Eduardo Piovesan e Carol Siqueira
Edição – Pierre Triboli

Fonte: Câmara dos Deputados

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Governo Lula cede à pressão e revoga norma de monitoramento do Pix

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O governo federal anunciou, nesta terça-feira (15), a revogação da norma da Receita Federal que ampliava o monitoramento das movimentações financeiras, incluindo transações realizadas via Pix. A decisão foi confirmada pelo secretário da Receita, Robison Barreirinhas, após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto.

A medida, que inicialmente previa que operadoras de cartões de crédito, fintechs e carteiras digitais informassem à Receita transações acima de R$ 5 mil mensais realizadas por pessoas físicas, gerou uma onda de críticas e pânico na população. Essa ampliação do monitoramento, que antes era restrito aos bancos tradicionais, foi vista como uma ameaça à privacidade financeira e desencadeou reações negativas em massa, especialmente nas redes sociais.

Sensação de insegurança e repercussão negativa

Segundo Barreirinhas, a norma foi alvo de distorções que acabaram gerando um clima de insegurança. Para evitar maiores danos, o governo optou por revogar a medida. “Houve um grande mal-entendido que prejudicou a confiança da população, algo que nunca foi a intenção da Receita Federal”, explicou o secretário.

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Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo editará uma medida provisória (MP) com o objetivo de assegurar a gratuidade e o sigilo do Pix. “Queremos garantir que o Pix continue sendo um instrumento acessível e confiável, sem qualquer tipo de taxação ou diferenciação de taxas em relação a pagamentos em dinheiro”, afirmou Haddad.

Fake news e manipulação política

A decisão também foi motivada pela disseminação de informações falsas que alimentaram a desconfiança pública. Um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) alertando para uma suposta taxação futura do Pix viralizou nas redes sociais, pressionando ainda mais o governo. Haddad criticou a postura de políticos que, segundo ele, agiram de forma irresponsável para manipular a opinião pública e ampliar a insatisfação.

Compromisso com transparência

Apesar da revogação, Haddad reiterou que o governo continuará trabalhando para regulamentar o sistema financeiro, promovendo segurança e transparência, mas sem prejudicar trabalhadores informais ou pequenos empreendedores. “O governo está atento à necessidade de modernizar a regulamentação sem colocar em risco o bem-estar da população”, concluiu.

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A revogação da norma marca um recuo significativo do governo Lula, que decidiu agir rapidamente para conter os danos políticos e restaurar a confiança pública em um dos sistemas financeiros mais utilizados e valorizados pelos brasileiros.

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