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Ações e debates marcam comemorações do Dia da Favela

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O sambista Arlindo Cruz é o principal homenageado da 16ª edição do Dia da Favela, comemorado nesta sexta-feira (4). Segundo a Central Única das Favelas (Cufa), ao tratar da favela nas suas composições, Arlindo Cruz sempre fez questão de valorizar o lugar de onde veio.

Foi em um dia 4 de novembro, que a palavra favela apareceu em um documento oficial. Quem o redigiu foi o então delegado da 10ª Circunscrição e chefe da Polícia da época, Enéas Galvão, em 1900, que assim se referiu ao Morro da Providência, região central do Rio. Hoje a Providência é considerada a primeira favela do Brasil. Foi para lá que se dirigiram os soldados que lutaram na Guerra de Canudos (1896-1897), na Bahia. Eles chegaram com os corpos manchados pela planta favela, muito comum no sertão nordestino, e assim passaram a ser conhecidos como favelados.

A data entrou para o calendário oficial de eventos no município de São Paulo, em 2015, com a inclusão de um parágrafo na Lei 14.485, proposta pelo então vereador Netinho de Paula. Já no Rio de Janeiro, o Dia da Favela é lei desde 2006, proposta pelo então vereador Edson Santos. No estado do Rio, tornou-se lei em 2019, proposta pela deputada estadual Martha Rocha.

A programação de comemoração do Dia da Favela é extensa. Entre as atividades agendadas estão shows de cantores e compositores como Dudu Nobre e Leci Brandão e plantio de 20 mudas de favela, no Complexo do Alemão. Em uma parceria da Favela Holding com o Instituto Locomotiva, o Instituto Data Favela prepara uma grande pesquisa para reforçar as discussões sobre a data, com foco nas conquistas, transformações e reflexões ocorridas.

Na Paraíba, a agenda inclui uma série de atividades e vai terminar com o grande baile Favela Geral, na comunidade São José, uma das mais importantes de João Pessoa, onde moram 14 mil famílias. A copresidente da Cufa no estado, Kalyne Lima destacou que a programação nesses territórios se espalha por diversas regiões do Brasil.

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“As manifestações estão sendo realizadas no país inteiro em aproximadamente 5 mil favelas. A agenda já ultrapassou o perímetro da Central Única das Favelas e hoje é uma data comemorada, inclusive, por outras organizações do movimento negro e coletivos de artistas. As pessoas vão se apropriando dessa data e também assumindo ações em seus territórios”, disse Kalyne à Agência Brasil. Na Paraíba, a data virou lei este ano.

No Rio, a Secretaria de Estado de Ação Comunitária e Juventude desenvolve ações para homenagear personalidades que têm história e representatividade nas comunidades. No Jacarezinho, zona norte da cidade, a sala de cinema do Centro de Referência da Juventude receberá o nome do sambista e compositor Barbeirinho, que morreu em 2017. Também serão homenageados William Reis, coordenador do AfroReggae, Rene Silva, fundador do jornal Voz das Comunidades, e Camila Moradia, fundadora do coletivo Mulheres em Ação do Alemão.

“A gente está aqui para mostrar nossa resistência, nossa força, nossa insistência para provar que favelado não é bandido. Somos trabalhadores, somos pessoas que estão na luta diariamente pelo futuro do nosso país através de nossas ações e atitudes”, disse Rene Silva à Agência Brasil.

Ainda na programação está prevista a exibição do documentário De fazenda para bairro: Jacarezinho e sua história, além de apresentações artísticas, entre as quais as de grupos de passinho. Alunos dos projetos Ativa Idade e Envelhecimento Ativo poderão participar de um aulão de ginástica promovido pela Secretaria de Estado de Envelhecimento Saudável, em parceria com o programa Cidade Integrada.

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“O governo do Estado tem trabalhado para que as comunidades se tornem cada vez mais sustentáveis e empreendedoras com ações efetivas em políticas públicas de curto, médio e longo prazo”, disse o governador Cláudio Castro.

Reflexão

Para a Cufa, mais do que comemoração, além do destaque da representatividade, da resiliência e da potência, presentes nestes territórios, o dia traz reflexão sobre os problemas que existem nas favelas “e o descaso e a negligência históricos demandados a esses lugares e seus moradores”. Nesta sexta-feira, os problemas dessas localidades foram tema de debates, palestras e shows em favelas de todo o Brasil, promovidos por diversas instituições que atuam nestes locais.

Para a rapper Nega Gizza, produtora de eventos em favelas e fundadora da Cufa, a data de hoje é para ser comemorada, sobretudo nas manifestações naturais das comunidades. “Não devemos comemorar a existência das favelas, mas devemos, sim, celebrar as mais diversas manifestações culturais, artísticas, sociais, de honestidade, de solidariedade, que existem e são marca das pessoas que vivem nestes lugares. Isso, sim, precisa ser celebrado e festejado. A ideia é comemorar a resiliência, a força, a autenticidade, e a agenda positiva tão presente nesses territórios”, observou.

O presidente nacional da Cufa, Preto Zezé, disse que 4 de novembro é dia de celebrar a força, a dignidade, a resiliência, a luta e as conquistas da favela. Um exemplo disso foi a forma como os moradores desses territórios enfrentaram a pandemia de covid-19. “A favela tem uma enorme contribuição para a existência e desenvolvimento deste país. Foi o território que mais sofreu na pandemia, mas foi quem foi para a rua fazer os serviços que contribuíram para o asfalto permanecer em home office, evitando um caos maior”, afirmou.

Edição: Nádia Franco

Fonte: EBC Geral

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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas

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A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.

Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.

Críticas e denúncias

No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.

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“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.

A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.

Impacto na cidade

Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.

Custos e processo de construção

O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.

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Notas da Prefeitura

Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.

A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.

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