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Comissão pede proteção à pesquisadora da USP após ataques

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A Comissão Arns enviou um ofício ao reitor da Universidade de São Paulo (USP) solicitando medidas de proteção à antropóloga, pesquisadora e docente Francirosy Campos Barbosa, do campus de Ribeirão Preto.

A professora recebeu diversas ameaças e ataques após se posicionar em defesa do povo palestino, no contexto dos confrontos travados na Faixa de Gaza.

Os atos de hostilidade começaram depois que o veículo Poder 360 publicou matéria, em 13 de outubro, deixando em evidência postagens da docente. O título atribuído ao texto foi “Professora que integrou grupo do governo comemorou ataque do Hamas”.

“Reafirmamos o importante papel da universidade para a defesa dos princípios constitucionais que regem o ensino, como a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber, o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas”, diz o documento da Comissão Arns.

Em entrevista à Agência Brasil, a professora universitária informou que jamais seria a favor da atuação do Hamas e que se opõe, na realidade, à forma como Israel se impõe e viola os direitos dos palestinos há décadas. Ela relatou que, desde adolescente, defende a causa dos palestinos, com postagens em que resgata a história do Estado de Israel e se pronuncia contra a islamofobia e o antissemitismo.

Ela ainda negou ter integrado o governo federal, ao contrário do que teria dito a reportagem. Francirosy afirmou ter somente feito parte de um grupo de trabalho com especialistas da sociedade civil em determinado período.

Histórico de ataques e medo

Esta não foi a primeira vez que Francirosy é alvo de agressões na internet. Ela lembra que, já em 2016, se tornou uma vítima desse tipo de investida e que agora resolveu fechar sua conta no X (novo nome do Twitter), no Facebook e no Instagram para evitar passar pela situação novamente.

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Segundo a docente, que é muçulmana e uma das autoridades em islamofobia, as mensagens que chegaram pelas redes sociais e por email foram escritas por perfis em que os usuários são identificados com seus nomes reais e continham inúmeros xingamentos, tanto de teor político, como “esquerdopata”, como misóginos, a exemplo de “vagabunda”. Em uma das mensagens, diziam algo como “Vamos acabar com você também, você vai ser a próxima”.

A pesquisadora não quis registrar queixa à polícia, por causa da angústia que sentiu em episódios anteriores. Ao invés de recorrer às autoridades policiais, preferiu apenas comunicar o ocorrido à USP, que respondeu não ter condições de oferecer segurança individualizada durante as aulas. A gestão da universidade informou que a guarda que faz a vigilância do campus é empregada somente na preservação de patrimônio.

“Eu fiquei bastante receosa, porque teve um colega meu que teve o telefone divulgado”, disse à reportagem, acrescentando que, depois que o caso estourou, soube de colegas de trabalho que também têm sido hostilizados após expressar apoio à Palestina.

“A gente não tem controle sobre a maldade alheia, sobre a visibilidade. Eu não tinha dimensão do quanto essa matéria teria um efeito na cidade onde trabalho, no meu departamento”, relatou Francirosy, que coordena o Grupo de Antropologia em Contextos Islâmicos e Árabes (Gracias), responsável por produzir o primeiro relatório sobre islamofobia no Brasil.

Com a repercussão do caso, a pesquisadora decidiu se manifestar através de um texto no Jornal da USP. Na publicação, a professora reafirma que classifica o ataque de Hamas, em 7 de outubro, como algo absurdo, “que levou à morte vários cidadãos civis”. Ela também destaca que o Poder 360 deu a ela um prazo de uma hora para rebater questionamentos feitos sobre suas postagens relacionadas ao conflito, prazo que ela conseguiu cumprir.

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Comissão Arns

Criada em fevereiro de 2019, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns busca dar visibilidade e acolhimento institucional a graves violações da integridade física, da liberdade e da dignidade humana, especialmente as cometidas por agentes do Estado contra pessoas e populações discriminadas – como negros, indígenas, quilombolas, pessoas LGBTQIA+, mulheres, jovens, comunidades urbanas ou rurais em situação de extrema pobreza.

A organização da sociedade civil é composta por juristas, intelectuais, jornalistas, ativistas e voluntários na defesa dos direitos humanos. A Comissão Arns trabalha em rede com outras organizações sociais para detectar casos, dar suporte à denúncia pública deles, encaminhá-los aos órgãos do Judiciário e organismos internacionais, promover ações específicas junto à classe política, além de mobilizar a sociedade. 

A comissão leva o nome da cardeal dom Paulo Evaristo Arns (1921-2016), arcebispo emérito de São Paulo. Em 1972, dom Paulo criou a Comissão de Justiça e Paz de São Paulo para acolher vítimas da repressão política e policial no país, durante a ditadura militar. 

A Agência Brasil procurou a redação do Poder 360 e a USP, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

Fonte: EBC GERAL

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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas

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A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.

Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.

Críticas e denúncias

No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.

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“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.

A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.

Impacto na cidade

Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.

Custos e processo de construção

O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.

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Notas da Prefeitura

Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.

A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.

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