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Bidú Sayão foi uma desbravadora, diz Edson Cordeiro
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Erudito, popular, versátil. O cantor brasileiro Edson Cordeiro, de 55 anos, aclamado pela crítica mundial, entende que Bidú Sayão (nascida há 120 anos) deve servir de inspiração para artistas brasileiros. “Nós deveríamos sentir sempre muito orgulho desses cantores desbravadores. Porque ela estava sozinha como uma cantora brasileira levando e cantando a música”, afirmou em entrevista exclusiva à Agência Brasil.
Edson Cordeiro vive na Alemanha há 15 anos e testemunha que é esperado que os artistas rodem o mundo com seu talento. “A gente tem que agradecer artistas como a Bidú Sayão, o Tom Jobim… esses artistas que levam o Brasil para o exterior. Eles são realmente nossos embaixadores”. Leia a entrevista:
Agência Brasil – Qual a importância da Bidú Sayão para a carreira de um cantor lírico?
Edson Cordeiro – A importância da cantora brasileira Bidu Sayão não se restringe apenas às pessoas que fazem música erudita. Eu acho que a influência dela está pra todos nós que trabalhamos com música popular também. Importante para todos os tipos de música porque nós que somos brasileiros temos que conhecer os nomes, as pessoas importantes da nossa música, da nossa arte que levaram o nome do Brasil com a sua voz para os teatros mais importantes do mundo com grande prestígio, sendo aplaudida pelo mundo inteiro. Então eu acho que a importância da vida de Bidú Sayão não é só pro cantor lírico, é pra todos nós que fazemos todos os tipos de música de arte no Brasil.
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Ouça reportagem com entrevista de Edson Cordeiro na Radioagência Nacional
Agência Brasil – E para você, de que forma a memória dela te inspirou e te inspira?
Edson Cordeiro – Eu que pesquiso voz, adoro cantoras, né? Eu estou sempre pesquisando. Desde muito tempo, eu ouço falar de Bidú Sayão porque se você gosta de música erudita e se você canta clássicos também você vai se deparar com a artista.
Então esse é um privilégio que a música nos dá. Conhecer mundos, conhecer pessoas, artistas que a gente pode influenciar e mudar a vida da gente. Quando eu ouvi a voz da Bidú pela primeira vez, eu fiquei completamente encantado com a elegância, com a musicalidade, com a entrega para o papel que ela tem para a personagem. A Bidú Sayão é obrigatória se você faz canto, se você estuda música. É um encontro que tem que acontecer. Para você poder entender melhor, até mesmo o que o compositor pediu. A Bidú tinha esse poder. Ela cantava com respeito ao estilo do compositor. Ela sempre mudava completamente para agradar a música e o compositor. Isso é uma coisa que ela ensina. Nesse canto maravilhoso que ela tem.
Agência Brasil – A Bidú chegou a ser criticada por fazer a vida fora do país, e chamada de antipatriótica. Você também vive fora do Brasil. O nosso país acolhe menos a arte do cantor lírico?
Edson Cordeiro – É interessante imaginar que ela foi criticada por ter saído do Brasil e ter sido chamada de antipatriótica. É quase engraçado porque, na verdade, eu vivo aqui na Alemanha e vejo que os cantores que cantam ópera aqui, raramente, eles são alemães. Eles são cantores dos Estados Unidos, do Japão, de todos os dos lugares do mundo. Por todos os lugares, a gente viaja. A Amália Rodrigues sofreu da mesma crítica quando ela levou o fado pra fora de Portugal. Talvez a gente tenha esses ciúmes dos nossos artistas. Eu não sei o que seria isso. Mas a Bidú Sayão, muito pelo contrário, levou o Brasil para fora. Ela sempre fez questão de levar o nome da cantora brasileira, entendeu? Nós deveríamos sentir sempre muito orgulho desses cantores desbravadores porque ela estava sozinha como uma cantora brasileira levando cantando a música. A ópera é um lugar que não não existe pátria. A ópera abriu mais a multiculturalidade. A gente tem que agradecer Tom Jobim, esses artistas que levam o Brasil para fora com tanta dificuldade. Eles são realmente os nossos embaixadores. E eu, na verdade, tenho uma situação bem diferente. Eu sou um cantor popular e eu estou aqui com todo o meu reconhecimento. Tudo o que eu conquistei foi no Brasil. Só estou na Alemanha porque o Brasil disse sim pra mim antes. A minha carreira é o meu público brasileiro. Eu estou sempre no Brasil fazendo shows. Antes da pandemia, eu ia com mais frequência. Bidú teria que ir pra Europa. Ela teria que viajar pra cantar porque eu vejo que isso acontece com todos os cantores líricos.
Ouça playlist da Rádio MEC com Bidú Sayão
Confira entrevista exclusiva do Acervo da Rádio MEC
Edição: Alessandra Esteves


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Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas
A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.
Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.
Críticas e denúncias
No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.
“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.
A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.
Impacto na cidade
Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.
Custos e processo de construção
O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.
Notas da Prefeitura
Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.
A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.
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